Projeto Piloto para Saúde Auditiva em Escolares.

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PROJETO PILOTO PARA SAÚDE AUDITIVA EM ESCOLARES – FACULDADE DE MEDICINA DE PRESIDENTE PRUDENTE – SP.

De acordo com o último relatório da OMS1 sobre Audição, a perda auditiva, se não identificada e cuidada, pode ter consequências profundas afetando o desenvolvimento de fala e de linguagem, de bem-estar psicossocial, de qualidade de vida, de desempenho educacional e de independência econômica em vários estágios de vida. Várias das causas de surdez podem ser prevenidas.

Doenças comuns do ouvido, infecções de ouvido, doenças preveníveis por vacinas, exposição a ruídos e produtos químicos podem colocar em risco a audição de pessoas em diferentes idades. Mitigar esses riscos, através de ações de saúde pública, é essencial para lidar com a perda auditiva

A literatura aponta que crianças em idade escolar apresentam algum tipo de alteração da audição, a maior parte por acúmulo de cera ou otite secretora, tratáveis, que interferem no desenvolvimento das habilidades auditivas e no rendimento acadêmico. Ainda que transitórias e de grau leve, estão associadas a dificuldades: déficits na aquisição de vocabulário, habilidades articulatórias, desatenção, entre outras.2

O desenvolvimento auditivo e da fala/linguagem deve ser observado pelo profissional da Saúde, pelos pais e pelos educadores. Dessa maneira, órgãos relacionados à Fonoaudiologia no Brasil propuseram (2018) a aplicação de instrumento de avaliação auditiva e indicaram para ser referência para o Ministério da Saúde.

O protocolo, organizado para os diferentes ciclos de vida, prevê que pessoas identificadas com possíveis alterações auditivas devem ser direcionadas às Unidades Básicas de Saúde (UBS), onde serão encaminhadas para avaliação Otorrinolaringológica e Fonoaudiológica na Rede de Atenção à Saúde Auditiva de sua referência. Se necessário, devem ser submetidas a intervenções clínicas (remoção de cerúmen, tratamento das otites e problemas respiratórios, entre outras) ou encaminhadas para tratamento na rede especializada.

Para a Educação Infantil (0 a 5 anos) e para o Ensino Fundamental, os principais objetivos são: identificar educandos com possíveis sinais de comprometimento auditivo e orientar sobre os cuidados com a audição.

Nesse sentido, o Curso de Medicina da Faculdade de Medicina de Presidente Prudente, da Universidade do Oeste Paulista -SP, organiza junto à disciplina de PAPP III – Programa de Aproximação Progressiva à Prática, um projeto piloto para ser implantado, com duração anual. Os acadêmicos de terceiro termo serão capacitados, em pequenos grupos e junto aos docentes da disciplina, para atividades que componham a futura aplicação de Programa de Triagem Escolar, a ser realizado no semestre letivo seguinte, quarto termo letivo. Esse Programa prevê a aplicação de um questionário específico de audição e de linguagem, realização de meatoscopia e rastreamento auditivo com instrumentos sonoros e equipamentos audiológicos.

Assim, em trabalho multidisciplinar, mediante atuação de fonoaudiólogos, médicos, enfermeiros e acadêmicos com a colaboração dos educadores da rede e dos familiares, será posta em prática uma série de medidas no sentido da identificação de crianças com alterações com os devidos encaminhamentos. As orientações sobre saúde auditiva serão realizadas e se acredita que medidas educativas farão diferença na prevenção de alterações relacionadas à audição, fala, linguagem e aprendizagem. Conforme os resultados obtidos no Programa, as crianças que necessitarem serão encaminhadas para o atendimento na Rede para os devidos cuidados.

Segundo o Ministério da Saúde3, a ação de saúde auditiva no âmbito do PSE (Programa Saúde na Escola) consiste na formação de rede intersetorial com integração entre os setores de educação e saúde, capacitação de educadores e comunidade. Igualmente importante é o levantamento e a análise dos dados epidemiológicos sobre a saúde auditiva dos educandos, de cada território, para a realização do fluxo de contrarreferência; orientação dos educadores sobre a inter-relação entre os problemas auditivos, de linguagem/fala e a aprendizagem, bem como apoio/concretização das ações promotoras de saúde.

Referências:

1 – World report on hearing. Geneva: World Health Organization; 2021. Licence: CCBY-NC-SA 3.0 IGO.https://www.who.int/teams/noncommunicable-diseases/sensory-functions-disability-and-rehabilitation/highlighting-priorities-for-ear-and-hearing-care

2 – Instrumento para realização da ação de promoção da saúde auditiva e identificação de educandos com possíveis sinais de alteração auditiva. http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/documentos/instrumento_saude_auditiva.pdf

3- Promoção da Saúde Auditiva. http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/documentos/pse/orientacao_geral_saude_auditiva.pdf