O que te move, profissional da saúde pública, a fazer diferente do que “todos” a sua volta fazem?
Por que você se inquieta com situações que acontecem todos os dias e todo mundo acha normal?
Por que você ainda acredita e defende um sistema único de saúde tão sucateado e caótico?
Como você ainda consegue falar de Humanização nesse campo minado?
Creio que todos aqui já se deparam, em algum momento, com esses questionamentos…deixo aqui essa pergunta para uma autorreflexão: O QUE TE MOVE?
Quanto a mim…eu me recuso a não me mover! O que me move é a dor do outro…
13 Comentários
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Por patrinutri
Adoro questões que me movam. Isto me diferencia das coisas… poder me mover.
Estar em movimento é me sentir viva. Mas para estra verdadeiramente viva preciso sentir que minha história se constrói em prol de um bem comum. Não existo sem outros. O comum me faz plena de vida.
Por isso me identifico tanto com a humanização, com estar em rede. Seguir com outros fazendo um caminho que constrói um mundo melhor: menos doente, mais igualitário, mais democrático, mais comum.
Obrigada pela provocação!
Seguimos em rede afetando os outros e sendo imensamente afetados por nós.
Muitas coisas me fazem mover. O compromisso profissional com o usuário, com a defesa da vida, com a minha saúde…
Por que você ainda acredita e defende um sistema único de saúde tão sucateado e caótico?
O SUS é a maior conquista social do povo brasileiro, conseguida a custa de muitas lutas/movimentos. Sabe-se que existe um SUS com muitos problemas e desafios que precisam de ajustes, mas existe também um SUS que dá certo, e que eu acredito e defendo.
Como você ainda consegue falar de Humanização nesse campo minado?
É este campo minado que me move também para falar de humanização. Vive-se num contexto de intolerância, de ódio, de desrespeito, de falta de ética com o outro, com o que é do outro, em todas as esferas. Humanizar as relações é necessário. Na saúde, principalmente, pois lidamos com a defesa da vida.
Valeu Aline pela provocação! Muito pertinente!
AbraSUS!
Emília
Por Angela Morais
Olá Aline…
Que oportuno o seu post!!! Compartilho totalmente da sua angústia… Estou há semanas me questionando exatamente sobre os sentidos do meu trabalho no contexto da saúde pública na nossa realidade brasileira…
Tenho sofrido muito com a indiferença de profissionais e gestores de saúde, com o descompromisso, egoísmo e irresponsabilidade de quem deveria lutar pela garantia do direito à saúde de qualidade. Tenho me consumido por acompanhar um processo caótico de demanda infinitamente maior que a oferta, no qual muitas vidas perecem e muito sofrimento aflora… Tenho experimentado uma solidão indescritível no meu meio, afinal, poucas e raras são as parcerias na efetivação de valores e princípios de humanização.
Impessoalidade, trocas vazias, falta de sentido, desrespeito… o que a maioria considera “normal” e “natural”, me indigna, me revolta, me desmotiva, me desanima…
Num momento de autoavaliação e autorreflexão, em que encerramos mais um ano e fazemos um balanço do que passou, o sentimento era de total frustração… Mas seu post me diz claramente que não estou sozinha nos meus ideais, que existem outras pessoas em outras realidades também lutando por um SUS de qualidade. Me faz pensar também sobre o que me move… e o que me move é exatamente o que te move, Aline: a dor do outro! Enquanto psicóloga, é a dor, a fragilidade, a vulnerabilidade que me movem, que me faz recomeçar a cada novo plantão, que me encoraja a seguir na luta por amenizar o sofrimento alheio! É pelos usuários desse sistema que luto! É neles que meu ser-profissional se reveste de sentido! É a eles que sirvo!
Também me recuso terminantemente a “acomodar com o que incomoda”, como diz uma bela canção de O Teatro Mágico! Resisto à mediocridade e à insensibilidade! Quero seguir sendo afetada pelas tantas histórias que cruzam meu caminho e que, muitas vezes, me provocam muito sofrimento! Assumo com toda a consciência e responsabilidade esse risco. Afinal, antes sofrer e continuar me movendo a estagnar e me tornar insensível à dor do outro!
Obrigada por traduzir meus sentimentos em seu post e por me instigar a refletir e a falar sobre isso!
AbraSUS carinhosos,
Angela
Olá Ângela,
Vejo que você é de Francisco Beltrão, Paraná. Somos então conterrâneas pois também sou paranaense, de Curitiba. E se formos caminhando pela busca de elos que unem e formam uma comunidade, havemos de encontrar muitas identificações. Somos ambas psicólogas também. Encontramo-nos aqui nesta rede pelos mesmos ideais de construção, ontem, hoje e sempre, de uma saúde pública para todos, o que é uma redundância, mas sempre é bom ressaltar.
Mas me pareceu que que em teu comentário e no espírito do post da Aline há algo ainda mais contundente e valioso para também ressaltar. Algo que faz ligação entre sujeitos e que é da ordem da vitalidade dos bons encontros, o acolhimento da dor do outro, como bem colocou a Aline. E não é à toa então que aqui nos encontramos – na RHS – prá instigar, compartilhar e contagiar em rede, num modo de estar juntos que se constrói por afetação recíproca.
Que teu bom e belo comentário se espraie por outros espaços ávidos de solidariedade.
abraSUS!
Por Angela Morais
Maria Luiza querida, bom dia!!!
Que alegria ler seu comentário… E que alegria poder partilhar desses bons encontros, como você coloca! A Rede tem me instigado, me provocado, me contagiado e, sobretudo, me convocado ao compartilhamento de ideias, experiências, ideais, sentimentos. Muito obrigada pelo retorno tão sensível e tão fraterno.
Um lindo 2018 para todos nós!!!
AbraSUS carinhosos
Angela
Por Sérgio Aragaki
A realidade não está pronta. Está em permanente construção. E dela sempre fazemos parte, tenhamos ciência ou não, de modo ativo ou mesmo na omissão. Portanto, o movimento potencializa que a gente se articule e lute para que se construa a realidade que a gente necessita e deseja, mesmo com tantos interesses e movimentos contrários. Pela equidade.
Por ALINE-LEMOS
Reflexões de fim de ano queridos companheiros!
É sempre bom saber que não estamos sozinhos no inquietante cotidiano de nosso fazer!
Tamo junto!!!
Linda reflexão. Somos profissionais que acreditamos num mundo mais justo e na saúde pública como um direito inalienável da pessoa humana. Nesse movimento de inquietação e de questionar o que parece natural, como a dor do outro e o anestesiamento das nossas práticas, precisamos renovar nossa garra e gritar forte que é possível fazer saúde de um jeito diferente. parabéns
Por um mundo mais justo!!!
Por ALINE-LEMOS
É isso!!
Por Maria Luiza Carrilho Sardenberg
Mover-nos é uma atitude política pois mostra que nos afetamos pelo que ocorre à nossa volta.
Teu post é oportuno e instigante, Aline.
abraSUS!