Messias/AL: Ambiência e Fluxograma Descritor na Humanização da Saúde Bucal Especializada

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Boa noite!!!

Esses relatos fazem parte das atividades propostas no Curso de Apoiadores da PNH – turma 1.2019 – Alagoas.

Após leitura do material proposto no módulo X – Gestão e Formação dos Processos de Trabalho e, releitura do HumanizaSUS_Documento Base para Gestores e Trabalhadores do SUS, ambos do Ministério da Saúde (2010), fez-se necessário refletir sobre qual o papel e definição da ambiência nas unidades de saúde para compreender sua interferência nos processos de trabalho, em especial no serviço onde exerço minhas funções – na Saúde Bucal de Messias/AL. Dessa forma, sinto-me à vontade em referenciar e especificar no meu relato o Centro de Especialidades Odontológicas do município ou CEO CÍCERO AMARO DOS SANTOS, onde contribuo como Coordenadora de Saúde Bucal. Então, fazendo parte da rede de Saúde Bucal de Messias/AL, desde 2008, esse conjunto ambulatorial de consultórios e serviços odontológicos de média complexidade representa um dos 25 CEO do Estado de Alagoas. É, dessa forma, um CEO tipo I, prestando serviços de referência odontológica nas especialidades de Cirurgia Bucomaxilofacial, Endodontia, Periodontia e Atendimento a Pacientes Especiais. Contempla ainda procedimentos de Odontopediatria, Radiologia Periapical e Diagnóstico Bucal. Portanto, é a garantia municipal de que as ações de Odontologia nos serviços de saúde de Messias são efetivadas de forma integral e resolutiva, a todos os usuários locais e em todas as condições de vida.

Então, com essa breve identificação, vamos à atividade, onde descreverei primeiramente a temática ambiência, vamos à atividade proposta.

Considerando ser o SUS um sistema ainda em plena mudança, onde as formas de organização do sistema, dos serviços e do trabalho em saúde necessitam de constantes debates, para que haja coerência nos modos de se produzir saúde e onde investir recursos para tal, ainda são percebidos muitos desafios para que a produção de saúde corresponda aos seus princípios e diretrizes tão significantes na rede de cuidados, tais como resolutividade, equidade, universalidade integralidade das ações.

Dentre esses desafios está a ambiência que representa uma das estratégias de valorização do trabalhador frente à promoção de melhorias nas condições de trabalho, através da ampliação de investimentos na qualificação dos trabalhadores. Qualificar a ambiência é uma forma de compromisso na melhoria não apenas das condições de trabalho, mas também do atendimento, refletidos na organização dos espaços de trabalho saudáveis e acolhedores.

Nessa perspectiva, a ambiência se comporta como um dos objetivos norteadores da implementação das ações de humanização da rede SUS, reafirmando os princípios da PNH e possibilitando a reorganização estrutural dos espaços de trabalho, por meio da adequação dos serviços ao ambiente e à cultura dos usuários, com respeito à privacidade dos mesmos e às condições laborais dos profissionais.

Sob esse aspecto, o ajuste da ambiência, através de espaços de trabalho saudáveis e acolhedores, coloca-se como uma das propostas da PNH, propiciando maior integração entre trabalhadores e usuários, em diferentes momentos, para implementação das atividades de valorização e do cuidado aos trabalhadores da saúde, sendo garantida por uma gestão participativa para trabalhadores e usuários. Além disso, complementando uma melhor estrutura laboral para profissionais e usuários e, com isso, garantindo ambiência favorável ao bem-estar dos que fazem parte dos processos de saúde, a Política Nacional de Humanização também propõe reorganizar o trabalho e reestruturar a rede de serviços responsável pela referência territorial e pela atenção integral, onde a primeira se dispõe a reduzir as filas e o tempo de espera para ampliar o acesso fundamentado em critérios de risco e, a segunda, aumentando os mecanismos de participação ativa da comunidade.

A partir dessas colocações, a ambiência pode envolver três eixos importantes para um espaço equilibrado a trabalhadores e usuários: confortabilidade, encontro entre sujeitos e facilitação do processo de trabalho.

A confortabilidade envolve a qualificação do espaço por elementos e parâmetros facilitadores à realização das atividades de saúde, propiciando privacidade, individualidade e conforto aos usuários e trabalhadores, além de respeito à diversidade e promoção do bem-estar. Dentre esses elementos e parâmetros estão: formas e dimensões dos espaços, acessibilidade, sinalização, iluminação, cheiro, sons e ruídos, cores, acesso a bebedouros e instalações sanitárias, higiene e manutenção, decoração e arte, entre outros. O encontro entre os sujeitos facilita a capacidade de ação e reflexão das pessoas envolvidas nos processos de trabalho, possibilitando espaço de reflexão e mudança de práticas, bem como favorecendo o acolhimento, a partir do exercício da escuta, da recepção e da interação entre usuários e trabalhadores. A facilitação dos processos de trabalho é uma consequência significativa de uma ambiência adequada, permitindo um atendimento humanizado, acolhedor e resolutivo, através da otimização dos recursos, da prevenção de acidentes, da biossegurança e da integralidade da assistência e do trabalho em equipe.

