Primeira visita domiciliar

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No dia 15 de outubro de 2021, eu e meu grupo realizamos uma visita domiciliar à senhora MFS, 68 anos. No local, conversamos com a referida e pudemos estabelecer um mínimo vínculo de amizade. Foi-nos relatado, pela própria M., que ela passou por um tratamento contra um câncer de mama, tendo realizado a mastectomia e recebido alta. Também nos foi informado de que ela é dependente, exclusivamente, do Sistema Único de Saúde, SUS, para obter atendimento médico.

Além disso, a anfitriã nos informou que foi fumante, é hipertensa, diabética (insulinodependente), apresenta colesterol elevado e está devidamente vacinada contra a COVID-19. Na moradia, ela afirma morar com um filho, que, às vezes, realiza trabalhos informais para ajudar no sustento da residência, além de ter, recentemente, perdido um outro filho, vítima de falência múltiplas dos órgãos.

Eu e meu grupo pudemos notar que a senhora M., aparentemente, sentia-se solitária e precisando de alguém para conversar, o que tornou a nossa visita muito enriquecedora e agradável. Indubitavelmente, essa experiência contribuirá, em muito, na minha formação profissional.

Ao retornar à ESF, Estratégia de Saúde da Família, relatamos as experiências vividas com a orientadora, Prof.a R. e com o Dr. M., médico da ESF, que nos pediu para que realizássemos uma pesquisa a respeito das Fases Do Luto, que será anexada abaixo.

 

AS FASES DO LUTO E LUTO PATOLÓGICO

A psiquiatra suíça Elisabeth Kübler-Ross (1926 – 2004) publicou, após um estudo realizado com estudantes de medicina, entrevistando pacientes que recebiam diagnóstico de doenças terminais, o livro On Death and Dying onde relatou sua recém-formulada teoria: o processo de luto, valendo tanto para pacientes que receberam prognóstico ruim quanto para aqueles que perderam seus entes queridos, seria dividido em 5 fases, a saber;

I.        NEGAÇÃO: normalmente a primeira fase do processo de luto, onde a pessoa tenta, para si mesma, negar a realidade que a cerca, não acreditando realmente na morte do seu ente querido ou no seu diagnóstico.

II.        RAIVA: nessa fase, a pessoa passa a sentir raiva do acontecimento e, mesmo sem lógica, passa a descontá-la em qualquer coisa que ela queira, como por exemplo na equipe de saúde que não salvou a vida de seu ente, na própria vida por ser injusta ou em si mesma por não ter sido capaz de reverter a situação.

III.        BARGANHA: a pessoa passa a negociar com Deus (ou com a entidade de sua crença) coisas como “Deus, se me der apenas uma chance eu farei tudo diferente” ou “já que ele vai morrer, suplico que seja de maneira indolor”. Normalmente, essa fase segue acompanhada de um forte sentimento de culpa, mesmo que ela não exista.

IV.        DEPRESSÃO: a pessoa passa por um processo semelhante ao da depressão, com os mesmos sentimentos, mas que não é, na maioria dos casos, uma condição patológica na qual necessite de intervenções medicamentosas ou psicoterápicas.

V.        ACEITAÇÃO: a última fase do processo de luto. Aqui, a pessoa aceita a realidade e que não irá mais conviver com seu ente querido. Daqui para a frente, tende a dar um outro significado à sua vida e compreender que as coisas serão diferentes a partir de agora.

Pode ocorrer um estado em que a pessoa, normalmente por não conseguir passar pelo processo de luta, estagnar-se na fase depressiva, sofrendo por muito tempo e não conseguindo sair dessa condição sem auxílio. Essa condição é denominada Luto Patológico e possui causas multifatoriais e psiquiátricas, normalmente necessitando de intervenção com medicamentes antidepressivos e psicoterapia.

Referências Bibliográficas:

Marques, Joana F. P. Luto Patológico – Revisão Baseada na Melhor Evidência. Universidade de Lisboa.

Netto, José V. G. As Fases do Luto de Acordo Com Elisabeth Kübler-Ross. Unicesumar/PR, 2015.