Carta para um ‘Desconhecido’ com mensagem motivadoras para seu colega de enfermarias
“Olá, sei que não nos conhecemos, mas sei como é difícil ficar em um hospital. Muitas vezes, sentimos dores, sentimos a falta da nossa família. Mas sei que logo, logo, tudo vai passar e estaremos em nossa casa, junto com a nossa família”, escreveu um desconhecido. As palavras de encorajamento para quem está em um leito hospitalar, também partiu de um paciente, que vive os mesmos desafios de quem, por alguma circunstância, teve de interromper as suas atividades diárias, para fazer tratamento de saúde.
A troca de mensagens entre os autores anônimos faz parte de uma iniciativa do Hospital Público Estadual Galileu (HPEG), na Grande Belém, que estimula a leitura e a escrita como terapia mental para pacientes internados na unidade. O Projeto ‘Carta para o desconhecido’, foi criado para o fortalecimento e proteção da saúde mental dos pacientes da unidade.
Na ação, implantada pelo setor de Humanização do Galileu, enfermeiros, técnicos, psicólogos e o serviço social percorrem as enfermarias da unidade colhendo as cartas. No segundo momento, a equipe faz a entrega das correspondências, aleatoriamente, a outros pacientes hospitalizados.
“Existem várias formas de estimular a mente, como escrever e ler. Além disso, receber uma mensagem de apoio de um desconhecido, o qual está passando pelas mesmas circunstâncias que você, é no mínimo encorajador. E o projeto fala sobre isso: a abertura do diálogo entre as pessoas, o encorajamento mútuo e o principal: a mensagem de que tem alguém para contar nos momentos de dificuldades”, detalhou a enfermeira Anny Segóvia, coordenadora de Humanização do Galileu.
Emoção – Com o punho direito fraturado, há 10 dias, Ana Maria, de 40 anos, está hospitalizada na unidade. Ao saber do Projeto, faz questão de estimular e passar uma mensagem encorajadora a outro paciente. “A gente que fica no hospital, fica longe da família, dos amigos, é um momento difícil. E escrever e receber uma mensagem de incentivo é muito bom, fazendo com que nos sintamos melhor, acolhido”, disse.
A aposentada Maria das Graças Gonçalves, 67 anos, moradora de Ananindeua, observa como é importante a inciativa. “Enviar e receber uma carta é algo antigo, mas que ainda mexe com as nossas emoções. Receber uma mensagem, uma palavra amiga. Isso nos deixa alegre”, acredita.
Com a perna direita fraturada, o paciente José Antônio Vilhena, está há quase dois meses na unidade e agradece a toda a equipe. “Já passei por duas cirurgias. Na primeira, o meu corpo rejeitou o aparelho. Esse projeto é muito especial. Ele reflete o cuidado e o carinho com que somos tratados no Hospital Galileu. A equipe é humanizada, nos acolhe e faz de tudo para tornar esse momento menos sofrido”, parabenizou.
ATENDIMENTOS – O Hospital Galileu é uma unidade pública, do Governo do Estado, gerenciado pelo Instituto Social e Ambiental da Amazônia (ISSAA), em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). A unidade é referência na rede de saúde, em atendimentos de traumatologia e alongamento ósseo.
“Temos um número significativo de pacientes de longa permanência na unidade. Pois realizamos procedimentos cirúrgicos, que, muitas vezes, devem ser estendidos por outros para a finalização do tratamento. Diante a esta situação, a unidade vem desempenhando um trabalho humanizado e um tratamento holístico, onde não é apenas o corpo que é tratado, mas também a mente, as emoções”, frisa Alexandre Reis, diretor executivo do Galileu.
TERAPIAS – A psicóloga clínica e hospitalar, Aline Pereira, acredita que as ações voltadas à saúde mental, devem fazer parte da grade de projetos de todas as unidades hospitalares. “O profissional de saúde deve ser um agente motivador para reforçar o cuidado com a saúde mental, principalmente, neste período de pandemia, em que sentimentos frequentes de tristeza, depressão, ansiedade e nervosismo passaram a ser frequentes”, observa a especialista.
A psicóloga também explica que ‘estar hospitalizado’, é um fator estressante, e que projetos que estimulem as emoções, mudam o conceito de sofrimento e dor. “No contexto hospitalar, é possível desenvolver várias atividades para tirar o foco da hospitalização. Essas são atividades dinâmicas e de interação, ajudam a enfrentar esse momento”, considerou
Por Emilia Alves de Sousa
Excelente iniciativa de acolhimento e de fortalecimento do protagonismo e do diálogo entre os pacientes e profissionais.
Parabéns para o coletivo envolvido!