A clínica ampliada é uma das diretrizes proposta pela Política Nacional de Humanização com a finalidade de qualificar o modo de se fazer saúde.
O Programa de Aproximação Progressiva à Prática da Faculdade de Medicina da Universidade do Oeste Paulista, no Campus de Presidente Prudente (PAPP/FAMEPP/UNOESTE) estado de São Paulo, insere os graduandos do Curso Médico desde o primeiro termo, em cinco Estratégias Saúde da Família (ESFs), localizadas nos municípios de Presidente Prudente e Álvares Machado. Em tempos de Pandemia pelo Covid 19, foram reduzidos os contatos presenciais dos estudantes dos termos iniciais, nas Unidades de Saúde dos dois Municípios.
A UNOESTE aposta na utilização de Metodologias Ativas de Ensino e Aprendizagem no Curso Médico, nos 3 Campi da IES.
Estudantes são estimulados pelos Facilitadores a colocar em prática os preceitos da Clínica Ampliada, nas discussões dos “Casos Disparadores e das Semanas Integradoras” que fazem parte da Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP), amplamente utilizada na Instituição de Ensino Superior (IES).
Os Coordenadores dos Termos 1 ao 5, no PAPP/FAMEPP/UNOESTE, participam mensalmente de Reuniões de Educação Permanente, que ocorrem no modo “on line” onde auxiliam nas ações de proposição curricular e na construção dos Guias do Tutor, de acordo com os temas escolhidos para os “Casos Disparadores” e “Semanas Integradoras”.
Os Facilitadores, após a reunião de Educação Permanente, avaliaram positivamente a “Ação de Capacitação” e concluíram que ampliar a clínica é aumentar a autonomia do usuário do serviço de saúde, da família e da comunidade.
Os docentes entenderam que os “Casos de Papel” priorizaram o fortalecimento da Autonomia dos usuários SUS, com ajuda das Equipes de Saúde, com foco na Ampliação da Clínica.
Os professores também entenderam a importância de integrar a equipe de trabalhadores da saúde, de diferentes áreas, na busca de um cuidado e tratamento de acordo com cada caso, com a criação de vínculo com o usuário (personagem do caso disparador).
Essa relação de respeito e confiança da equipe com o usuário SUS precisa ficar clara nos “Casos Disparadores” e nas “Semanas Integradoras).
A vulnerabilidade e o risco das pessoas precisam ser considerados nos “casos de papel”.
O diagnóstico, deve ser feito, nas “Semanas Integradoras” não só pelo saber dos especialistas clínicos, mas também precisa levar em conta a história de quem está sendo cuidado.
Coordenadores do PAPP consideraram que a ampliação da clínica deve observar os danos e os benefícios que podem ser gerados pelas práticas de saúde. Nos “casos de papel” deve aparecer que as equipes de diferentes especialidades compartilham a responsabilidade com os usuários e seu entorno.
Professores refletiram, na EP (Educação Permanente) Virtual, que o serviço de saúde pode acolher a queixa do usuário mesmo que a fala pareça não ter relação direta para o diagnóstico e tratamento, pois essa escuta auxilia o próprio usuário a descobrir os motivos de seu adoecimento, por exemplo.
Nos “Casos Disparadores” e nos Guias do Tutor deve aparecer a ampliação da escuta. Dessa maneira, o trabalhador da saúde, personagem dos casos simulados, busca junto ao usuário, os motivos pelos quais ele adoeceu e como se sente com os sintomas, para compreender a doença e se responsabilizar na produção de sua saúde.
Coordenadores do PAPP ressaltaram a importância das equipes estarem atentas para os afetos entre os trabalhadores e usuários, buscando a autonomia da pessoa diante do seu tratamento, ao mesmo tempo em que seu caso é tratado de forma única e singular.
No caso disparador no qual existe um usuário do SUS hipertenso, por exemplo. O personagem deverá ser cuidado de forma diferente de outro hipertenso, pois cada caso é um caso. Se o usuário do SUS, personagem do “caso disparador” estiver deprimido, isolado, desempregado, essas características vão interferir no desenvolvimento da sua doença. O personagem, usuário do SUS, precisa ser ouvido pelo profissional de saúde, no “caso disparador”.
Os professores que participaram da Atividade Virtual de Educação Permanente, consideraram como positiva a ação de capacitação, construída com foco na Clínica Ampliada.
Referências bibliográficas:
A clínica ampliada e compartilhada, a gestão democrática e redes de atenção como referenciais teórico-operacionais para a reforma do hospital – https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232007000400007
A formação médica e a clínica ampliada: resultados de uma experiência brasileira – https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232010000700083
Por Emilia Alves de Sousa
Importante postagem sobre um tema fundamental no trabalho em saúde. Não há como propor humanização dos processos de cuidado ignorando a clínica ampliada. Uma ação que valoriza a singularidade, autonomia e histórias de vida da pessoa.
E como colocar em prática essa ferramenta no cuidado em saúde, para além das discussões em equipe dos casos clínicos?
AbraSUS!
Emília