(con)vivências na e com a pandemia

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Ontem (26), tive a grata satisfação de participar da Tenda do Conto, na modalidade virtual, um espaço que compôs a Mostra da Atenção Básica  vinculada à 11ª Edição do Laboratório Ítalo-Brasileiro de Formação, Pesquisa e Práticas em Saúde Coletiva, intitulada “Vidas: (con)vivências na e com a pandemia.

Na tenda os participantes foram acolhidos de forma poética pelo artista popular cearense Elias Silva e pela cordelista paraibana Cristine Nobre, e na sequência foram convidados pela enfermeira Jacqueline Abrantes, criadora da tenda, para relatarem suas (com)vivências na com a pandemia. Foi um momento de revelações de histórias ricas de vivências, de reinvenções e de superações neste contexto pandêmico.

Além de Jacqueline Abrantes, Lourdes Freitas, criadoras da tenda, estiveram presentes: Patrícia Silva, Sérgio Aragaki, Gustavo Nunes, Rui Haraiama, Marcos Pires, Elias Silva, Cristine Nobre, Marco Silva, Maria Luiza Sardenberg, Raphael Trávia, Douglas Casarotto, Rejane Guedes, Erika Formiga, Daniel (Rede Unida), Valquiria Nogueira, Paula Ferreira, Mayra Gabriela, dentre outros.

No evento, envolvida pelo acolhimento da querida Jacqueline Abrantes e demais participantes, narrei a minha história de ansiedades, frustações, medos, perdas e de reinvenções de vida para a travessia desse cenário duro de pandemia.

Falar de (com)vivências na pandemia é falar de um turbilhão de sentimentos, sentimentos híbridos. Ao mesmo tempo que a pandemia produziu tensões, medos, sofrimentos, perdas, também produziu (re)invenções, ressignificação de vida para superação das dificuldades.

Por pertencer ao grupo de risco, eu fiquei isolada durante um ano e cinco meses, afastada do trabalho, da família e dos amigos. Tinha me programado para dar entrada na minha aposentadoria em 2020 e viajar em seguida para o exterior. Veio a pandemia sem pedir licença e roubou os meus planos de vida, frustrando os meus sonhos.

Os primeiros cinco meses foram difíceis, de muita ansiedade e tensões para mim. Depois disto, refleti o meu cotidiano e busquei ressignificar a minha vida, buscando outros modos possíveis de vivências, e assim me reconectei com sonhos antigos, antes não vividos por falta de tempo, e agora isolada, o tempo me sobrava. Exercitei minhas habilidades na arte do canto, do bordado, me dediquei a cursos de idiomas, participei de eventos virtuais no contexto da saúde, participei de dois grupos de apoio às pessoas em situação de vulnerabilidade, fortaleci as relações com familiares e amigos através das redes sociais, aprendi a usar os aplicativos para fazer compras e transações bancárias, coisas que eu não conseguia fazer antes, e por aí vai.

Compartilho aqui um poema que fiz, e que sintetiza um pouco o que vivi e estou vivendo nesta travessia difícil.

 

Viver a pandemia

quem imaginaria

um cenário de durezas

de transtornos e incertezas

lugar de sofrimento

mortes e distanciamento

planos de vida frustados

sonhos adiados

a vida quase  parou

o cenário desafiou

a buscar novas invenções

vidas em  conexões

mas nem tudo foi tensão

tristeza e frustação

A pandemia trouxe mudanças

outros modos de vivências

reconexões com sonhos antigos

sonhos ainda não vividos

ressignificação de vidas

novas línguas aprendidas

Nesta pandemia

quem diria

ganhei mais potência

aprendizados e experiência