Trabalho realizado na disciplina Humanização da Saúde, do Mestrado Profissional de Ensino na Saúde, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Alagoas (MPES-FAMED-UFAL).
Autoria:
Bruna de Sá Duarte Auto – Média da Maternidade Santa Mônica.
Maria Dirlene Alves Ferreira – Médica do Hospital Universitário.
Márcia de Moraes Arruda – Assistente Social da Secretaria Municipal de Saúde.
Estudantes do mestrado Profissional de ensino na Saúde.
Sérgio Seiji Aragaki (coord. da disciplina) – MPES-FAMED-UFAL
Cristina Camelo de Azevedo (coord. da disciplina) – MPES-FAMED-UFAL.
Falar em clínica ampliada, nos remete em primeira instância a um modelo de cuidado onde o direcionamento da assistência ofertada ao usuário está para além da percepção pessoal do profissional que o acolhe. É um modelo que vem diluir a idéia de que o profissional terá sempre a razão em detrimento do saber e do desejo do sujeito que está essencialmente implicado na relação.
No Seminário da disciplina de Humanização, a abordagem do tema foi feita de forma dinâmica, onde inicialmente a turma foi dividida em pequenos grupos para discussões de duas questões relacionadas ao tema e sua relação com a prática cotidiana. Em seguida, a discussão foi ampliada para o grande grupo.
Compartilhamos alguns casos reais, onde a implementação de ações pautadas na clínica ampliada aparece como grande desafio para as equipes envolvidas na resolutividade dos casos.
Foi ainda apresentado um outro caso onde aconteceu a construção de um Plano Terapêutico Singular, pela equipe de saúde envolvida no cuidado.
Para finalizar foram pontuadas algumas considerações teóricas sobre a Clínica Ampliada.
Dentre os pontos apresentados, refletimos sobre a sua definição que comporta:
Compreensão ampliada do processo saúde-doença
Construção compartilhada dos diagnósticos e terapêuticas
Ampliação do “objeto de trabalho”
A transformação dos “meios” ou instrumentos de trabalho
Suporte para os profissionais de saúde
Esses aspectos vem se constituir como um contraponto à noção de clínica praticada ainda em nossos dias:
Consultas direcionadas às doenças
Prescrição de remédio
Solicitação de exames
Fragmentação do paciente
As Estratégias que se apresentam para superação dessa clínica:
Acolher toda queixa ou relato do usuário mesmo quando aparentemente não interessar diretamente para o diagnóstico e tratamento.
Evitar o uso inadequado de medicações e exames.
Construir uma proposta terapêutica pactuada com o usuário e com a qual ele se corresponsabilize.
Ter cuidado com a linguagem utilizada pela equipe com o usuário.
Evitar a dependência de medicamentos é essencial. Aumentar o interesse e o gosto por outras coisas e novos projetos.
Construir práticas de saúde mais dialogadas, mais produtoras de autonomia.
Para que essa Clínica seja realmente ampliada se faz necessário uma equipe de Referência cuja composição seja multiprofissional, de caráter transdisciplinar, uma vez que favorece a troca de informações e a ampliação do compromisso dos profissionais com a produção de saúde, minimiza a falta de definição de responsabilidades, de vínculo terapêutico e de integralidade na atenção à saúde. É fundamental os arranjos transversais, no sentido de produzir e estimular padrões de relação que perpassem todos os trabalhadores e usuários.
O trabalho dessa equipe no cuidado do usuário estará pautado no Projeto Terapêutico Singular, que se constitui como um conjunto de propostas de condutas terapêuticas articuladas, para um sujeito individual ou coletivo, resultado da discussão coletiva de uma equipe interdisciplinar.
Todos esses conceitos ajudaram a visualizar didaticamente a que se propõe a Clínica Ampliada. Nas discussões percebemos o grande desafio que se constitui essa ampliação no cotidiano do fazer profissional e os casos sobre os quais refletimos contribuíram para a percepção de que, mesmo que todos os pontos apresentados não possam, ainda, serem seguidos da forma proposta, já se constitui um grande avanço quando o cuidado é compartilhado pelo menos com o usuário que traz a queixa, um cidadão de direitos, desejos e saberes.
Referêcia Bibliográfica:
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS. Clínica ampliada e compartilhada / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS. – Brasília : Ministério da Saúde, 2009. 64 p. : il. color. – (Série B. Textos Básicos de Saúde).
Por Emilia Alves de Sousa
Este é sem dúvida um dos maiores desafios da atenção em saúde com foco na humanização, uma atenção ampliada, que valorize a singularidade e o protagonismo do usuário e a interdisciplinaridade nas práticas de cuidado.
Valeu Marcia pela postagem com esse tema tão importante!
AbraSUS!
Emília