Promovendo a Humanização em Saúde em uma Instituição de Longa Permanência para Idosos
Promovendo a Humanização em Saúde em uma Instituição de Longa Permanência para Idosos.
Como parte da disciplina de Humanização e Formação em Saúde do Mestrado Profissional em Ensino e saúde da UFAL, elaboramos um projeto intervenção em uma unidade de Longa Permanecênia de idosos(ILPs) que conseguisse abordar os principais temas das disciplinas na rotina prática dos cuidados da Fisioterapia em idosos. A disciplina foi ministrada pelo Prof. Sergio Aragaki e o trabalho foi realizado pelos alunos: Thayná Almeida,Alessandra Figueredo e Marcelo Calazans.
O envelhecimento maciço da população que foi um grande feito superado do século XX se torna um grande desafio para o século XXI. Esse contingente populacional exige muito mais das infraestruturas das cidades e principalmente do setor saúde. Além disso, não basta que as pessoas aumentem sua expectativa de vida, é preciso que isso venha acompanhado com qualidade e bem estar coletivo pra essa população. Por isso é necessário que se tenha cada vez mais uma política pública que consiga esse envelhecimento “saudável”.
Dentro desse contexto e pelas dinâmicas das famílias( que mudou muito nas últimas décadas) é que aparece as ILPs. Essas instituições tem critérios de funcionamentos bem rígidos no Brasil desde a RDC 2005 da Anvisa que estipula condições mínimas de seu funcionamento, apesar de não desenvolver muito os princípios da Humanização.
Dentro desse conceito, o idoso se encontra em um momento de muita fragilidade bio-psiquico-social e necessita de um suporte integral a suas demandas. A fisioterapia por está 2 x por semana em contato e trabalhar fundamental com o componente da funcionalidade consegue atender várias dessas demandas simultaneamente se usar por exemplo a autonomia e transversalidade no atendimento desses idosos.
Dessa inquietação é que nasce a proposta de intervenção que foi aplicada com o objetivo de melhorar a prestação do cuidado ao paciente internado. Com ajuda de estudantes do curso de fisioterapia( e trabalhando em paralelo a questão de ensino-saúde-trabalho) propomos e realizamos 4 principais tarefas:
1. Crachás humanizados: pensando nas adaptações do contato visual por trás das máscaras, luvas, viseiras, jalecos e dos equipamentos de proteção individual, surgiu a ideia da confecção de crachás “humanizados”, já que um dos relatos dos idosos é não mais conseguir ver o rosto dos profissionais devido a paramentação.
Os crachás agora, com mais que o nome, ganhou uma foto do profissional sorrindo, com o rosto descoberto, uma foto descontraída. Assim, a face mais humana do profissional é revelada.
2. Vídeo chamadas: com o objetivo de diminuir a saudade dos entes queridos e manter o equilíbrio emocional, a tecnologia se fez indispensável no momento. A realização de vídeo chamada se mostra a forma de comunicação mais próxima possível, sem que cause nenhum risco de contaminação, mantendo o distanciamento social que se faz substancial nesse momento.
3. Caminhadas: para estimular a manutenção da condição física e preservar a independência do idoso, associado ao apelo de um dos residentes da instituição em “ver o mundo” após esse tempo de mais de um ano em isolamento, foi criada a prática da caminhada ao redor da instituição, seguindo os protocolos de distanciamento e higienização, acompanhados dos acadêmicos. Foi possível analisar que além do objetivo físico, o momento auxiliou como prática de lazer, inserção em práticas sociais e diminuição do sentimento de abandono e exclusão relatados pelos mesmos nesse enfrentamento da pandemia.
4. Café amigo: a fim de melhorar o convívio social entre os residentes da instituição, os acadêmicos promoveram uma manhã diferente do habitual com a realização do “Café amigo”, que consistia numa espécie de confraternização dispondo de alimentos saudáveis, música, vídeos e rodas de conversa. A união desses quesitos possibilitou um momento de descontração, quebra da rotina e extrema alegria aos participantes que há mais de um ano não participavam de nenhum evento social.
Vale ressaltar que todas as medidas de segurança e protocolos de higienização
foram realizadas e que os idosos participantes encontravam-se vacinados contra a COVID-19.
Foi uma experiência muito rica que nos proporcionou muitas reflexões de como é possível realizar transformações na vidas das pessoas, quando conseguimos aproximar os usuários, trabalhadores e a gestão com o objetivo de humanizar as práticas de de assistência da fisioterapia em saúde.
Por Sérgio Aragaki
Ter uma escuta qualificada, que abre espaço para reflexões que orientam mudanças para melhoria das práticas é fundamental para humanização do cuidado. Parabéns ao grupo!