Na minha pesquisa do Mestrado em Ensino na Saúde da Universidade Federal de Alagoas – UFAL, que teve como título: O percurso formativo da humanização da saúde no discurso dos fisioterapeutas de uma unidade neonatal, encontrei como resultado um discurso semelhantes da maioria dos participantes, eles falaram que durante seu percurso formativo sobre a humanização foi visto “por alto”, “muito vago”, “nada pontual”, “não me recordo”, “nada específico”…
Este resultado despertou, em professoras de uma universidade pública, a ideia de trabalhar essa temática com alunos da graduação. A partir daí, recebi o convite da professora Clarissa Cotrim, da disciplina de Saúde da Criança, para realizar uma oficina sobre a humanização da saúde e manuseios em Neotatologia.
A oficina aconteceu na manhã do dia 15/06/19, de 8 às 12h, com alunos do 4° ano de Fisioterapia da Universidade de Ciências da Saúde de Alagoas – UNCISAL.
No primeiro momento foi feita uma roda de conversa que iniciou com os alunos se apresentando e falando sobre o que para eles significavam o termo “humanização”. Essa dinâmica teve como objetivo gerar uma aproximação com os alunos e discutir sobre os diversos sentidos do termo. Surgiram vários sentidos, principalmente ligados ao bom atendimento ao paciente/usuário, pouco foi falado sobre a saúde do trabalhador, até que no final surgiu no discurso de uma aluna a importância do cuidado com o profissional. Os alunos também relataram que pouco foi visto sobre o ensino da humanização na graduação até o presente momento, falaram que viram sobre a PNH, isoladamente, numa aula do primeiro semestre e que eles não vêem ou vêem pouco acontecer nas práticas de saúde. Que este tema não é discutido nas disciplinas, embora acreditem que seja importante e que a temática perpassa sobre todas as disciplinas. Outra observação importante feita pelos alunos foi sobre a humanização do ensino, os mesmo relataram que o cuidado com a saúde deveria começar na universidade e que por diversos motivos isto acaba não acontecendo.
Após essa discussão apresentei alguns conceitos sobre o SUS e a Política Nacional de Humanização (PNH).
Depois de discutirmos sobre a PNH a turma foi divida em dois grupos e sugerido que cada grupo discutisse entre si e fizessem uma dramatização de alguma situação sobre a humanização. Um grupo ficou responsável por apresentar uma situação positiva e o outro uma negativa envolvendo a humanização. Algumas palavras-chaves foram sugeridas: acolhimento, ambiência, pais, mulher grávida, recém-nascido, profissionais, escuta qualificada, UTI neonatal, gestores, equipe multiprofissional, roda de conversa e valorização dos trabalhadores.
Os dois grupos, durantes alguns minutos, encenaram uma situação que eles presenciaram ou que acreditavam acontecer no âmbito do SUS. A partir desta atividade, dinâmica e divertida, foi possível que eles experimentassem a humanização sob um novo olhar, de acordo com os sentidos que os mesmo atribuíram e com o que é preconizado pela PNH.
No último momento foram feitas estações de práticas e manuseios em neonatologia, sendo abordado: cuidados posturais no leito, banho, troca de fralda, posicionamento canguru, posicionamento do bebê na redinha e a terapia aquática no ôfuro. Foi utilizado como referência o Manual do Método Canguru do Ministério da Saúde.
Posso concluir que foi uma manhã bastante enriquecedora, onde a oficina pôde proporcionar aos alunos, a partir de seus conhecimentos prévios, participar de forma ativa, reflexiva e de forma horizontalizada sobre a discussão envolvendo a humanização da saúde e puderam perceber que a produção de saúde acontece em diferentes espaços, inclusive na universidade, como foi abordado nos discursos dos mesmos.
Por Larissa Dandara
Que legal Camila essa roda, parabéns. Infelizmente ainda é uma realidade em algumas universidades a ausência da discussão sobre a PNH, mesmo tendo o SUS como ordenador da formação dos trabalhadores de saúde. E é importante reconhecer, como você fez, que a PNH pode ser discutida nas diversas áreas da saúde, tenho certeza que você plantou a sementinha da humanização nos alunos.