Estudantes Médicos realizam ação de Educação em Saúde relacionada à Diálise Peritoneal no território
Acadêmicos do Curso Médico realizaram ação de Promoção à Saúde com usuária do SUS, moradora do território de uma Estratégia Saúde da Família (ESF) no interior de SP. O Plano de Ação emergiu da Metodologia Ativa da Problematização, utilizada na Graduação do Curso Médico na Universidade do Oeste Paulista (UNOESTE).
Acadêmicos entenderam que seria importante conversarem com a usuária do SUS, que utilizava o procedimento de diálise peritoneal explicando a ela que esta é uma opção de tratamento na qual o processo ocorre dentro do corpo do paciente, com auxílio de um filtro natural como substituto da função renal. Explicaram que esse filtro é denominado peritônio. Mostraram que o peritônio é uma membrana porosa e semipermeável, que reveste os principais órgãos abdominais. O espaço entre esses órgãos é a cavidade peritoneal. Explicaram que um líquido de diálise é colocado na cavidade e drenado, por meio de um cateter, ou seja, um tubo flexível biocompatível.
Explicaram à usuária que o cateter é permanente e indolor, implantado por meio de uma pequena cirurgia no abdômen. Que a solução de diálise é infundida e permanece por um determinado tempo na cavidade peritoneal, sendo depois drenada. Explicaram à usuária do SUS que a solução entra em contato com o sangue e isso permite que as substâncias que estão acumuladas no sangue como ureia, creatinina e potássio sejam removidas, bem como o excesso de líquido que não está sendo eliminado pelo rim.
Após a Ação de Educação em Saúde, facilitadores estimularam os estudantes a refletirem sobre quem necessita se submeter a esse tratamento.
Por meio do Arco de Maguerez, facilitadores estimularam a reflexão na prática. Estudantes, após busca referenciada, entenderam que a diálise peritoneal está indicada para pacientes que apresentam quadros de insuficiência renal aguda ou crônica. Facilitadores consideraram que a indicação de se iniciar esse tratamento é feita pelo nefrologista, que avalia o seu organismo por meio de: consulta médica, investigando os seus sintomas e examinando o seu corpo; dosagem de ureia e creatinina no sangue; dosagem de potássio no sangue; dosagem de ácidos no sangue; quantidade de urina produzida durante um dia e uma noite (urina de 24 horas); cálculo da porcentagem de funcionamento dos rins (clearance de creatinina e ureia); avaliação de anemia (hemograma, dosagem de ferro, saturação de ferro e ferritina).
Facilitadores questionaram se esse tratamento é melhor do que a hemodiálise.
Acadêmicos consideraram que os resultados dos tratamentos por diálise peritoneal e hemodiálise são iguais. Cada um deles tem as suas vantagens e desvantagens. A escolha entre hemodiálise e diálise peritoneal depende das condições clínicas e da escolha do próprio paciente.
Reforçaram ser possível que durante algum tempo o paciente faça diálise peritoneal e depois passe para a hemodiálise. Ou até mesmo ao contrário, faça um tempo hemodiálise e depois passe para diálise peritoneal. Explicaram que estas opções são sempre decididas em conjunto, entre o médico nefrologista e o paciente. Após tomar conhecimento do procedimento, o paciente juntamente com seu nefrologista e familiares estarão aptos a tomar uma decisão que seja a melhor possível para determinada situação.
Facilitadores questionaram como o líquido de diálise é colocado no abdome do paciente.
Estudantes explicaram que para isso é necessário que seja implantado um cateter de diálise peritoneal no abdome do paciente, próximo ao umbigo. Este cateter é implantado por meio de uma cirurgia pequena, em geral, com anestesia local, podendo receber alta no mesmo dia. Este cateter, ou acesso peritoneal, deve ser colocado alguns dias ou semanas antes da primeira diálise. Esse cateter é flexível, pouco incomoda e fica instalado no abdome.
Facilitadores perguntaram se é necessário ir ao hospital ou à clínica para fazer a diálise peritoneal.
Acadêmicos explicaram que essa diálise permite realizar tratamento em domicílio. A principal vantagem desse método é que após um período de treinamento o paciente pode realizá-lo em casa, de maneira independente.
Facilitadores consideraram que existem duas modalidades desta diálise:
A Diálise Peritoneal Ambulatorial Contínua (DPAC): realizada diariamente e de forma manual pelo paciente e/ou familiar. Geralmente 4 trocas ao dia (manhã, almoço, tarde, noite), sendo que o tempo de troca leva aproximadamente 30 minutos. No período entre as trocas, o paciente fica livre das bolsas.
A Diálise Peritoneal Automatizada (DPA): realizada todos os dias, normalmente à noite, em casa, utilizando uma pequena máquina cicladora, que infunde e drena o líquido, fazendo as trocas do líquido. Antes de dormir, o paciente conecta-se à máquina, que faz as trocas automaticamente de acordo com a prescrição médica. A drenagem é realizada conectando a linha de saída a um ralo sanitário e/ou recipiente rígido para grandes volumes. Durante o dia, se necessário, podem ser programadas “trocas manuais”.
