Estudantes de Medicina aplicam a PNH em um Planejamento Familiar realizado na ESF

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  1. No dia 19 de outubro fomos à ESF morada do Sol, de Presidente Prudente. Pudemos aprofundar nossos conhecimentos teóricos com a prática.
    Os acadêmicos de Medicina são inseridos como membros das Equipes interprofissionais, desde o primeiro termo da Graduação em Medicina, graças a uma parceria firmada entre Academia e Serviço (PAPP/FAMEPP/UNOESTE e Secretarias Municipais de Saúde de Presidente Prudente e Álvares Machado), no interior de SP.
    Acompanhei os atendimentos do Médico da Estratégia Saúde da Família (ESF), pela manhã, e o que mais me chamou atenção nos atendimentos foi o caso de uma mulher jovem que procurou a ESF relatando a sua dificuldade para engravidar há mais ou menos 5 anos.
    Durante a consulta, o médico solicitou exames hormonais e referenciou a usuária do SUS para o Ginecologista e Obstetra do AME (Ambulatório Médico de Especialidades). Entende-se por “referência e contra referência”, a articulação entre as unidades de saúde que são capazes de encaminhar ou receber os usuários do SUS, sendo que por referência compreende-se o trânsito do nível menor para o de maior complexidade. Com isso a usuária conseguirá respostas se esse caso se dá devido uma infertilidade feminina.
    Para entender melhor sobre o Planejamento Familiar no SUS, estimulada pelos Facilitadores do PAPP/FAMEPP/UNOESTE, por meio da Metodologia Ativa da Problematização, criamos questões de aprendizagem e realizei uma busca, em referências confiáveis, descrevendo pontos relevantes sobre a infertilidade.
    Definição de infertilidade:
    Infertilidade é a dificuldade de um casal conseguir uma gravidez, no período de um ano, tendo relações sexuais sem uso de métodos contraceptivos.
    É necessário ressaltar que cerca de 25% das mulheres engravidarão no primeiro mês de relações sexuais sem proteção, 60% dentro de 6 meses e aproximadamente 85% em 1 ano. Segundo informações da Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que cerca de 60 a 80 milhões de pessoas em todo o mundo enfrentem dificuldades para levar a cabo seu projeto de paternidade e calcula-se que esse índice atinja aproximadamente 20% dos casais em idade reprodutiva. De acordo com os dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), a mulher é responsável por 41% dos casos de infertilidade, o homem por 24%, enquanto a associação de fatores masculinos e femininos acomete 14% dos casos, e 1% não teria causa determinada.
    As causas de infertilidade ligadas ao fator feminino podem ser divididas em quatro grupos:
    – Causas ovarianas e ovulares: Síndrome dos ovários policísticos ou síndrome da anovulação (ausência de ovulação) crônica; insuficiência ovariana prematura ou menopausa precoce; secreção excessiva de prolactina; hipotireoidismo; idade da mulher – basicamente, a partir dos 37 anos;
    – Causas tubarias e do canal endocervical: Obstrução tubária, geralmente provocada pela endometriose ou infecções pélvicas; alterações na secreção do muco cervical;
    – Causas ligadas a fertilização: Vigor do espermatozoide e do óvulo; defeitos nos cromossomos ou nas outras estruturas que regulam a fusão dos dois gametas não permite a fertilização; exposição a fatores de risco (raios X, radiações, medicamentos tóxicos) podem dificultar ou impedir a fertilização; idade da mulher;
    – Causas ligadas à implantação do embrião:
    A implantação é a penetração do embrião na camada que reveste a cavidade uterina, chamada endométrio. Esse revestimento é preparado para receber o embrião formado após a ovulação e fertilização. Os hormônios femininos (estrógeno e progesterona) são responsáveis pela preparação do endométrio, durante o ciclo menstrual. Portanto, falhas hormonais podem produzir um endométrio inadequado para a implantação.
    Dosagem de FSH:
    Quando o casal está tentando engravidar é muito importante conhecer os hormônios que são essenciais para a gravidez. Essa informação permite que os dois verifiquem se o seu organismo está funcionando da forma correta. O exame de dosagem de FSH é um dos testes que ajudam nesse diagnóstico.
    O FSH é um dos hormônios responsáveis pelo controle da produção de óvulos e espermatozoides. Seu desequilíbrio pode ser responsável pela dificuldade de concepção natural tanto em mulheres como em homens.
    O FSH, ou hormônio folículo-estimulante, é secretado pela hipófise e é muito importante para a fertilidade. Se o casal está tentando engravidar há alguns meses e não consegue, a dosagem de FSH é um dos exames que geralmente é indicado pelo médico, a fim de analisar o nível de reserva ovariana nas mulheres. Já nos homens, controla a produção de esperma. Caso verifique-se alguma anomalia, o especialista pode orientar o casal a respeito das melhores providências e de um possível tratamento, a fim de garantir uma futura gravidez. Nas mulheres, os níveis do hormônio FSH vão oscilando ao longo do ciclo menstrual, sendo mais elevados nos primeiros 5 dias do ciclo. Esse hormônio promove o crescimento dos folículos, que, ao amadurecerem, são estimulados pelo hormônio LH (é o hormônio luteinizante também produzido pela hipófise, que regula a atividade dos ovários), e liberam o óvulo para ser fecundado.
