(Atividade de finalização do I Seminário Nacional do AcolheSUS)
Texto na Íntegra
– QUE TAL… uma roda para refletir esses temas, desse tempo que estamos juntos? Que tal uma roda que amplie as fronteiras da consciência até que os desafios sejam superados?
– Nestes dias de seminário pudemos ver toda beleza, riqueza e potência das experiências vividas nos territórios. E nas nossas oficinas pudemos experimentar um pouco sobre as dimensões da gestão da clínica e da ambiência.
– Agora vamos combinar né? Se estamos aqui é por um motivo especifico.
-E ele é o AcolheSUS.
-O AcolheSUS começou em 2017, mas existe toda uma história que o antecede. É uma história de luta! Oxi, que luta é essa? A que é de antes, mas de hoje também: Luta pelos direitos dos cidadãos e cidadãs brasileiras, luta pela garantia de acesso a saúde…
– e saúde de qualidade.
-Saúde, Saúde, Saúde, Queremos saúde também! Esse foi o grito, o grito do povo, dos profissionais da saúde e dos intelectuais da época, que acreditavam e reivindicaram pelo seu direito de cidadania;
-o direito de ter saúde.
– E lá em 1988, após muita peleja votaram a criação do Sistema Único de Saúde (SUS). “A saúde é direito de todos e dever do Estado”, e essa é uma conquista do povo brasileiro.
-A saúde passa a não ser somente assistencialista, ou como uma concepção de ausência de doença, mas amplia para a concepção de vida saudável e com qualidade.
-Com ele também, afirmamos como princípios a universalidade, a integralidade e a equidade.
– Para compor esse espaço de ação da roda, lembrando que tudo é construção, chamamos Amazonas, Alagoas, Bahia, Minas gerais e Maranhão para dar sua contribuição.
-Como principio fundante do SUS trazemos a Universalidade, que busca garantir e assegurar o acesso às ações e serviços como direito de cidadania a todas as pessoas, independente de sexo, raça, cor, ocupação, ou outras características sociais ou pessoais.
– A equidade veio para dar o tom da justiça social, principio que tem como objetivo diminuir as desigualdades. Lembrando que ninguém é igual e, por isso, têm necessidades distintas. Ou seja, equidade busca tratar desigualmente os desiguais, investindo mais onde a carência é maior.
– E a integralidade? Nossa! Como precisamos dela. Este princípio considera as pessoas como um todo, buscando atender todas as suas necessidades… Mas para isso é preciso integrar ações que incluam a promoção da saúde, a prevenção de doenças, o tratamento e a reabilitação.
-Ou seja, minha gente, o principio pressupõe a articulação da saúde com outras políticas públicas, para assegurar uma atuação intersetorial que tenham repercussão na saúde e na qualidade de vida dos indivíduos.
-Existem várias dimensões com as quais estamos comprometidos: prevenir, cuidar, proteger, tratar, recuperar, promover, enfim, produzir saúde. Muitos são os desafios que aceitamos enfrentar quando estamos lidando com a defesa da vida, com a garantia do direito à saúde.
– O cenário indica, então, a necessidade de mudanças. Mudanças no modelo de atenção que não se farão sem mudanças no modelo de gestão.
– E sabe, por quê?
– Queremos um SUS com essas mudanças. Para isso, criamos a Política Nacional de Humanização de Atenção e Gestão no Sistema único de Saúde. A nossa HumanizaSUS.
– E por humanização entendemos a valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção de saúde.
– Sendo os valores que norteiam essa política: a autonomia, o protagonismo dos sujeitos, a co-responsabilidade entre eles, o estabelecimento de vínculos solidários, a construção de redes de cooperação e a participação coletiva no processo de gestão.
– E no nosso querer…
– Queremos um SUS em todas as suas instâncias, programas e projetos comprometidos com a humanização.
-Queremos um SUS fortalecido em seu processo de pactuação democrática e coletiva.
-Queremos um SUS de todos e para todos. Queremos um SUS humanizado!
-Enfim, queremos, e queremos mesmo, um SUS Humanizado. Entendendo que essa tarefa convoca a todos: gestores, trabalhadores e usuários.
