Impacto da Pandemia do Covid 19 na vida de um acadêmico do Curso de Medicina da FAMEPP/UNOESTE.
A pandemia do Covid 19 demonstrou algumas fragilidades do sistema educacional brasileiro, em geral, como: resistência às mudanças, apego aos métodos tradicionais de ensino e à grade curricular, com utilização de pedagogias passivas, além da baixa inclusão das tecnologias no ensino. Nas Instituições de Ensino Superior, houve a necessidade de adaptação a uma nova realidade, com aulas ministradas de maneira remota, para evitarmos aglomerações de pessoas, mesmo com medidas de distanciamento, uso de máscaras e do álcool em gel. A Pandemia do Covid 19 estimulou a criatividade e a participação do estudante em atividades extracurriculares, como cursos, simpósios e congressos, no modo “on line”, muito importantes para construção do currículo na graduação médica.
Como acadêmico do 4º ano da Faculdade de Medicina da Universidade do Oeste Paulista (FAMEPP/UNOESTE), no campus de Presidente Prudente – SP, tive a oportunidade de realizar atividades teóricas e práticas no início do ano de 2021. Durante o período letivo de 2020 todas as atividades ocorreram pelo método remoto, o que gerou alguns impactos, ao meu ver, tanto do ponto de vista acadêmico, quanto da saúde física e mental do corpo discente.
Um ponto positivo, na Pandemia, foi que as aulas à distância permitiram a flexibilização dos meus horários e a participação em diversas atividades extracurriculares. Ao mesmo tempo, o isolamento, o medo em relação a perder a minha saúde e a saúde dos meus familiares, e o receio quanto ao ensino, ministrado “longe dos usuários SUS”, e a insegurança de poder adoecer, geraram certa ansiedade e desgaste emocional. Em relação à vida acadêmica na comunidade estudantil, a liberdade que o ensino à distância proporciona (flexibilização dos horários e assistir as aulas em casa), trouxe um estímulo reduzido aos estudantes, ao meu ver, levando à uma diminuição do tempo dedicado aos estudos e do rendimento escolar.
Com o retorno do ensino presencial no início do ano de 2021, as aulas se tornaram mais interativas. Acadêmicos se sentiram mais motivados para estudar. Dessa maneira o rendimento discente aumentou neste novo período.
A humanização dos atendimentos na relação entre a equipe e usuários do SUS é muito importante para a promoção do bem estar biopsicossocial de quem atende e de quem recebe os cuidados em saúde. O acadêmico, ao aplicar a Política Nacional de Humanização, aprende a olhar para o usuário do SUS como um todo, tirando o foco da doença e criando vínculos de respeito e confiança com as pessoas atendidas pelas equipes interprofissionais. A Medicina Centrada na Pessoa, ajuda muito na ampliação da Clínica e na migração do Modelo Biomédico para o Biopsicossocial. Durante o período da Pandemia causada pelo Covid 19, muitos destes laços foram fragilizados. Usuários deixaram de buscar o serviço médico por causa do risco de contaminação. Procedimentos cirúrgicos eletivos foram adiados e o contato do médico com o paciente foi dificultado pelo distanciamento social.
Para estimular a humanização nos serviços de saúde e o bom relacionamento entre os membros das equipes, criou-se a Política Nacional de Humanização (PNH), no Sistema Único de Saúde (SUS), que tem três princípios: a transversalidade, a indissociabilidade entre atenção e gestão e protagonismo do usuário SUS, além da corresponsabilidade e autonomia dos sujeitos e coletivos. A PNH deve ser amplamente utilizada e aplicada na formação dos acadêmicos do Curso Médico, visando à aquisição de habilidades de comunicação e aprendizagem para lidar com os usuários e com seus familiares.
A Faculdade de Medicina da Universidade do Oeste Paulista (UNOESTE) sempre se esforçou para possibilitar a formação de médicos generalistas e humanistas, e não foi diferente durante a pandemia do Covid 19. Os três Principios da Política Nacional de Humanização (PNH) são abordados com estudantes, por meio da discussão de casos clínicos, em aulas práticas e teóricas, e de casos disparadores, durante as semanas integradoras. Nestas semanas (S.Is.) é utilizada uma metodologia ativa de ensino e aprendizagem, que integra todas as disciplinas da grade curricular. Além disso, A PNH se faz presente também durante as aulas teóricas, quando os professores ensinam os acadêmicos a enxergarem o paciente como um todo, escolhendo os melhores métodos diagnósticos e terapêuticos para cada um deles, sempre visando ao seu bem estar biopsicossocial, com foco nos Determinantes Sociais de Saúde.
Com o surgimento das novas Variantes da Covid 19, infelizmente teremos que enfrentar novamente um certo distanciamento das atividades envolvendo o contato com os usuários do SUS.
Esperamos que, em breve, tudo se resolva e que todos possam se vacinar contra essa doença mortal.
Enquanto aguardamos por melhores desdobramentos, vamos estudando os “casos disparadores” e nos dedicando às “Semanas Integradoras”. Sempre utilizando a PNH na transversalidade dos “casos de papel”.
Referências:
Política Nacional de Humanização. Biblioteca Virtual em Saúde. Disponível em:
https://www.google.com/url?sa=t&source=web&rct=j&url=http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_humanizacao_pnh_folheto.pdf&ved=2ahUKEwislL-Z-KvvAhVpIrkGHfUhB1oQFjAAegQIARAC&usg=AOvVaw04zU8E3g_tsFlo5pSvPqkT
Acesso em 12 03 2021, às 20h 30min.
Por Alex Wander Nenartavis
Parabéns ao Acadêmico Gabriel Osaki da Fonseca por aceitar o desafio de aplicar a PNH nas suas práticas como futuro Profissional Médico !