Plantando (ou tentando plantar) a sementinha do acolhimento em um CAPS III em Paulista – PE
De onde venho e de onde estou, o acolhimento é sentindo e vivenciado em um sorriso, uma escuta, um perto de mão e um abraço (em condições normais), por exemplo.
O nordestino tem a “fama”, por assim dizer, de acolhedor, de estar junto, estar próximo. Esse é o acolhimento que está presente nas relações cotidianas e afetivas do nosso dia a dia. Contudo, o acolhimento nas instituições de saúde tem um sentido diferente, e foi nessa “pegada” da produção de sentidos sobre o acolhimento que me motivou a sugerir e realizar junto com a equipe do CAPS III uma formação interna.
A proposta de realizar a formação interna surgiu a partir dos diferentes sentidos que circulavam lá no CAPS III onde atuo. O sentido mais presente era aquele que colocava o acolhimento como um tratar bem o usuário, ser educado, tratar com “gentileza gera gentileza” (como tem umas plaquinhas espalhadas no serviço). A proposta foi dada durante a nossa reunião semanal em um momento que a discussão estava “calorosa”. Os profissionais presentes aceitaram e na reunião seguinte foi realizada a formação interna.
Tive a ideia de pedir orientação a Sergio Aragaki, que é consultor da Política de Humanização e foi meu professor durante meu período de Residência Multiprofissional (orientar também é acolher!). Conversamos bastante, e por fim foi construída a proposta de conversar no CAPS sobre o acolhimento de forma ampliada e seguindo os princípios, diretrizes e método da Humanização do SUS.
A formação interna aconteceu no dia 19 de janeiro de 2021, durante a reunião semanal. A equipe tentou seguir os protocolos preconizados pelo SUS: uso de máscara o tempo inteiro e utilização de álcool em gel. Não apresentavam sintomas respiratórios naquele momento. Estavam presentes cuidadores (a), psicólogos (a), enfermeiros (a), técnica de enfermagem, assistente social, assistente administrativo e o gerente administrativo.
Inicialmente foram confeccionadas 5 frases de vivências de acolhimento em diferentes situações e espaços de trabalho no SUS. As frases foram colocadas na mesa e os profissionais escolheram aquela em que já vivenciaram. Cada frase estava articulada a um eixo temático de acolhimento selecionado previamente para discussão. Assim, por exemplo, na frase “como você se sentiu ao ser acolhido na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) a partir de seu quadro clínico de saúde (mais leve, moderado ou grave), a frase foi relacionada ao eixo temático Acolhimento com Classificação de Risco. Os eixos temáticos escolhidos foram acolhimento com classificação de risco, valorização da saúde do trabalhador, acolhimento e articulação em rede, acolhimento e PTS, e acolhimento e clínica ampliada.
Foi dialogado a respeito das vivências articuladas com cada eixo temático. Foram trazidos recortes de texto da Política de Humanização do SUS que falavam sobre o respectivo eixo temático. Por fim, os recortes de textos foram expostos em uma cartolina. A discussão continuou com a equipe trazendo suas experiências e finalizou com o que haviam achado da formação. Percebi que essa atividade foi vista de forma positiva.
Estudar sobre o acolhimento me fez perceber que ele é carregado de múltiplos sentidos; é carregado de múltiplos afetos; e é relacional, em ato! O acolhimento vai desde uma orientação/relação profissional – professor até as mudanças de práticas quando realizamos um acolhimento efetivo, dialógico e articulado. Espero ter plantado a sementinha do acolhimento no CAPS III. Espero também que, se plantada, a sementinha cresça, se ramifique, produza frutos potentes por diferentes espaços e serviços no SUS.
Por patrinutri
Que boa notícia Franklin! Fico feliz pelo trabalho e pela parceria com o Sergio Aragaki. Muito bom tê-lo de volta por aqui! AbraSUS!