Texto resgata narrativas ocorridas no encontro entre trabalhadores da área da saúde e mulheres em situação de violências e vulnerabilidades por ocasião da 3ª edição do Projeto Redes da Fiocruz (2017) no estado do Rio Grande do Sul, tendo como cenário a cidade de Porto Alegre.
A pergunta que não quer calar é… Como garantir acesso com integralidade às redes de cuidado e proteção na capital de forma a acompanhar os itinerários terapêuticos destas mulheres e auxiliar na construção de saídas viáveis ao processo de exclusão?
Uma questão de difícil resposta, mediante tantas condições contrárias a tudo que deveria ser uma forma de ajuda e contribuição resulta precariedade e ineficácia , mediante tudo que já sabemos , resultados identificado pelo projeto:
Macropolítica ; criadas pela precarização do não investimento nas redes locais pelas gestões; Micropolítica; praticada pelos próprios trabalhadores, muitas vezes sem a percepção dos mesmos sobre sua produção que resulta em descuidado.
Congelamento de recursos para a saúde a nível nacional (Emenda Constitucional Nº 95/2016); ausência de repasses sistemáticos para as redes locais por parte do estado que não cumpre com o mínimo constitucional, e uma prefeitura que também vinha adotando uma lógica de estado mínimo, com baixíssimo investimento em políticas públicas.
A precarização dos vínculos de trabalho e contratação, a diminuição e extinção de equipes, o desinvestimento na multiprofissionalidade ; Fragmentação, falta de perspectiva e impotência dos trabalhadores em muitos casos até de adoecimento, salários atrasados e até mesmo congelados.
Será que o resultado dessa pesquisa é uma novidade?
De que forma essas histórias de frustações , dessas mulheres e dos profissionais da saúde que chegam ao ponto de adoecem em meio a essa desassistência, por não conseguirem reproduzir seus conhecimentos agregando valor a vida dessas pessoas, no texto tem uma frase que muito me tocou “Todas elas tinham sonhos e planos” e acrescento no fundo todos tinham “Esperança”, de que um dia essa construção irá ter uma edificação sustentável e esse senso de impotência pela falta de sincronia entre a macro e a micropolítica, envolverá o desejo de produzir cuidado pela via da aposta no outro enquanto sujeito, cidadão de direito, e capaz de produzir obra. Amém!
Por patrinutri
Muito bom seu texto Marcia! Nos provoca muitas reflexões e nos alerta para um questão extremamente desafiadora.
A integralidade do cuidado por si só é um grande desafio para o SUS. E este mais ainda pois envolve aspectos mais amplos da sociedade como machismo e visões polticas divergentes na sociedade como um todo.
Eu acredito que se ao menos realizarmos trabalhos coletivos, formando uma rede de cooperação, isto será suficiente para cuidar de algumas vidas. É certo que não alcançaremos todas as mulheres, mas é assim que se começa, com a força do coletivo, acrediando na humanização como eixo transversal e com força das mulheres e movimentos sociais.