As plantas medicinais são consideradas o recurso de saúde mais antigo da humanidade, tendo papel importante no cuidado em saúde. No Brasil, país que detém a maior parcela de biodiversidade (em torno de 15 a 20% do total mundial de toda a flora planetária), a fitoterapia é uma prática comumente usada pelas comunidades para resolução dos problemas cotidianos de saúde. Além de ter comprovação científica quanto aos efeitos terapêuticos (70% do uso popular de plantas medicinais é confirmado cientificamente), a fitoterapia é parte da história e da vida das comunidades, constituindo conteúdo importante da cultura popular. Este saber, passado de forma oral através das gerações, tem como base o conhecimento empírico.
Por ser fundamentalmente um conhecimento de domínio popular, é uma prática que necessariamente convoca os profissionais de saúde a dialogar com outros saberes e poderes. A fitoterapia é a base do que “o povo sabe sobre cuidados de saúde”, estando presente de forma viva entre os usuários dos serviços. Ela pode ser um dispositivo de compartilhamento das formas de cuidado em saúde: aquela dos profissionais e aquela das comunidades, valorizando essa última como um saber legítimo, reduzindo as assimetrias de poder, conferindo aos usuários o papel de cuidador e provocando neles, nos ambientes dos serviços de saúde, a sensação de competência, uma identidade maior com o saber cuidar em saúde.
A fitoterapia traz elementos para ampliação da clínica, pois é uma abordagem que vai para além do medicamento, estimulando outras formas de compreender as doenças e os processos de cura.
Além do mais, todas as pessoas conhecem alguma planta medicinal e em algum momento da sua vida tomaram um chá para algum problema de saúde. Dialogar com as pessoas sobre plantas medicinais é estimular a sua condição de sujeito na relação. Nesse diálogo, emerge o sujeito histórico e cultural, capaz de evocar o conhecimento de gerações e a força curativa contida no legado das plantas aprendidas com seus ancestrais. É tornar vivo o corpo da comunidade a que todos pertencemos, pois no conhecimento sobre plantas medicinais encarnado em cada sujeito está a história coletiva de uma comunidade. Portanto a fitoterapia também pode fomentar a saúde de uma comunidade: sua cultura, seus costumes, sua história, sua capacidade de se responsabilizar!
Interessante notar que a fitoterapia é um tratamento simples e mais natural. Substituir o uso de medicamentos químicos contínuos por tratamentos mais naturais é uma opção. Embora não substituí a busca da opinião dos médicos. É fundamental sempre procurarmos um tratamento adequado com um médico especialista no assunto e seguirmos o que é passado. Mas, junto com a prescrição, é interessante buscar maneiras de tratar nossos corpos naturalmente e com menos efeitos colaterais, já que somos rodeados de diversas plantas e sabendo do poder fitoterápico que elas têm.
Utilizar a fitoterapia no sistema único de saúde – SUS é uma forma de redução de custos, acabando com o uso contínuo de medicação desnecessária, também uma maneira de incentivar a comunidade a buscar mais pelos recursos naturais. Acrescenta-se a isso o poder de transformar a relação entre profissionais da saúde e a comunidade. O saber deve ser compartilhado em diferente formas em benefício de todos.
Acadêmica de Psicologia: Débora Rubim dos Santos
Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Anais da 8ª Conferência Nacional de Saúde. Brasília, 1987. DI STASI, L. C. Plantas medicinais: verdades e mentiras, o que os usuários e os profi ssionais de saúde precisam saber. São Paulo: UNESP, 2007. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Fundo das Nações Unidas para a Infância. Alma Ata 1978: cuidados primários de saúde: relatório da conferência internacional sobre cuidados primários de saúde. Brasília, 1979. ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD. Consejo Ejecutivo. Medicina tradicional y asistencia sanitaria moderna: foro mundial de la salud. Revista Internacional de Desarrollo Sanitario, v. 12, n. 1, p. 120, 1991. ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD. Estrategia de la OMS sobre medicina tradicional 2002-2005. Geneva, 2002. PROGRAMA Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. Brasília, 2007. ROSA, Caroline; CÂMARA, Sheila Gonçalves; BÉRIA, Jorge Umberto. Representações e intenção de uso da fi toterapia na atenção básica à saúde. Ciência e Saúde Coletiva, [S.l.], n. 0863, 2007. Disponível em: . Acesso em: 07 jun. 2010.
Por Rafael Acosta
Muito interessante seu assunto, concordo que seria uma boa maneira de cortar gastos de medicamentos. Mas ainda existe um grande preconceito sobre remédios fitoterápicos, além da industria farmacêutica ter grande poder sobre mídias. Porém percebo que a fitoterapia vem ganhando grande força nos últimos tempos, ainda que tímida.