Paul Klee. Before the Festivity (Vor dem Fest)
Para o Espaço de Discussão Coletiva de Comunicação em Saúde do 15º Congresso Paulista de Saúde Pública!!
Algumas ideias para (des)construir!!!
A Associação Paulista de Saúde Pública (APSP), por meio do seu 15ª Congresso, apostou em um novo jeito de produzir seus encontros, desta vez pautado na construção dos diferentes territórios que a saúde pública e o SUS evocam para si.
Abandona a ideia exclusiva de fazer ciência (e fazer congresso) para propor um tipo de desconstrução, horizontalizado, espalhado no território, aberto a todos e todas para gerar desconforto e inovação.
Congressos acontecendo em todo o Estado de São Paulo através dos Núcleos Regionais da APSP: Região Metropolitana, São Carlos, Campinas, Botucatu, São José do Rio Preto, Marília, Ribeirão Preto, Vale do Paraíba e Santos.
Uma produção rizomática para trazer questões de Imaginação Política, Territórios, Produção do Comum e Descolonização – eixos que orientam os congressos – sobre a saúde. Além dessas “dimensões”, cada “categoria” está conectada com o Conhecimento, Técnica e Trabalho na saúde pública.
As discussões destes congressos formam a “APOTEOSE” do 15ª Congresso da APSP como uma arena de ativismo político. Os trabalhos apresentados fazem parte de uma curadoria digital em uma plataforma virtual, e são selecionados pelos próprios autores e autoras, gerando debate, reflexão e integração sobre a produção de ciência que os pesquisadores/as, trabalhadores/as, estudantes de graduação e pós graduação, movimentos sociais e interessados no tema têm produzido no cotidiano.
A proposta é pensar múltiplas perspectivas e múltiplos modos de conhecer, de elaborar técnicas, de conhecer os territórios, as técnicas/modos de produzir política no território ou como elas acontecem.
A apoteose acontecerá nos dias 2 e 3 de novembro de 2017. Nos dois dias, a partir das 16h, os/as participantes podem aderir ao Espaço de Discussão Coletiva por afinidade, interesse ou curiosidade com os seguintes temas propostos:
Juventudes, Sexualidades/Gêneros, População Preta, Pobre e Periférica, Sociedade Indígena e Sociedade Contemporânea, Direitos e Mundo do Trabalho, Direitos e Saúde Mental, Organização Política e Participação Popular na Saúde, Comunicação em Saúde, Sofrimento Psicossocial e Drogas, Movimentos Sociais, Desobediência Civil e Rebelião, Territórios e Produção da Saúde e, por fim, Gestão Democrática da Saúde.
Por falar em proposta..
Queremos falar, particularmente, do Espaço de Discussão Coletiva – Comunicação em Saúde que será facilitado por mim e Débora (coletivo de editoras da Rede HumanizaSUS).
É uma proposta cartográfica que estamos chamando de mapas afetivos, territórioS da comunicação e construção de redes. Não temos um “modelo” de como vai ser este espaço, mas temos uma pergunta de interesse.
Muito mais uma inquietação do que interesse.
Pensamos, também, que possa surgir uma discussão teórica sobre o assunto, então, vamos aproveitar os “estudos” de cada um para potencializar o “saber-comunicação-saúde” numa discussão coletiva.
Como vivenciamos a comunicação?
Essa poderia ser uma dimensão importante para pensar um “mapa afetivo”. Mas queremos girar o método e questionar: como os/as participantes cartografam os coletivos de comunicação (em saúde ou não), os movimentos sociais, as instituições do terceiro setor, da gestão pública, no SUS?
Ou, como desenham seu mapa? Podemos mapear os movimentos de comunicação? O que temos hoje de movimentos que pautam a comunicação em saúde (ou não)?
Todas essas interrogações podem fazer parte da primeira linha de pensamento que chamamos de mapas afetivos. Não é uma ideia nossa, mas, uma proposta de construir. Esse conceito veio de uma mesa que pude (eu, Allan) assistir da Raquel Rolnik (Faculdade de Arquitetura da USP) sobre o território da Luz e a criação de um mapa afetivo dos cortiços e pensões na região central de São Paulo.
Mapear os movimentos pode fornecer o segundo ponto de interesse da discussão coletiva que é formar territórioS na comunicação. Territorialização. “Investigar” quais territórios estão presentes nos espaços de atuação que habitamos. Qual é o nosso território de abrangência na comunicação? O que eu consigo alcançar e como eu alcanço?
Como construir um processo de territorialização da comunicação?
A terceira pergunta que nos mobiliza a construir um espaço de discussão coletiva mais propositivo é conversar sobre a questão da articulação de redes. Como podemos articular uma rede de comunicação no SUS como uma rede de produção de saúde?
Aqui, estamos colocando o SUS como um ponto de partida comum, para situar os participantes através de um território “fixo” e “estável”. Mas, por que não explorar as rádios e TVs comunitárias, a grande mídia (desafio macro-político da comunicação), a mídia alternativa, os movimentos que surgem nas periferias, as juventudes, a saúde mental, o terceiro setor, as instituições acadêmicas, a participação social e os sinais que vem da rua, acima de tudo!
Sobre a grande mídia, (ou mídia burguesa), esta, só pode ser pensada como integrante de uma rede de comunicação na construção do SUS a partir de estratégias de contra-manipulação. Os jornais e revistas que integram este grupo se posicionam historicamente contra o SUS, os serviços públicos de saúde e qualquer política democratizante, por ser a desigualdade a base sobre a qual construíram o monopólio da informação e do seu esquema de negócios com os bens e direitos públicos, entre eles a saúde.
O que será que falta para construir uma articulação de rede?
Então, para “sistematizar” ou propor um pensamento, as perguntas de interesse para a apoteose da comunicação, são:
Mapa afetivo
Qual a minha relação com a comunicação (história de vida, experiência e afetações)?
Quais movimentos de comunicação eu consigo identificar?
Eu me relaciono com esse movimento?
TerritórioS da comunicação
Quais territórios estão presentes na minha produção de vida (científica, cotidiana, política, entretenimento)?
Qual é o meu território na comunicação?
Eu consigo afetar e ser afetado?
Articulação de redes
Como podemos articular uma rede de comunicação?
Quais técnicas, dispositivos e ferramentas eu posso utilizar?
Como se aproximar desses movimentos e como convidá-los?
Queremos tratar dos agenciamentos e das redes de comunicação!!!
Por fim, como estratégia final, o diário de campo da DT pode ser interessante para cartografar uma ida aos diferentes “campos” da experiência. Um devir-escrita que possa dar conta da multiplicidade do acontecimento, das histórias e narrativas de cada um e cada uma para compor a Memorabilia do 15ª Congresso da APSP.
Mas, querer não é poder, ao mesmo tempo que desejamos algo, gostaríamos, também, de pactuar com o coletivo, em ato, o que os participantes querem fazer do espaço de discussão coletiva de comunicação e saúde.
O espaço está aberto para a produção de invenções, para o inesperado!
Por Maria Luiza Carrilho Sardenberg
Oi Allan,
Que idéia boa essa de descentralizar as discussões e produções de experiências afetivo-políticas.
Venham contar aqui como foi isso. Afinal este espaço também se configura como um mapa afetivo gigantesco sobre a saúde coletiva e cada vez mais aceita e inclui amorosamente mais relatos.