Luta Antimanicomial: transformações para enfrentar os desafios da atualidade.
Olá, dando sequência às publicações do Projeto Itinerâncias da Clínica Psicossocial – Rede de Acompanhantes Terapêuticos na RHS, trago uma reflexão para que possamos pensar e resistir aos desafios da Luta Antimanicomial em 2019. Sou Lauro Marasca, estudante de Psicologia pela FISMA e extensionista do projeto – acompanhante terapêutico – em um CAPS AD na cidade de Santa Maria/RS.
Todos nós, componentes da grande rede de pessoas que dispõe suas práticas em prol da vida e dos direitos humanos, sabemos o quanto tem sido necessário lutar para transformar a realidade desumana acerca do cuidado das pessoas em sofrimento psíquico que aqui imperava antes da Reforma Psiquiátrica. O atual momento político que estamos vivendo, com retrocesso em diferentes políticas públicas, dentre elas saúde e educação, mostra a necessidade de olharmos para trás e percebermos alguns aspectos essenciais, dentre eles um ponto chave da luta antimanicomial: o combate.
Dessa forma, é importante lembrar que o movimento antimanicomial se organizou em torno da utopia de uma sociedade sem manicômios, a qual nasceu em um momento de tensão e crise semelhante ao de hoje. Conforme disse Lancetti (2016), a “cordialidade brasileira” de deixar as coisas como estão para que nada mude precisa ser rompida.
É tempo de sairmos da zona de conforto e levantarmos novamente a bandeira da transformação, como já vimos acontecer na história da saúde pública de nosso país. Isso exige que sejamos sábios para ultrapassar a armadilha política de polarização da sociedade, que nos joga uns contra os outros, para atuarmos em conjunto combatendo as medidas-regressões propostas pelo governo.
Como trouxe Delgado (2019), a resistência deve partir de uma consciência aguda no momento político, defendendo a democracia e a fragilização do SUS. Temos de relembrar e reviver a utopia, que há 35 anos nos fez agir, lutar e combater por uma sociedade melhor, pois toda transformação requer uma ação.
Que o dia 18 de maio – Dia de Luta Antimanicomial – seja todos os dias, nos encontros cotidianos do todos nós. Pois, como nos alerta Delgado (2019), a luta se dá em nossos territórios!
Por Raphael
Oi Lauro,
A Reforma Psiquiátrica Italiana de Basaglia, conseguiu fechar todos os manicômios em seu território, logo não é utopia basear a Reforma Psiquiátrica Brasileira no mesmo ideal.
Utopia é esquecer a polarização política, pois antes de ser projeto técnico ou científico os métodos utilizados para oferecer atendimento às pessoas em sofrimento psíquico carregam uma grande disputa no campo político.
É necessário resistir e ao mesmo tempo avançar pacificamente, ocupando os espaços públicos e de diálogo com a sociedade, produzindo saúde e não violência como sempre acreditamos.
Viva o 18 de Maio!
Acreditando na Utopia, fico aguardando outros relatos seus aqui na RHS para além desta atividade curricular!
Saudações Antimanicomiais,
Raphael