Atividades lúdicas como estratégia de humanização do cuidado ao paciente oncológico pediátrico.
Proposta de Intervenção – Atividades lúdicas como estratégia de humanização do cuidado ao paciente oncológico pediátrico.
Proposta apresentada à disciplina “Humanização dos Cuidados em Saúde” do Programa de Pós-Graduação em Ensino em Saúde – Mestrado Profissional da Faculdade de Medicina de Marília (Famema), ministrada pelas docentes Profª Danielle Abdel Massih Pio e Profª Drª Magali Aparecida Alves de Moraes.
Autores:
Glaucia Dellaqua Crepaldi (1)
Isabella Bazzo Santili (2)
Vitória Ribeiro Zonta (3)
Com a necessidade da oferta do cuidado integral ao paciente foi criada a Política Nacional de Humanização (PNH), a qual conceitua Humanização como sendo a inclusão das diferenças nos processos de gestão de cuidado. Tais mudanças são construídas não por uma pessoa ou grupo isolado, mas de forma coletiva e compartilhada (2).
Ainda em relação ao documento principal dessa Política, temos Diretrizes como por exemplo: a Clínica Ampliada, que visa a produção de cuidado interdisciplinar de forma a ajudar pessoas, para além do combate as doenças; e o acolhimento compreendendo a escuta do usuário em suas queixas, no reconhecimento do seu protagonismo no processo de saúde e adoecimento e na responsabilização pela resolução (2).
Este estudo tem como objetivo compreender e reforçar a importância da prática da humanização em cuidado, com pacientes oncológicos pediátricos abrangendo a faixa etária de 5 a 14 anos.
O serviço a ser abordado será o Ambulatório de Oncologia e Hematologia Pediátrico do Hemocentro – HC FAMEMA, em Marília SP. O qual tem atendimento de segunda a sexta-feira, com o acompanhamento de aproximadamente 12 pacientes em tratamento e 20 pacientes fora de tratamento de patologias oncológicas.
A estratégia de ação será estruturada em quatro fases. A primeira fase compreenderá uma reunião com todos os profissionais do setor, visando a estruturação do projeto e estabelecendo a Psicóloga e a Professora da classe hospitalar como mediadoras para a aplicação da ação. A segunda fase constituirá na aplicação lúdica por meio de desenhos, a respeito da perspectiva de pensamento do paciente perante ao tratamento, buscando identificar dúvidas, medos, possível vínculo afetivo com os profissionais e familiares, visão da autoimagem, pontos positivos e negativos provenientes do setor e tratamento, entre outros sentimentos e fatores que possam surgir.
Na terceira fase a equipe multiprofissional se reunirá novamente, objetivando analisar, interpretar e discutir o entendimento gerado a partir dos desenhos coletados, visando a elaboração de uma estratégia de ação. Na quarta e última fase serão desenvolvidas as ações com base na identificação prévia dos principais pontos que podem ser melhorados, buscando a ampliação da humanização neste cenário de atuação. Esperamos que alguns dos pontos que possam surgir são:
• alterações da autoimagem e da autoestima por se sentirem “feios”, diferentes dos amigos (1, 4);
• medo de perder o controle e integridade física (1, 4);
• sentimento de impotência, insegurança, ansiedade e sofrimento (1, 4);
• perda da autoconfiança e da autonomia (1, 4);
• alteração da rotina; dificuldade de enfrentamento; isolamento social (1, 4).
Como estratégias de sensibilização e suporte emocional a serem propostas frente ao anteriormente exposto, poderão ser desenvolvidas atividades lúdicas, já utilizadas em outras instituições, como por exemplo:
• hospital do ursinho – utilização de ursos de pelúcia para demonstração de procedimentos realizados no paciente (3);
• óculos de realidade virtual – utilizado durante a coleta de exames e outros procedimentos invasivos (5).
• Buzzy – compressa de gelo em formato lúdico de “abelha”, para alívio de dor e ansiedade, pré procedimentos de punção (7);
• Utilização de brinquedos como: bonecas e super-heróis, utilizando lenços e dispositivos (SNE/ Port-a-Cath/ PICC) (6).