– E para essa roda de quereres e desejos convocamos agora Acre, Santa Catarina, Tocantins, Mato Grosso, Pará e Amapá para compor com essa humanização que transversaliza as diferentes ações e instancias gestoras do SUS e constrói diferentes espaços de encontro entre sujeitos a partir da troca de saberes.
– De fato a PNH traz muitas coisas:
– O protagonismo tem a ideia de que a ação, a interlocução e a atitude ocupam lugar central nos acontecimentos. Diz respeito ao papel de sujeitos autônomos e co-responsáveis no processo de produção de sua própria saúde.
– Como principio traz também a autonomia dos sujeitos, na busca do seu protagonismo para as mudanças na gestão e na atenção.
-Pois pensar os indivíduos como sujeitos autônomos é considera-los como protagonistas nos coletivos de que participam, co- responsáveis pela produção de si e do mundo em que vivem.
– E como método traz a inclusão, na produção de saúde, dos diferentes atores implicados nestes processos. Estamos falando da Tríplice inclusão.
– E lá veio o AcolheSUS …
-Escuta, escuta! O outro, a outra já vem. Escuta e acolhe. Cuidar do outro faz bem (BRASIL, 2013).
– O nosso projeto busca a Qualificação das Práticas de Cuidado a partir das portas de entrada do SUS com base na Política Nacional de Humanização.
-Essa proposta de trabalho engloba um conjunto de ações, para a qualificação do modelo de gestão e atenção dos serviços e garantia do acesso ao usuário com qualidade e resolutividade.
– No nosso dia- a -dia nos deparamos com um padrão de acolhida aos usuários envolvendo práticas pouco humanizadas, o que é uma grande desafio para o SUS.
-Neste sentido, a diretriz Acolhimento e seus dispositivos possibilitam a revisão cotidiana das práticas de gestão e atenção.
-O acolhimento como postura prática e ética abre um caminho para que cada trabalhador estabeleça outras relações com os usuários, e como efeito o aumento do grau de confiança e compromisso desses usuários com as equipes e os serviços.
– Para trazer os nossos eixos trabalhados no projeto convidamos Distrito Federal, Paraíba, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Norte, Piauí e Ceará para essa composição:
– O Acolhimento como processo das práticas de saúde que se refere ao compromisso com o reconhecimento do outro, desde a sua chegada até a sua saída. Ouvindo sua queixa, considerando suas preocupações e angústias, fazendo uso de uma escuta qualificada que possibilite analisar as mais diversas demandas. Têm o proposito de prestar atendimento com resolutividade e corresponsabilização, orientando conforme o caso, o usuário e família, garantindo articulação com outros serviços de saúde para a transferência responsável do cuidado e a continuidade da assistência.
– A Ambiência que se refere ao tratamento dado ao espaço físico entendido como espaço social, profissional e de relações interpessoais que deve proporcionar atenção acolhedora, resolutiva e humana.
– As ações de educação permanente em saúde integram educação e trabalho no sus. Articulam o ensino, a gestão, a atenção e a participação popular para o desenvolvimento e produção da integralidade e humanização.
– E o cuidado…. Ah o cuidado… Sentido de todo processo de construção do projeto AcolheSUS. O cuidado com o foco em atender as necessidades dos usuários, privilegiando a organização das ofertas dos serviços a partir das demandas apresentadas. Um cuidado vivenciado com uma disposição singular, em que os profissionais e usuários se encontram no cuidado para construir a inclusão e a autonomia de vidas. Atendendo, respeitando, e acolhendo o ser humano em sua dimensão integral.
-Acolhe, cuida, cuidar do outro faz bem.
– É minha gente como diria o grande educador popular Ray Lima : Essa ciranda não é minha não ela é de todos nós. Toda essa construção do SUS, da PNH, do AcolheSUS e da mandala é nossa… É feita a muitas mãos . Não é minha e nem sua, é nossa!
– e em cada território as práticas , e as ações foram emergindo, nascendo… Com desafios? Com certeza… Mas nascendo e renascendo a cada ação desenvolvida.
