Pluralidade de Emoções – Relato de Experiência no CAPS Dr. Rostan Silvestre, Maceió/AL
Se eu fosse resumir em uma palavra minha experiência no CAPS seria “surpreendente”. De fato, estudamos na teoria a ideia de serviços comunitários na saúde mental, porém, durante os 5 anos da graduação em Medicina, não havia tido nenhum contato mais próximo de como realmente funciona a rotina de um CAPS. A começar, o ambiente de acolhimento é evidente, tive experiências positivas com os profissionais, pois era perceptível o cuidado com os usuários. Desde conhecer o nome de todos, saber de suas histórias, suas angústias, até questionar sobre seus sentimentos naquele momento, diariamente.
A variedade de atividades ofertadas pelo CAPS Dr. Rostan Silvestre permitiu que eu emergisse em diversas histórias e emoções. Pude acompanhar acolhimentos que me tocaram, foi perceptível a cautela com cada pessoa, principalmente em fazer o planejamento terapêutico de acordo com suas necessidades individuais. Presenciei uma usuária extremamente grata ao Grupo Terapêutico por ter elevado sua autoestima, e tê-la feito buscar cuidar-se, exercitar-se e sentir-se “bonita” novamente. Pude observar os benefícios da Auriculoterapia, e seu impacto positivo na rotina dos que necessitavam. Participei de Oficinas de Teatro e de Música, e foi muito interessante ver como práticas alternativas, de fato, auxiliam na terapêutica. Outro ponto forte da minha vivência foi poder conhecer e conversar com os moradores de uma Residência Terapêutica vinculados a este CAPS, momento crucial para entender melhor os desafios, avanços e retrocessos da saúde mental no Brasil. Era evidente que os usuários se sentiam em casa, e faziam uns dos outros uma grande família.
Para mim, foi de extrema relevância ver de perto o papel do CAPS, do quão benéfico ele pode ser na vida de seus usuários, de entender que é preciso lutar por ferramentas mais humanísticas que enxergam o indivíduo como um ser psicossocial, cujas necessidades vão além de medicamentos, de perceber que uma equipe multiprofissional é de grande importância, e que existe muita coisa a ser explorada por trás de uma patologia mental. Finalizo com uma frase de Nise da Silveira, que resume bem meu sentimento após meus dias vividos no CAPS: “Não se curem além da conta. Gente curada demais é gente chata. Todo mundo tem um pouco de loucura. Vou lhes fazer um pedido: Vivam a imaginação, pois ela é a nossa realidade mais profunda. Felizmente, eu nunca convivi com pessoas ajuizadas. É necessário se espantar, se indignar e se contagiar, só assim é possível mudar a realidade…”
Adriane Gomes de Souza Silva, estudante do 9° período de Medicina (UFAL) – Relato de experiência no CAPS Dr. Rostan Silvestre, Maceió/AL.
Por Bernardo Suruagy
De fato, posso fazer das palavras de Adriane as minhas, sem sombra de dúvidas. Minha experiência no CAPS Dr. Rostan Silvestre, na Jatiúca, foi incrivelmente enriquecedora. Durante a graduação, ouvíamos repetidamente o nome “CAPS”, e sua função, vez ou outra, nos era ensinada. Contudo, apenas a vivência presencial com os usuários lhe ensina o que é, como funciona e a importância da existência dos CAPS. Participei de grupos terapêuticos, rodas de conversa, oficinas terapêuticas, de meditação e auriculoterapia, aulas de teatro e de atividades físicas com os demais usuários, e foi extremamente engrandecedor ver a participação e o claro benefício dessas atividades para os usuários. Pude conhecer suas histórias, suas alegrias e suas tristezas, e como o CAPS lhes ajudava. Era evidente que todos se sentiam bastante acolhidos pela equipe e confortáveis naquele ambiente, como também nos sentimos (estagiários) graças à receptividade de todos os profissionais. Só agradecimentos pela experiência!
Bernardo Alencar Suruagy Motta, estudante do 9° período de Medicina (UFAL) – Relato de experiência no CAPS Dr. Rostan Silvestre, Maceió/AL.