A partir da implementação desse projeto, espera-se alcançar mudanças positivas no enfrentamento do processo de saúde-doença e tratamento dos pacientes em questão.
Desse modo, será ampliada a humanização do cuidar pela equipe multiprofissional, reduzindo traumas e impactos negativos, estimulando assim o vínculo de confiança e afeto entre todos os envolvidos, atingindo o objetivo almejado (8).
REFERÊNCIAS
1. ANDERS, J. C.; LIMA, R. A. G. D. Crescer como transplantado de medula óssea: repercussões na qualidade de vida de crianças e adolescentes. Rev. Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 12, n. 6, p. 866-874, 2004. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rlae/a/NVYKCFZkp5TZwTTzxwMVLcH/. Acesso em: 15 mar. 2024.
2. BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Humaniza SUS: Política Nacional de Humanização. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_humanizacao_pnh_folheto.pdf. Acesso em: 15 mar. 2024.
3. BUITRAGO, G. R. R. et al. Hospital do ursinho de Brasília: uma missão social. Rev. Participação, Brasília, v. 1, n. 33, p. 111–119, 2020. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/participacao/article/view/22855/26001. Acesso em: 15 mar. 2024.
4. COSTA, V.C. et al. Percepção do Adolescente frente à sua Condição de Adoecimento Oncológico. Rev. Bras. Cancerol., Rio de Janeiro, v. 67, n. 4, p. e-211672 , 2021. doi: https://doi.org/10.32635/2176-9745.RBC.2021v67n4.1672. Disponível em: https://rbc.inca.gov.br/index.php/revista/article/view/1672/1548. Acesso em: 15 mar. 2024.
5. HOSPITAL PEQUENO PRÍNCIPE. Óculos de realidade virtual colaboram no combate da dor. Curitiba. Hospital Pequeno Príncipe, 2022. Disponível em: https://pequenoprincipe.org.br/noticia/oculos-realidade-virtual-colaboram-combate-dor/. Acesso em: 15 mar. 2024.
6. HOSPITAL SABARÁ. Brinquedo terapêutico: viver o brincar dentro do Hospital. São Paulo. Hospital Sabará, 2023. Disponível em: https://www.hospitalinfantilsabara.org.br/brinquedo-terapeutico-viver-o-brincar-dentro-hospital/. Acesso em: 15 mar. 2024.
7. HOSPITAL SÍRIO-LIBANÊS. Centro de Imunização. São Paulo. Hospital Sírio-Libanês, 2024. Disponível em: https://hospitalsiriolibanes.org.br/centro-de-imunizacao/. Acesso em: 15 mar. 2024.
8. SILVA, R. N. M. et al. Humanização da assistência de enfermagem frente ao paciente oncológico pediátrico. Rev. Interdisciplinar em Saúde, Cajazeiros, v. 8, n. 1, p. 558-569, 2021. DOI: 10.35621/23587490.v8.n1.p558-569. Disponível em: https://www.interdisciplinaremsaude.com.br/Volume_29/Trabalho_43_2021.pdf. Acesso em: 15 mar. 2024.
CREDENCIAIS
(1) Aluna regular do Programa de Pós-Graduação em Ensino em Saúde – Mestrado Profissional da Famema, profissão: Médica.
(2) Aluna especial da disciplina “Humanização dos Cuidados em Saúde” do Programa de Pós-Graduação em Ensino em Saúde – Mestrado Profissional da Famema, profissão: Médica.
(3) Aluna especial da disciplina “Humanização dos Cuidados em Saúde” do Programa de Pós-Graduação em Ensino em Saúde – Mestrado Profissional da Famema, profissão: Enfermeira.
Por Julie Munhoz Teles
Parabéns pela proposta de intervenção, ainda mais para pacientes oncológicos pediátricos sensibilizados durante o processo de tratamento, deixando esses momentos de procedimentos um pouco mais lúdico e menos dolorido. AbraSUS!