– Nada continua como está Tudo está sempre mudando O mundo é uma bola de idéias Se transformando, nos transformando.
(BRASIL,2013)
– Como a lótus que nasce na lama, das águas impuras e desabrocha linda à luz do sol. Com sua pureza, beleza, espelha calma, alegria, sabedoria, energia, prosperidade, fertilidade, nascimento e renascimento.
– Da nossa lótus brotam a nossa construção, os nossos desejos, desafios, lutas.
-No nascimento/ renascimento…
– Tu me ensinas que eu te ensino O caminho no caminho. Com tuas pernas, minhas pernas andam mais (BRASIL, 2013).
– E assim é o desabrochar…
– O caminhar do nosso Acolhesus, só se tornou verdade quando se configurou em cada território. Na transformação do dia- a – dia dos serviços de saúde, quando provocou a discussão da articulação das redes, quando se fez real… Na prática.
– Cada estado trouxe algo que simbolicamente representa o que este projeto é.
-Exercitando a nossa escuta qualificada, lembrando que somos muitos, e trazemos muito.
-Em poucas palavras diga o que traz.
-Quais os desafios?
– Quais são caminhos foram trilhados? E os que têm a trilhar?
– Para isso lhe acolhemos, lhe damos espaço para seguir em frente:
(Cada estado trouxe um objeto que representa o AcolheSUS com seu relato…. e quanta beleza… quanta riqueza… quanto afeto… quanta amorosidade. As sementes foram lançadas e já se pode contemplar os frutos.)
– Tanto SUScesso temos nos mais diversos espaços do nosso Brasil. Obrigada a cada um que acolheu e acreditou junto para a construção desse SUS Humanizado que tanto almejamos.
– Não podemos esquecer que nessa roda construímos também uma mandala, símbolo da integração, de concentração e da harmonia. O tecido da chita vêm nos recordar sobre a diversidade, irreverencia e simplicidade de todos esses processos e falas construídos aqui, no território e no amanhã que transformaram, transformam e transformarão as realidades. E a circularidade, que mostra que nossa roda é o presente, o passado e o futuro, bem como o longe e o perto, se movimentando.
– Sim… É vida. Vida em movimento, buscando autonomia, cidadania, construindo caminhos e semeando sonhos coletivos.
– E essa caminhada do AcolheSUS no SUS? Continua minha gente, é continua essa construção. Um reflexo disso são tantas histórias e rumos que ainda este projeto vai trilhar.
-E continuemos… Continuemos sim: promovendo rodas que expressam as inquietações que sentimos e externamos uns para os outros. Rodas que nos permitam aprender e ensinar, o que de melhor temos para ensinar, o que de melhor precisamos aprender.
– Vamos semeando mais uma vez no chão fértil e generoso dos nossos territórios.
– Vamos fazer nossas pactuações e voltemos, voltemos… Por que…
-Se dois é mais do que um, e três é mais do que dois. Se quatro é mais do que três, e cinco é mais do que quatro.Então cinco é mais que um. Sozinhos seremos cinco, Juntinhos seremos um. (BRASIL, 2013)
– Uma salva de palmas para vocês protagonistas do SUS que acreditam e constroem o nosso caminhar. Por um SUS que dá certo!
Referência Poética:
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Departamento de Apoio à Gestão Participativa. De sonhação a vida é feita, com crença e luta o ser se faz: roteiros para refletir brincando: outras razões possíveis na produção de conhecimento e saúde sob a ótica da educação popular. Brasília : Ministério da Saúde, 2013.
E as tantas rodas, atores e atrizes que me ajudam a construir o caminho no caminho…
Gratidão!
“O AcolheSUS é nosso Guatá !”( Gilberto Scarazatti)
Por Danyelle Monteiro Cavalcante
Lindo Juli… É a soma das rodas, das experimentações e dos saberes que nos fortalecem nessa luta diária por esse SUS de qualidade que tanto cremos! Seguimos acreditando e resistindo!
Obrigada a você e a Ailana Lira por terem nos propiciado esse momento de tanta energia e paz no I Seminário AcolheSUS!