A usuária do SUS também teve oportunidade de fazer suas considerações e explicou que, geralmente, uma vez por mês o paciente vai ao hospital ou à clínica para colher exames de sangue, urina e fazer a consulta com o médico nefrologista.
A usuária do SUS perguntou aos estudantes se, uma vez iniciado o tratamento, será necessário fazer diálise peritoneal para o resto da vida?
Acadêmicos responderam que na maioria das vezes, sim. É comum que o paciente que inicia diálise peritoneal manifeste o desejo de receber um transplante de rim para deixar de fazer o tratamento.
Existem algumas situações nas quais os rins deixam de funcionar por um período curto e podem voltar a funcionar depois. Isto é mais comum de ser observado na insuficiência renal aguda. Na doença renal crônica isto é raro de ser observado. Depende da patologia que ocasionou a perda da função renal e se foi de uma forma aguda ou crônica. Se foi aguda (por exemplo na infecção grave, queda importante da pressão arterial, obstrução aguda por problema prostático) e o fator de risco identificado precocemente, existe a chance de retornar a função renal e não necessitar de tratamento dialítico permanentemente. Porém, nos pacientes diabéticos, hipertensos, portadores de glomerulonefrites crônicas, a perda da função renal ocorre de maneira progressiva, lenta e insidiosa levando à necessidade de tratamento dialítico por tempo indefinido.
A paciente tinha acabado de iniciar o procedimento e perguntou aos estudantes se fazer diálise peritoneal dói? Também perguntou quais são os desconfortos que ela poderia sentir?
Estudantes explicaram que o tratamento é indolor. No início do tratamento alguns pacientes se queixam de um desconforto abdominal pela presença do líquido dentro da cavidade abdominal. Com o tempo esse desconforto tende a desaparecer. A presença de dor persistente durante a diálise peritoneal deve ser comunicada ao médico nefrologista, pois pode indicar a presença de uma infecção ou o mau posicionamento do catéter.
A usuária do SUS perguntou quais são as vantagens de se fazer diálise peritoneal para tratar a doença renal avançada?
Acadêmicos responderam que ao iniciar o tratamento, a paciente perceberá uma melhora significativa nos sintomas que apresentava, como: falta de apetite, indisposição, cansaço, náuseas, dentre outros. Explicaram que adicionalmente serão reduzidas as restrições dietéticas e a paciente perceberá uma melhora na sua qualidade de vida.
A usuária do SUS perguntou se quem faz diálise peritoneal pode comer e beber à vontade?
Acadêmicos responderam que a hemodiálise substitui a função dos rins de quem tem doença renal crônica avançada, mas seguir as recomendações de alimentação que a sua equipe elaborou é fundamental para o sucesso do tratamento. A quantidade de líquidos ou de alimentos que pode ser ingerida varia de pessoa para pessoa e depende do estado nutricional, da quantidade de urina que o paciente ainda produz e de outros fatores como a presença de doenças associadas (exemplo, o diabetes). As clínicas de diálise têm nutricionistas, enfermeiros e médicos para consultas e para tirar dúvidas.
A paciente perguntou se quem faz diálise peritoneal pode trabalhar?
Estudantes responderam que vários pacientes em diálise peritoneal trabalham, especialmente os que fazem as trocas apenas no período noturno. O governo, por meio de lei Federal, auxilia financeiramente pacientes portadores de doença renal crônica avançada em diálise. As clínicas de diálise dispõem de assistentes sociais que podem orientar os pacientes para conseguirem esse benefício.
O paciente perguntou se quem faz diálise peritoneal pode viajar?
Acadêmicos responderam que pode sim. Ela apenas precisará levar consigo o seu material. Em viagens aéreas a clínica poderá fornecer um laudo de saúde a ser apresentado com antecedência à companhia aérea, para que não seja cobrado excesso de peso devido ao material para a diálise peritoneal que será transportado.
Os participantes consideraram como positiva a ação de Educação em Saúde realizada no território da ESF Morada do Sol, no Município de Presidente Prudente, SP.
Referências:
Diálise Peritoneal. Sociedade Brasileira de Nefrologia. Disponível em:
https://www.google.com/url?sa=t&source=web&rct=j&url=https://sbn.org.br/publico/tratatamentos/dialise-peritoneal/&ved=2ahUKEwimn8LNs-DlAhUDIbkGHUaZDrwQFjAAegQIARAB&usg=AOvVaw3G7O7n0kirUcyvI28sQA_w
Acesso em 10 11 2019 às 16h 30min.
Por MARCEL FARIAS DOS SANTOS
Ação importante sobre pacientes renais crônicos! Parabéns professora.