O coletivo de saúde do Piauí realiza a 4ª Oficina do Projeto AcolheSUS e avança na construção do Plano de Trabalho que será implementado no HEDA
Nos dias 25 e 26 de julho/2018, no município de Parnaíba/PI, aconteceu a 4ª oficina do Projeto AcolheSUS, um evento que marcou a finalização do Plano de Trabalho no Hospital Estadual Dirceu Arcoverde-HEDA.
A oficina contou com a participação de gestores e profissionais que compõem o Grupo Executivo Local-GEL, o Grupo Executivo Estadual-GEE/SESAPI e com a Enfermeira Ailana Lira, referência técnica da PNH/MS, que vem acompanhando/monitorando a implantação do Projeto no Estado.
Como dinâmica inicial, Ailana Lira disparou uma apresentação em dupla, onde cada participante teve um minuto para um diálogo e apresentação do seu par para o grupo. Para nortear a conversa foram feitas duas perguntas: Quem é você, e qual a sua paixão? A dinâmica, além do aquecimento do grupo, possibilitou conhecer um pouco da história de vida e da paixão que move cada um e como trabalhar e somar essas paixões. Foi um momento muito singular, recheado de afetos.
Na sequência, Ailana contextualizou a construção do projeto, fazendo um resgate dos movimentos anteriores nesse percurso. Na construção do Projeto foram priorizados três problemas para serem trabalhados no HEDA: 1- Superlotação do Pronto Socorro; 2- Reclamação dos usuários pela demora do 1º atendimento; 3- Redução da qualidade da assistência e aumento dos custos por permanência hospitalar acima do tempo necessário. Tais problemas estão vinculados aos três eixos priorizados pela Política Nacional de Humanização para melhoria e qualificação do cuidado: Acolhimento, Ambiência e Co-Gestão.
O primeiro momento de construção da oficina foi trabalhar uma matriz identificando a gravidade, a urgência e a tendência de cada problema levantado pelo coletivo de trabalhadores para o enfrentamento no HEDA. Para o ranqueamento foi utilizado o modelo da Matriz GUT, ferramenta bastante usada pelas empresas com o intuito de priorizar os problemas e consequentemente resolvê-los, levando em consideração suas gravidades, urgências e tendências mediante atribuição de notas. A discussão se deu em grupos de trabalho e cada grupo assumiu um dos problemas identificados no projeto para a construção da matriz.
Construída a matriz com os problemas qualificados, os grupos retornaram à grande roda, acontecendo ali o momento mais marcante da programação do dia: a discussão para identificar as esferas de governabilidade de cada atividade proposta para o enfrentamento dos problemas no hospital. Foi um momento rico de discussões e proposições, onde foi pensado e construído o cronograma de execução de cada atividade proposta para a implementação das melhorias, implicando setores de trabalho e responsabilizando pessoas.
A governabilidade sobre as mudanças propostas foi o foco principal das discussões do segundo dia da oficina, que contou com a participação da Diretora Geral do HEDA, Enfermeira Adrízia Fontinele, e da Diretora Clínica, Drª Nazaré Fonteles, cujas intervenções e contribuições se mostraram fundamentais nas pactuações necessárias para o Projeto.
Dentre as atividades pactuadas vale destacar a organização do Núcleo Interno de Regulação (NIR) do hospital, que busca o fortalecimento da gestão da clínica e consequentemente a qualificação do cuidado, garantindo agilidade no tratamento e na alta do paciente; a implantação da Clínica Ampliada no hospital, enquanto modelo de cuidado com o propósito de uma escuta qualificada, buscando ver o usuário para além da doença e da prescrição médica, e que leva em consideração o trabalho em equipe, valorizando os múltiplos saberes e a importância de cada profissional na garantia do cuidado integral do paciente. A discussão levantou o brilho no olho de cada um dos participantes, eis que a empatia é um sentimento forte no coletivo. Outra questão que suscitou muito debate foi a implantação do sistema de gestão de suprimentos, com o propósito de possibilitar um maior controle e qualidade do estoque de insumos. Também foi alvo de muitos debates a transferência de cuidado do paciente dentro e fora do hospital, no sentido de garantir um atendimento multidisciplinar com mais responsabilidade, vínculo e resolutividade.
Vale destacar também o chamamento para cadastro na RHS nas falas de Ailana Lira e Emília Alves, motivando os participantes a conhecer a variedade de matérias e a publicar suas experiências locais. A RHS foi apresentada como importante espaço de debates e de compartilhamento de narrativas sobre os diversos modos de produzir saúde, um lugar para compartilhar experiências e ampliar o diálogo sobre o SUS.
Houve um certo interesse de vários participantes em conhecer melhor a Rede e registrarem as suas práticas de trabalho.
Na avaliação dos participantes a oficina representou: “aprendizagem e construção”; “mudanças”; “responsabilidade e compromisso”; “Avanço; “construção coletiva”; “conhecimento”; “esperança”; “desafios”.
Por Emília Alves e Ioli Flores/membros do GEE
Por ioli piauilino
Talvez o maior desafio desta etapa tenha sido descobrir a governabilidade de cada um a partir dos espaços ocupados e do que se espera do trabalhador da saúde. As preocupações externadas dizem respeito a “o que eu posso fazer?”, ” com quem contarei pra me apoiar nessa ação?” “vou dar conta de tudo isso?”, “os colegas que nem estão na discussão vão aderir?”
Sem respostas, apostamos no caminhar do grupo e na nossa própria motivação para caminhar junto e apoiar.