Grupo de Estudos em Cuidados Paliativos Online-2021
Cuidados Paliativos (CP), de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), consistem na assistência prestada por equipe especializada a pacientes e seus familiares diante de doenças ameaçadoras da continuidade da vida. Objetiva a prevenção e o alívio do sofrimento por meio do diagnóstico precoce, da avaliação impecável e do manejo da dor e demais sintomas de natureza física, social, psicológica e espiritual. O que requer uma abordagem sistemática e de caráter multiprofissional e interdisciplinar.
Ao longo das últimas três décadas, Cuidados Paliativos se tornou campo de conhecimento, ensino e pesquisa. Converteu-se em especialidade clínica médica e multiprofissional. E nas últimas duas décadas, vem se convertendo em política pública e consequentemente num Serviço do SUS.
Prognósticos da OMS apontam que dos cerca de 40 milhões de pessoas que necessitam anualmente de cuidados paliativos ao final da vida, menos de 2% tem acesso à essa abordagem.
Em publicação de 2020, a Associação Latino-Americana de Cuidados Paliativos (ALCP) aponta que apenas na América Latina, região com mais de 600 milhões de habitantes e dos quais mais de 100 milhões têm idades acima de 60 anos, estima-se que mais de 2 milhões de pacientes enfrentem a terminalidade da vida sem assistência especializada, que de acordo com o mapeamento lançado em outubro daquele ano prestava cobertura a menos de 1% da população usuária dos serviços de Saúde no continente.
Em relação ao Brasil, estudos da Academia Nacional de Cuidados Paliativos (2019) demonstram que temos ativos cerca de 177 núcleos especializados que prestam serviços de cuidados paliativos distribuídos nas 5 regiões do país. O que evidencia grandes disparidades, tanto regionais, quanto na oferta e demanda dessa abordagem. Outro aspecto importante é que mais de 50% dos núcleos mapeados foram criados a partir de 2010, o que evidencia a natureza tardia da profissionalização desse campo no país.
A esse respeito, com base em matéria de 2015 do The Economist, o Brasil ficou em 42º lugar no ranking dos 80 piores países do mundo para morrer. A pesquisa relacionou dados qualitativos e quantitativos da oferta de cuidados paliativos na qual o país ficou atrás de outros como Uganda e Equador. E ocupando o 10° lugar nas Américas.
Em pesquisa publicada em junho de 2019 na Revista da Associação Médica Brasileira, estimava-se que em 2020 cerca de 57% dos pacientes mortos naquele ano demandariam atendimentos específicos dos cuidados paliativos (dados que obviamente foram ampliados em decorrência da pandemia de COVID-19). Outros indicadores levantados pela referida pesquisa apontavam que para atingir aquela parcela, haveria a necessidade de ofertar entre 660 a 990 núcleos hospitalares de CP (atenção de média e alta complexidade) e de 1.500 a 2.000 equipes na atenção primária, sendo, portanto, necessária a capacitação mínima de 4.400 a 6.000 profissionais médicos e de 10.000 a 12.000 enfermeiros. Apesar do caráter médicocêntrico excludente da visão de equipe ampliada que essa abordagem exige, com especialidades como Fisioterapia, Nutrição, Psicologia e Serviço Social etc, é preciso chamar atenção ao fato de que menos de 5% dos cursos de Medicina no país oferecem conteúdos de cuidados paliativos, o que nos permite inferir uma lacuna ainda maior nas demais graduações na área da Saúde.
Um mapeamento da ANCP aponta que entre 2013 e 2020, verificou-se na pós-graduação latu sensu a oferta de 8 cursos de aperfeiçoamento, 26 especializações presenciais e 13 programas de Residência Médica e Multiprofissional.
Esses últimos dados são muito importantes para percebermos tanto os desafios da universalização dos cuidados paliativos enquanto serviço de saúde no SUS, quanto à configuração dos CP como espaço de elitização e exclusão, dado o alto custo das atividades formativas em cuidados paliativos no Brasil.
Diante da expansão da demanda de atendimentos no SUS e da necessidade de capacitação em cuidados paliativos, tem ocorrido um grande crescimento de grupos de estudos entre profissionais da saúde e também entre coletivos de cuidadores profissionais e cuidadores familiares voltados à temática de CP.
Se você é profissional da Saúde ou tem familiar em processo de cuidados paliativos, talvez este convite seja de seu interesse!
Por Nathália Barros
Realmente será um momento ímpar, de grande aprendizado, no qual empregaremos esses saberes cedo ou tarde, seja em nossa vida profissional ou com um ente querido. Todos os que tiverem a oportunidade de participar dessa reunião e adquirir novos conhecimentos sairão ,com certeza, bem mais capacitados a tratar de um grupo tão desassistido como o que necessita de cuidados paliativos.