Com base nessa contextualização, a ambiência em um dos meus setores de trabalho, o CEO de Messias/AL – CEO CÍCERO AMARO DOS SANTOS – ocorre de forma bastante concreta, sendo garantida por uma gestão participativa que investe não apenas na adequação dos espaços, utilizando elementos que o melhoram e garantem acolhimento adequado, mas também na qualificação profissional, incentivando educação permanente e a integração entre trabalhadores e usuários, nos diferentes momentos de encontro entre os mesmos. Assim, o referido CEO, conforme alguns registros fotográficos a seguir, contempla entradas, recepção, sala de espera com cantinho da criança, arquivo, corredor, almoxarifado, consultórios (são 3 com o mesmo padrão), sala de esterilização, banheiros e copa, oferece ambiente físico, social e profissional planejado para uma atenção acolhedora, resolutiva e humana, promovendo relações interpessoais harmoniosas. Também tecnologias odontológicas importantes ao desempenho das funções dos profissionais, bem como componentes estéticos que oportunizam aos usuários acolhimento e bem-estar nos vários momentos que envolvem sua presença no setor, desde a chegada até a finalização do procedimento para o qual se propôs a serem atendidos, tais como boa luminosidade, rampas de acesso, temperatura confortável, barras de segurança, identificação nas portas de acesso a cada ambiente, sinalização nas paredes e ruídos toleráveis, dispondo, àqueles que são referenciados aos serviços especializados do CEO, componentes que valorizam o ambiente que os recebe.

 

Portanto, é possível perceber que a ambiência pode influenciar na valorização e na satisfação do trabalhador nos serviços de saúde, o que inclui a Saúde Bucal, oferecendo condições que oportunizem espaços seguros, funcionais, resolutivos e humanizados, democratizando relações e promovendo qualidade de vida no trabalho, o que impacta numa melhor prestação de serviços aos usuários. E essas condições podem ser contempladas por simples mudanças que influenciam positivamente na ambiência e nos espaços de saúde, a exemplo da organização dos consultórios com aproveitamento da melhor luminosidade e portas fechadas durante o atendimento ou de uma sala de espera com recursos multimídia (tv e vídeo).

Ainda, como forma de contemplar a atividade proposta, será feito um breve relato sobre fluxograma descritor e sua contribuição pra definir as linhas de cuidado, tomando como referência o vídeo do Professor Túlio Franco.

Então, o fluxograma descritor representa uma importante ferramenta de análise e autoanálise dos processos de trabalho, com vistas à melhoria das ações e das atividades executadas, exibindo graficamente todas as etapas percorridas pelo usuário no cotidiano dos serviços de saúde. É o percurso gráfico que compreende como o trabalho está organizado na atenção, ao mesmo tempo em que aponta os problemas verificados no processo de cuidado ao usuário.

Deve ser reconhecido tanto como uma ferramenta, sendo fundamental ouvir a narrativa desses processos de trabalho para entender a rotina das relações interpessoais nos ambientes de trabalho em todos os espaços das práticas de saúde, quanto como um processo de análise e de autoanálise, sendo fundamental para compreender todo o contexto laboral e o papel de cada sujeito no mesmo. O fluxograma descritor deve ser elaborado centrado no usuário, sendo esse, e sua demanda, guias de orientação para o sucesso das ações. Além disso, precisa ser construído com a própria equipe, tomando como ponto de partida todas as vivências laborais. Apesar de ser de livre execução, simbolicamente é elaborado pela equipe, pontuando os momentos relevantes nessa construção, utilizando elipse (entrada e saída), losango (decisão) e retângulo (ação), para registro das informações de importância a análise e autoanálise pretendidas. É pertinente explicar previamente à sua elaboração, principalmente esclarecendo o que é e para que serve o fluxograma descritor, de modo que seus objetivos possam ser alcançados no fim do processo. Nessa ferramenta, são registrados detalhes inerentes ao esquema gráfico, assim como os imprevistos, que também podem fugir do mesmo, a exemplo de sensações ou percepções do usuário em relação a determinado serviço e que precisam ser detalhadas.

Por fim, com relação à contribuição do fluxograma descritor na definição das linhas de cuidado, faz-se necessário considerar que o trabalho em saúde, e isso serve para Saúde Bucal, ocorre em rede, sendo composta por conexões e fluxos entre os sujeitos que dela fazem parte e, entre as ações que nela são executadas, formando entre as pessoas dessa ferramenta uma linha de cuidado que permite o acesso dos usuários aos recursos que irão atender às suas demandas e necessidades. Ou seja: a linha de cuidado é uma imagem utilizada para ajudar a expressar os fluxos assistenciais a serem percorridos pelos usuários nas redes de atenção, garantindo um cuidado integral. O fluxograma descritor é, portanto, um instrumento que auxilia na elucidação da linha de cuidado, representando, esquematicamente, esse percurso.

 

Obrigada!!!!