LSFC da FAMEPP/UNOESTE promove “live”: “Cuidados com a Saúde Mental em tempos de Coronavírus”.
No dia 03 de junho de 2020, a Liga Multiprofissional de Saúde da Família e Comunidade (LMSFC) da Universidade do Oeste Paulista (UNOESTE), no Campus de Presidente Prudente, promoveu uma “Live” com o tema: “Cuidados com a Saúde Mental em tempos de Coronavírus”. A ideia dos organizadores foi abordar a aplicação do Princípio da Integralidade, para o atendimento à Saúde Mental em Época de Pandemia por Covid-19. Os palestrantes convidados foram: uma Psicóloga, docente da Unoeste e um Psiquiatra que trabalha com Medicina Integrativa e tradicional. Foi abordada pelo profissional médico, a Psiquiatria Integrativa, no intuito de ver o ser humano como um todo, devendo incluir as complexas relações entre o corpo, a mente, o seu meio social e o ambiente.
A live da LSFC teve início com a palestra da psicóloga, que discorreu sobre a ansiedade e a importância de adotarmos algumas técnicas que amenizem as consequências patológicas da doença. A profissional alertou que sintomas de ansiedade apareceram em parte da população e foram agravados em muitas pessoas nas diversas comunidades. O psiquiatra abordou, em um segundo momento, a necessidade do auto-cuidado para proteger a saúde mental nesse período de pandemia. Salientou que os profissionais de saúde estão sobrecarregados na pandemia, vivendo o momento com ansiedade e incerteza do futuro, como o restante da população, com muita dedicação. O medici alertou que pode ocorrer a exaustão física e mental nos profissionais de saúde. Eles, por causa da sobrecarga, consequentemente, podem ficar doentes, com a Síndrome de Burnout, também conhecida como a síndrome do esgotamento. Ao final da roda de conversa, o público presente no evento teve a oportundade de fazer perguntas aos palestrantes.
Nesse período de pandemia por COVID-19, é comum que alguns questionamentos que manifestem a incerteza do momento sejam feitos: Será que peguei essa doença? Será que vou perder meu emprego? Será que vou conseguir pagar minhas contas? Será que vou conseguir trabalhar sem me contaminar?
Esses questionamentos, associados à inquietação e preocupação prolongadas, podem evoluir para ansiedade e estresse, nas suas formas crônicas. O estresse estimula o hipotálamo a produzir o Hormônio Liberador da Corticotrofina (CRH). Esse hormônio irá estimular a hipófise anterior a produzir o Hormônio Adrenocorticotrófico (ACTH), que agirá estimundo a glândula Adrenal a produzir Cortisol, respondendo às mudanças fisiológicas de apoio à resposta de luta ou fuga.
Os sintomas Físicos da Ansiedade, mais comuns, são: batimento cardíaco acelerado, xerostomia, cansaço frequente, disfagia, evitar a qualquer custo lugares ou situações que provocam ansiedade, tontura ou vertigem, hiperidrose, inclusive hiperidrose palmar, distonia, polaciúria, náuseas, diarreias, problemas estomacais, respiração superficial, rubores e calafrios, tensão muscular e dores musculares e, por último, inquietação permanente e sensação de se sentir assustado a todo momento.
No contexto da pandemia, as pessoas vão se adaptando ao “novo normal”. Para nos ajudar a controlar a ansiedade que pode ser desenvolvida nessa nova realidade, o palestrante nos ensinou que podemos responder a algumas perguntas, que podem nos ajudar a racionalizar o momento. Dessa maneira o corpo, passa a interpretar a ansiedade como desnecessária. Essas perguntas são as seguintes:
• Eu deveria me sentir ansioso?
• Eu deveria sentir vergonha da minha ansiedade?
• Minha ansiedade é uma forma de insanidade?
• Estou correndo perigo?
• Preciso me livrar desse mal estar?
• Devo ser racional sempre?
• Minha ansiedade está saindo de controle?
É aconselhável que durante a adaptação a esse “novo jeito de pensar e sentir”, que as pessoas vejam as coisas de maneira realista, normalizando as consequências, abandonando a necessidade de se controlar e, o mais importante, admitindo e assumindo o seu mal estar.
