Olá, nos chamamos Camila Teixeira e Riccardo Almeida, acadêmicos do 4° semestre do curso de graduação em Psicologia, pela Faculdade Integrada de Santa Maria/FISMA. Nosso post faz parte da disciplina de Introdução à Psicologia da Saúde orientada pelo professor Douglas Casarotto de Oliveira.
O artigo que será utilizado como referência de nosso estudo faz parte do livro caderno Humaniza SUS (2015): “Para Além e Aquém de Anjos, Loucos ou Demônios: Caps e Pentecostalismo em Análise1/Luana da Silveira Mônica de Oliveira Nunes”
O artigo faz uma analise da subjetivação da loucura, ou seja, dos diversos nomes atribuídos a loucura, mas nunca o seu reconhecimento verbal. Trata-se de um estudo qualitativo em que quatro usuários do CAPS e também filiados às igrejas pentecostais, juntamente com integrantes da equipe são colocados a discutir o quanto que a igreja tem de interferência na vida destes usuários e logicamente no tratamento da equipe, haja vista que a loucura é tratada pela igreja como sendo uma possessão demoníaca e que mobiliza inclusive rituais de exorcismo. Paradoxalmente foi constato que estas igrejas, de certa forma, possuem dentro das suas particularidades maneiras de promover a inclusão social e produção de novos estímulos para a experiência da loucura.
Traz a importância de um olhar mais apurado entre a saúde mental e a religião na vida dos usuários e das famílias destes, pois a religião fortalece laços de pertencimento e valorização do humano dentro da igreja, o usuário sente-se valorizado e compreendido num mundo onde ele já não se encontrava mais, era perdido e sozinho.
O artigo mostra que, de um lado temos a ciência e de outro temos a religião, e que o melhor dos mundos é a cooperação mútua entre as duas, em todos os aspectos a religião complementa e precisa ser também acolhida como ponto importante da vida do usuário e seus familiares, pois a todo momento a fé é demonstrada com termos usuais da igreja e palavras de agradecimento que demonstram o quanto a igreja esta inserida na vida deles.
Os usuários e familiares conseguem diferenciar onde está o espaço da agência de cura ou tratamento da religião, o que fortalece ainda mais o papel do CAPS na vida de cada um, mostra o quanto o CAPS é referência quanto a tratamento.
É importante que o meio religioso seja reconhecido pela equipe de profissionais, no seu contexto amplo, para que de alguma maneira o usuário sinta-se acolhido também na parte em que ele acredita, na parte em que ele se apoia quando não está sob os cuidados do CAPS.
O artigo traz também, constatações necessárias à discussão, a rede veio para ser uma substituta aos hospitais psiquiátricos, mas na verdade, não consegue passar do papel de uma rede alternativa e complementar ao hospital psiquiátrico, pois segundo dois dos usuários entrevistados, eles não têm o CAPS como referencial nos momentos de crise, que em crise eles tem o hospital como referência e que nestes momentos eles passam a ser meros são estranhos para o CAPS.
Em suma, para além de defesas pró ou contra uma melhor integração da religião junto aos atendimentos da loucura ou de loucos, desmistificando saberes e poderes, olhando para o que é de fato importante para aquele que chega precisando mais de auxílio do que de exclusões, sejam lá quais forem.
Novas experimentações são necessárias para se ter uma maior abrangência da territoriedade das medidas terapêuticas, para que não fiquem somente na superfície do tratamento, mas que se insiram no meio ambiente em que o usuário também está inserido.
ANDRADE, 2002; RABELO, 1993; ANTONIAZZI et al., 1994.
ALTOÉ, S. (Org.). René Lourau: analista institucional em tempo integral. São Paulo: Hucitec, 2004.
ANTONIAZZI et al. Nem anjos nem demônios: interpretações sociológicas do pentecostalismo. Petrópolis: Vozes, 1994.
BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde mental no SUS: os centros de atenção psicossocial. Brasília, 2004.
Por Sérgio Aragaki
Gostei da síntese. Mas fiquei curioso em saber o que vcs refletiram a partir daí… quais os entraves e quais as possibilidades para produzir um cuidado antimanicomial respeitando-se a religiosidade das pessoas? Será que a ética nos ajuda nisso? O que será que a PNH tem a nos oferecer para colaborar nesse processo?
Seguimos na Luta Antimanicomial, Antiproibicionista e Desmedicalizante!
AbraSUS!