Espetáculo: O Alienista (Mês da Luta Antimanicomial)

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O Alienista (contado pelos barbeiros)

O dia 18 de maio é conhecido como o Dia Nacional da Luta Antimanicomial, data que foi instaurada em 1987 na cidade de Bauru dando início a uma nova trajetória nos modos de se pensar a saúde mental e de se enxergar a loucura. No mês de maio diversos eventos e mobilizações são articulados visando a luta por uma sociedade sem manicômios, sem preconceitos ou qualquer tipo de segregação das pessoas com transtorno mental.

Finalizando a programação da Semana da Luta Antimanicomial da rede de atenção psicossocial (RAPS) de São Mateus, aconteceu no CEU São Rafael no dia 21/05 o espetáculo: O alienista (contado pelos barbeiros), estrelado pelo Teatro Cartum e inspirado na obra de Machado de Assis.

Conta a história de um médico renomado que decide dedicar-se para estudar a loucura […] estudará a loucura, classificará seus tipos – e é certo que descobrirá suas causas e o remédio universal […] (ASSIS, p.6, 1984) e decide criar um manicômio, intitulado de: A casa verde.

Nesse local, as pessoas consideradas fora do padrão da normalidade eram enclausuradas e reclusas do convívio com a sociedade, mas com o passar do tempo percebe-se que a maior parte da população da cidade está internada e inicia-se um debate sobre quem são os verdadeiros ‘’loucos’’.

A obra (publicada entre 1881 e 1882) e interpretada na peça realiza uma importante crítica ao paradigma psiquiátrico nos fazendo refletir as semelhanças que ainda vivenciamos nos tempos atuais em meio a um cenário preocupante e ameaçador dos avanços conquistados a partir da Reforma Psiquiátrica Brasileira (RPB).

As novas políticas públicas no âmbito da saúde mental voltam a fortalecer os hospitais psiquiátricos (incluídos como um dos pontos de atenção da RAPS), ampliam recursos orçamentários às comunidades terapêuticas, na maioria das vezes voltadas as instituições religiosas, enfraquecendo os serviços substitutivos que visam sobretudo o cuidado em liberdade e respeito aos direitos humanos.

A peça destacou a importância da união entre trabalhadores, gestores, usuários e familiares, como no início da RPB, a fim de continuar garantindo o direito das pessoas com transtorno mental, sem retrocessos. A luta continua!

‘’Para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça. Por uma sociedade sem manicômios’’.

 

 – CAPS Ad e Adulto de São Mateus

 

ASSIS, Machado. O alienista. Rio de Janeiro: Três livros e Fascículos, 1984.