Gravidez na adolescência: a perspetiva da Humanização.

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Me chamo Vitoria, tenho 19 anos e sou acadêmica do 4º semestre de Psicologia da Faculdade Integrada de Santa Maria (FISMA). A escolha do tema veio através do questionamento “e se fosse eu? ”. Por ainda ser bem jovem, fico pensando, como o SUS lida com as usuárias que passam pela gravidez na adolescência, será que elas possuem o apoio necessário para lidar com algo tão sério sendo tão nova? Através de uma revisão bibliográfica, vamos discutir um pouco sobre esse assunto que há décadas está em alta na nossa sociedade e que é de extrema importância.

A adolescência caracteriza-se por nítidas mudanças anatômicas, fisiológicas, psicológicas e sociais. Para que haja apoio as adolescentes grávidas, é necessário as compreender como seres singulares e sociais, como qualquer outro. Como relata Machado e Alves (2012), não podemos esquecer-nos de sua determinação sociocultural e da necessidade de inseri-la no seu contexto social, relacionar e conhecer as contradições da gravidez na adolescência, entendendo a adolescente como sujeito de sua realidade.

Machado e Alves (2012) sugerem que programas de prevenção de riscos e promoção da resiliência com adolescentes poderão ser desenvolvidos, levando-se em conta as especificidades de cada grupo, sua cultura, seus anseios, suas competências pessoais e grupais e seus projetos de vida. Nesse contexto é importante a inserção de grupo de gestantes, lugar onde elas possam se sentir confortáveis e confiantes. De forma dinâmica, participativa e informal, é abordado os temas de gravidez, parto e puerpério, permitindo depoimentos, troca de experiência entre si e crescimento pessoal. O grupo geralmente é conduzido por enfermeiras, com o intuito de promover saúde integral de uma forma coletiva.

Devido aos riscos presentes na gravidez na adolescência, os pré-natais devem ser feitos com urgência, começando o mais cedo possível. O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza esse atendimento integral e totalmente gratuito. No Brasil, no ano de 2000, foi implantado pelo Ministério da Saúde o Programa de Humanização do Pré-natal e Nascimento (PHPN). Segundo o próprio Ministério, o principal objetivo do PHPN é assegurar a melhoria do acesso, da cobertura e da qualidade do acompanhamento pré-natal, da assistência ao parto e puerpério às gestantes e ao recém-nascido, na perspectiva dos direitos de cidadania.

Conforme relata Vargas et al. (2013):

com o processo de humanização o conforto físico e emocional da gestante pode ser aumentado pelo uso de técnicas de massagem e relaxamento, posturas variadas, música, métodos de respiração e práticas alternativas, que favoreçam o bom desenvolvimento do trabalho de parto fornecendo conforto e segurança à mulher e seu bebê.

As adolescentes gravidas se sentem muito vulneráveis, e a geração de um filho nessa etapa da vida é visto como um momento crítico, pois acarreta uma série mudanças físicas e psicológicas, que muitas vezes elas não estão preparadas para lidar. Conforme Gonçalves et al. (2016) as expectativas das adolescentes referente ao processo de gestação envolve o “cuidado qualificado no trabalho de parto e, requerendo atenção dos profissionais de saúde. Para elas, atenção é mais do que assistência, significava também diálogo e compreensão e um profissional sempre por perto, atento e disposto a prestar o cuidado humanizado. ”

Conclui-se então que o principal ponto da humanização do parto de adolescentes está no fornecimento de informações durante a gravidez, pois quando há conhecimento os sentimentos positivos produzidos transformam essa vivência em um momento significativo e único na vida das adolescentes grávidas. Não devemos restringir somente a informar as meninas sobre a inadequação de engravidar nesta fase da vida, mais sim ver quem são estas meninas, o que acontece com elas nesta fase da vida, priorizando também a promoção de políticas públicas que realmente causem impactos relevantes em suas vidas.

 

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde do Brasil. Sistema de Acompanhamento do Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento.

GONÇALVES, K. D. et al. A HUMANIZAÇÃO DO PROCESSO DE PARTURIÇÃO SOB A ÓTICA DE ADOLESCENTES. Saúde, Santa Maria, v. 42, n. 1, p.83-92, jun. 2016.

MACHADO, A. A.; ALVES, F. A. Gravidez na adolescência na perspectiva do cuidado humanizado em centro de saúde. Revista Praxis, Rio de Janeiro, v. 7, n. 4, p.177-183, jan. 2012.

VARGAS, P. B. et al. A assistência humanizada no trabalho de parto: percepção das adolescentes. Revista de Pesquisa Cuidado é Fundamental Online, Rio de Janeiro, v. 6, n. 3, p.1021-1035, set. 2014.