    O hormônio folículo-estimulante (FSH) estimula a secreção de estrogênio, responsável pelo desenvolvimento e maturação dos folículos ovarianos. É o FSH que regula o crescimento, desenvolvimento, puberdade, reprodução e secreção de hormônios sexuais pelos testículos e ovários.
    A ovulação acontece em torno do 14˚ dia do ciclo, quando esse for de 28 dias. O início do ciclo é o primeiro dia da menstruação.
    A quantidade de FSH nos homens geralmente é constante, para auxiliar no controle de produção de esperma. Por meio da dosagem de FSH é possível saber se a infertilidade é proveniente de um descontrole desse hormônio.
    O exame é feito a partir da coleta de sangue do usuário SIS e é solicitado pelo ginecologista. No caso da mulher, a usuária deve fazer um jejum mínimo de 3 horas e, geralmente, a amostra precisa ser coletada até o quinto dia do ciclo menstrual. Pode ser que seja preciso refazer o teste, pois os resultados variam com o período do ciclo. É conveniente também dosar o LH e o estradiol para melhor correlação.
    O homem também deve respeitar o jejum para a coleta de sangue. Mas, como não há uma variação no nível de FSH durante o mês, não há um dia melhor para a realização do exame.
    Ele é indicado na maioria das vezes para comprovar a capacidade reprodutiva da cliente. Pode ser recomendado para:
    • mulheres com mais de 35 anos, devido à queda da fertilidade a partir desta idade;
    • mulheres que têm ciclos irregulares ou não têm mais ciclos, para se certificar se é ou não menopausa;
    • saber se uma criança está passando por uma puberdade precoce;
    • diagnosticar tumores, em caso de distúrbios da hipófise;
    • investigar causas de baixa contagem de esperma.
    Os níveis de FSH variam de acordo com a idade da cliente. A partir dos 35 anos esses níveis são reduzidos. Se a mulher deseja engravidar, índices maiores do que 15 são preocupantes, pois a reserva ovariana está baixa. Acima de 30, geralmente é um indicativo de menopausa precoce.
    Conforme o período fértil, os resultados normais de FSH podem variar. No sexo feminino, os valores são:
    • fase folicular: até 12,0 UI/L – no 3º dia;
    • fase lútea: até 12,0 UI/L;
    • pico ovulatório: 12,0 a 25,0 UI/L;
    • menopausa: acima de 30,0 UI/L.
    Lembrar apenas que a elevação dos níveis de FSH é um fenômeno tardio e provavelmente a diminuição da reserva ovariana já venha ocorrendo há alguns anos.
    Já nos homens, o nível de FSH considerado bom é de 10,0 UI/L ou abaixo desse valor. Em crianças, antes do período da puberdade, o valor recomendado é de até 4,0 UI/L.
    Os distúrbios hormonais são importantes causas de infertilidade em mulheres. O exame de dosagem de FSH é um dos meios pelos quais podemos diagnosticar esse problema. Porém, essas alterações hormonais podem acontecer devido a ciclos irregulares e à idade da paciente. Por isso, caso já tenha mais de 12 meses de tentativa para engravidar, o mais indicado é consultar um especialista em reprodução humana.
    Em relação à aplicação da Política Nacional de Humanização (PNH) no atendimento à Usuária do SUS, no Planejamento Familiar, pudemos perceber a utilização dos Princípios da Transversalidade e do Protagonismo do Usuário SUS.
    Transversalizar, como princípio da PNH, significa colocar os saberes e práticas de saúde no mesmo plano comunicacional, provocando a desestabilização das fronteiras dos saberes, territórios de poder e modos instituídos nas relações de trabalho, para produção de um plano comum.
    A PNH estimula a comunicação entre trabalhadores do SUS e usuários para construirem processos coletivos de enfrentamento de relações de poder, trabalho e afeto que muitas vezes produzem atitudes e práticas desumanizadoras que inibem a autonomia e a corresponsabilidade dos profissionais de saúde em seu trabalho cotidiano. Aumentar a autonomia da usuária do SUS, dando informações a ela, foi uma maneira de colocar em prática o Princípio do Protagonismo do Usuário SUS, por meio da aplicação da PNH.
    Tive a oportunidade de realizar uma ação de “Educação em Saúde” no Planejamento Familiar, no SUS, na ESF.
    A usuária do SUS referiu satisfação e “empoderamento”, após receber as informações relacionadas ao seu Planejamento Familiar. Ela adquiriu maior “autonomia” para tomar decisões, após participar dos momentos de “Educação em Saúde”. Eu, como membro da equipe interprofissional da ESF, me senti co-responsável pelo sucesso no atendimento da usuária do SUS. Marquei, inclusive, um retorno para ela, no dia da minha próxima visita à ESF.

Referências:
Assistência em Planejamento Familiar.
Disponível em:
https://www.google.com/url?sa=t&source=web&rct=j&url=https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/0102assistencia1.pdf&ved=2ahUKEwjh7Pb1zKL0AhUMlJUCHaTXCOIQFnoECAQQAQ&usg=AOvVaw32uhclC294cVctOlLJK_ZT
Acesso em 18 11 2021, às 13h 30min.