Benefícios do contato com a natureza para a saúde dos estudantes médicos

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No início da graduação médica, os Facilitadores do Programa de Aproximação Progressiva à Prática, da Universidade do Oeste Paulista (PAPP/FAMEPP/UNOESTE), são estimulados, nas Reuniões de Educação Permanente (E.Ps.), a entender que “a compreensão dos acadêmicos sobre saúde e doença depende de seus conhecimentos e experiências prévias”, além do grau de contato com a prática médica e com a realidade que envolve esse tema.
Nas atividades de “E.P.” os Coordenadores do PAPP tentaram ampliar o “olhar” dos Facilitadores para um certo “esfriamento” na relação médico-paciente e uma postura de maior “desconfiança” em relação aos “usuários do SUS”, que ocorre com o passar do tempo, na graduação médica.
Os estudantes são estimulados a “colocarem em prática” os “Princípios da Política Nacional de Humanização” (PNH), no desenvolvimento dos “Planos de Ação”, nas Estratégias Saúde da Família (ESFs), a partir da utilização da Metodologia Ativa da Problematização. Facilitadores perceberam que os “futuros médicos” têm o conhecimento de uma visão mais global e humana dos usuários SUS, mas relataram, nos “portifólios reflexivos” a dificuldade de colocá-la em prática.
Existe uma Psicóloga, no “Programa de Comunicação em Saúde, do Curso Médico” da UNOESTE, que foi convidada a participar de uma E.P. do PAPP. A Profissional observou que esse problema pode estar vinculado ao fato de os estudantes terem dificuldade de entrar em contato com os aspectos emocionais, que podem ser despertados na relação entre a equipe e o usuário do SUS.
Os docentes foram para a busca, em referências especializadas, após a criação de “questões de aprendizagem”, utilizando também, a Metodologia Ativa da “Problematização”, na “E.P.”.
Após a busca, uma das Facilitadoras considerou que, para o autor “Canguilhem”, a deficiência de saúde ou a doença podem estar relacionadas à “restrição da margem de segurança”, ou seja, a “uma limitação do poder de tolerância e compensação às agressões do meio ambiente”. Dessa maneira, para esse autor, a Saúde pode ser interpretada como a “possibilidade de enfrentar novas situações” e à “capacidade de instaurar novas normas em situações adversas”. Desse maneira, a doença seria “uma nova dimensão da vida”.
Coordenadores consideraram que, no processo de formação do estudante de Medicina, existem momentos críticos, que podem gerar estresse, além de grandes impactos emocionais. Quando o estudante entra na faculdade, os anos iniciais, antes, em um passado recente, eram distantes da aplicação clínica. Na atualidade, o Programa de Aproximação Progressiva à Prática, na UNOESTE, insere o estudante médico, desde o termo 1, em oito ESFs, localizadas nos municípios de Presidente Prudente e Álvares Machado. Esse acadêmico passa a fazer parte das equipes interprofissionais, nas ESFs, graças a uma parceria entre Academia e Serviço (UNOESTE e Secretarias Municipais de Saúde).
Os contatos dos aprendizes com o “cadáver e com a morte”, na disciplina de Anatomia também podem ser fatores que podem gerar estresse nos futuros Profissionais de Saúde.
Nas ESFs, as entrevistas com os primeiros usuários SUS e o contato com o sofrimento, nas Visitas Domiciliares, precisa ser abordado pelo Facilitador. O docente faz essa aproximação, criando relações de respeito e confiança com os acadêmicos médicos, com a ajuda dos Portifólios Reflexivos.
Facilitadores consideraram, na E.P., que as respostas para muitos problemas de estresse dos acadêmicos pode estar no contato com a natureza. A partir da busca em alguns estudos, conduzidos pela Universidade de Michigan, docentes descobriram que, os pesquisadores de lá, ao realizarem breves testes de memorização com dois grupos de estudantes, na sequência, encaminharam um deles para uma simples “caminhada”, em regiões arborizadas, enquanto o outro grupo deu um passeio por uma área urbana. Ao retornarem, o mesmo teste de memória foi aplicado novamente. O grupo que teve contato com a natureza mostrou um incremento de 20% na eficácia da prova, enquanto o “time urbano” não apresentou melhoras significativas.
Docentes do PAPP/UNOESTE constataram, analisando outros estudos, que esse “tempo na natureza” não precisa ser diário. Professores citaram também, um estudo publicado pela revista “Nature” em 2016, apontando que a quantidade de tempo na natureza é muito importante. De acordo com o estudo citado, cerca de 7% dos casos de depressão e 9% dos casos de hipertensão arterial poderiam ser prevenidos com a visita semanal a espaços de natureza por ao menos 30 minutos.
A partir desses estudos, alguns professores do PAPP estimulam a construção de Planos de Ação, com foco na “Construção de Ambientes Saudáveis” e realização de Visitas Domiciliares (VDs) para moradores da zona rural, no município de Presidente Prudente, no interior de SP. Os Facilitadores, após as VDs que ocorreram na zona rural, levaram alguns estudantes para uma vivência, em uma plantação de frutas (“manga”). O objetivo era o de fazer os acadêmicos entrarem em contato com a “natureza”.
Os acadêmicos elogiaram muito a “experiência” e relataram, nos Portifólios Reflexivos, que “estão ansiosos para o retorno às atividades de lazer, ligadas às VDs Rurais.

Referências:
Hartig, T., Mitchell, R., de Vries, S. & Frumkin, H. Nature and Health. Annual Review of Public Health 35, 207–228 (2014).

O Significado de Saúde e Doença para o Aluno de Medicina ao longo da Graduação: Estudo Exploratório entre Alunos da Unifesp-EPM.
Disponível em:
https://www.google.com/url?sa=t&source=web&rct=j&url=https://www.scielo.br/j/rbem/a/hzb8ccZD6dZXTDLYHfg6SkK/%3Flang%3Dpt&ved=2ahUKEwjVz7q11Mr0AhVnqZUCHdZMD_YQFnoECBEQAQ&usg=AOvVaw35pm0JR3qBY8gT__lg7xev
Acesso em 06 12 2021, às 20h 35min.