Para complementar, deve-se adotar maneiras de combater e eliminar o estresse. Para isso, é essencial identificar o estresse e, para eliminá-lo, deve-se comprometer com o que faz bem, fazer um planejamento para aumentar a organização das atividades profissionais e pessoais, estabelecer planos e metas para o futuro e cuidar da saúde, adotando hábitos alimentares saudáveis, fazendo atividade física de maneira regular, além de se imunizar, com as vacinas disponíveis. Somando-se a isso, existem outros hábitos e recomendações que podem ser adotadas:
1- Não ficar muito tempo sem comer (mais de 3 horas), não fazer dietas, principalmente dietas restritas
2- Controle de respiração, principalmente, a saída do ar (segurar o máximo possível na saída)
3- Postura da mulher maravilha
4- Tirar os sapatos e sentir os pés (“mindfunnes”)
5- Propositalmente, fixar-se em alguma coisa, e deixar o resto acontecer, a exemplo da respiração
6- Aprender a questionar os próprios pensamentos, conversar consigo mesmo
7- Sempre que enfrentamos dificuldade, acionamos o mecanismo de ansiedade. Perguntar: Qual pequeno passo eu posso dar para fazer isso?
Vale ressaltar que nesse período de pandemia por COVID-19, é muito comum que os profissionais da área da saúde que estão na linha de frente no diagnóstico e tratamento dos infectados pelo vírus, principalmente, a parcela que está inserida nas Estratégias de Saúde da Família (ESFs), Unidades Básicas de Saúde (UBS) e nos Hospitais Públicos espalhados pelo país, sejam afetados pela Síndrome de Burnout. Os sintomas são: de Exaustão (grande cansaço, fadiga, com baixa ou nula recuperação), Despersonalização (Identidade pessoal dissolvida; postura impessoal, fria e sem sentimentos pelo paciente; cinismo ou sarcasmo constante, penetrante, invasivo; fadiga da Compaixão) e que ou perda do significado, propósito e/ou eficácia (conclusões como: meu trabalho não serve para nada ou por que eu faço isso?).
As fases de evolução da Síndrome de Burnout de acordo com Freundenberg são:
Compulsão por provar o próprio valor: grande motivação e iniciativa, podendo evoluir para a obsessão em provar o próprio valor
Trabalho árduo: Resultado das expectativas pessoais altas, resultando em maior desgaste e mais tempo para completar as tarefas.
Negligenciar necessidades pessoais, como alimentação, sono e lazer
Revisão de valores, podendo surgir perguntas, a exemplo de: para que isso tudo?
Redução de “input”, a exemplo de isolamento, irritabilidade, sarcasmos e agressividade.
Amortecimento: uso de álcool e drogas, sexo.
Desesperança;
Perda do sentimento de valor pessoal;
Vazio interior;
Depressão.
É importante lembrar que o profissional medico segue as Diretrizes que são essenciais no ofício da profissão, a exemplo do paciente vir em primeiro lugar e nunca mostrar tristeza, o que pode agravar ainda mais a Síndrome de Burnout. Esse agravamento pode ocorrer não só em profissionais médicos, mas também em outros profissionais da área da saúde, a exemplo de enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos.
Entendemos que o evento teve grande aceitação e participação do público, composto por docentes e discentes da Unoeste. O feedback dos participantes a respeito da ação foi positivo. Participantes consideraram o tema abordado como essencial no contexto de pandemia. Os ensinamentos mostrados na roda de conversa podem ser utilizados pelos profussionais de saúde, com a finalidade de atravessar esse momento com tranquilidade. Podem trazer estabilidade, com maior qualidade para sua saúde física e mental. A palestra pôde esclarecer pontos importantes sobre a saúde mental dos profissionais da saúde e a importância de reconhecer os sinais e sintomas da Síndrome de Burnout, quando eles são manifestados entre pessoas de nossa convivência ou quando são manifestados pelo nosso corpo, de modo precoce, para que se possa buscar a ajuda e orientação profissional no intuito de evitar que esses sinais e sintomas se manifestem na sua forma grave, podendo prejudicar o indivíduo nas áreas profissional, financeira e pessoal.
Referências:
1- BORGES, Livia Oliveira et al . A síndrome de burnout e os valores organizacionais: um estudo comparativo em hospitais universitários. Psicol. Reflex. Crit., Porto Alegre , v. 15, n. 1, p. 189-200, 2002 . Available from <https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-79722002000100020&lng=en&nrm=iso>. access on 16 Aug. 2020. https://dx.doi.org/10.1590/S0102-797220020001000