PROPOSTA DE HUMANIZAÇÃO EM INTERNAÇÃO HOSPITALAR: fortalecer vínculos e aprimorar cuidado

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UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES
PRÓ-REITORIA DE ENSINO, PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
CÂMPUS DE SANTIAGO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE ENFERMAGEM

JANAINA DA SILVA CARVALHO

PROPOSTA DE HUMANIZAÇÃO EM INTERNAÇÃO HOSPITALAR: fortalecer vínculos e aprimorar cuidado

SANTIAGO – RS
2017
JANAINA DA SILVA CARVALHO

PROPOSTA DE HUMANIZAÇÃO EM INTERNAÇÃO HOSPITALAR: fortalecer vínculos e aprimorar cuidado

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Enfermagem, Departamento de Ciências da Saúde da Universidade Regional do Alto Uruguai e das Missões – Câmpus de Santiago.

Orientadora: Profª Enfª. Esp. Carla da Silveira Dornelles

SANTIAGO – RS
2017

JANAINA DA SILVA CARVALHO

PROPOSTA DE HUMANIZAÇÃO EM INTERNAÇÃO HOSPITALAR: fortalecer vínculos e aprimorar cuidado

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Enfermagem, Departamento de Ciências da Saúde da Universidade Regional do Alto Uruguai e das Missões – Câmpus de Santiago.

____________, ____ de ______de 2017.

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________
Orientador (a) Prof ªEnf ª Ms. Esp. Carla da Silveira Dornelles
Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Câmpus de Santiago
______________________________________________
Prof ªEnfªEsp. Patricia Bitencourt Toscani Greco
Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Câmpus de Santiago
______________________________________________
Prof ªEnf ªMs. Sandra Ost Rodrigues
Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI Câmpus de Santiago

Dedico este trabalho primeiramente а Deus, pоr ser essencial еm minha vida, autor dе mеυ destino, mеυ guia, socorro presente nа hora dа angústia.
Aos meus filhos Alda Julia e Mathias que sempre me apoiaram e entenderam a minha ausência me incentivando para que eu pudesse chegar até aqui.
Ao meu irmão Claiton (in memorian), que partiu e não pode fazer parte da realização desse sonho.
As minhas amigas Elsa e Roselaine que a todo momento me fizeram acreditar que meu sonho era possível.
A minha orientadora Carla da Silveira Dornelles que acreditou que sou capaz e não mediu esforços para me ajudar.

“A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém viu, mas pensar o que ninguém ainda pensou sobre aquilo que todo mundo vê”
(Arthur Schopenhauer)
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

MS – Ministério da Saúde
PNHAH – Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar
SUS – Sistema Único de Saúde
PNH – Política Nacional de Humanização
PE – Processos de Enfermagem

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO…………………………………………………………………………………………… 7
2 REVISÃO DA LITERATURA……………………………………………………………………… 11
2.1 Política Nacional de Humanização (PNH)………………………………………………. 11
2.2 Programas Nacionais de Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH)……………………………………………………………………………………………………. 16
2. 3 A enfermagem e humanização do cuidado e da saúde………………………….. 20
3 PERCURSO METODOLÓGICO…………………………………………………………………. 23
3.1 Cenário da prática assistencial……………………………………………………………… 23
3.2 Participantes da prática assistencial……………………………………………………… 24
3.3 Atividades compartilhadas do conhecimento sobre humanização……………………………………………………………………………………………… 24
3.4 Aspectos éticos…………………………………………………………………………………… 29
4 DESCRIÇÃO E DISCUSSÃO DA PRÁTICA ASSISTÊNCIAL…………………………………………………………………………………………. 29
CONSIDERAÇÕES FINAIS…………………………………………………………………………..33
REFERÊNCIAS…………………………………………………………………………………………… 35
APÊNDICE(S)…………………………………………………………………………………………….. 39
APÊNDICE A – Questionário sobre humanização em ambiente hospitalar…………. 40
APÊNDICE B – Folder Humanização……………………………………………………………… 41

RESUMO

A Humanização é um termo de difícil conceituação, pois pode apresentar características subjetivas e complexas podendo assumir distintos significados, em razão de diferenças culturais e de valores individuais. Neste contexto a humanização no ambiente hospitalar faz-se necessária como fator indispensável durante o processo de cuidar. Desta forma o objetivo desta prática assistencial foi compartilhar conhecimentos sobre a PNH e a PNHAH para os pacientes e seus familiares e para trabalhadores da enfermagem e da saúde. Durante a prática assistencial desenvolvida com a equipe de enfermagem, usuários, seus familiares e a gestão, foram realizadas atividades relacionadas às ações de humanização durante o processo de internação hospitalar sendo implantada no período de agosto a novembro de 2017 em um Hospital de médio porte da região centro-oeste do RS nas Unidades Clínico Cirúrgicas (U200 e U300). Foi realizada ainda a elaboração de um folder explicativo sobre o PNHAH e a PNH que foi entregue a equipe de enfermagem. Foi perceptível a satisfação dos pacientes aos cuidados da equipe, relataram maior envolvimento, cautela na realização de práticas e disponibilização de informação. O que acabou não sendo tão visível na assistência dos profissionais da enfermagem. Destaca-se a dificuldade em reunir o grupo devido a demanda de serviço na unidade, e a falta de tempo. Amparados nos aspectos éticos temos a Lei do exercício profissional da Enfermagem resolução COFEN n° 311/2007 que regulamenta sobre a lei n° 7.498/86 de 25 de junho de 1986. A Resolução CNE/CES N° 3, DE 7 DE NOVEMBRO DE 2001, que institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação de Enfermagem, foi reservado ao sujeito o direito de escolha para sua participação.

Palavras chave: Humanização. Hospital. Enfermagem.

ABSTRACT

Humanization is a term difficult to conceptualize, one can present subjective and complex characteristics and can assume different meanings, due to physical culture and individual values. In this context, a humanization in the hospital environment is necessary for the process as an indispensable factor during the care process. In this way, the objective of this care practice was to share knowledge about HNP and PNHAH for patients and their families and for nursing and health workers. During the care practice developed with a nursing team, users, their families and management, activities related to the humanization actions were carried out during the hospitalization process being implemented in August and November 2017 in a medium-sized hospital in the region Center-west of RS in the Clinical Surgical Units (U200 and U300). An elaboration of an explanatory folder on the PNHAH and PNH was also carried out, and a nursing team was delivered. Patients’ satisfaction with the company’s medical care, reporting of involvement, caution in carrying out practices and providing information was perceptible. What is over is not so easy to use. It is worth noting the difficulty in gathering the group due to the demand for service in the unit, and the lack of time. Based on the ethical aspects, Law of the professional exercise of Nursing resolution COFEN n ° 311/2007 that regulates on the law n. No. 7.498 / 86 of June 25, 1986. Resolution CNE / CES No. 3, of November 7, 2001, which established National Curricular Guidelines for the Nursing Undergraduate Course, was reserved to the subject the right of choice for their participation.

Keywords: Humanization. Hospital. Nursing.
1 INTRODUÇÃO

A Humanização é um termo de difícil conceituação, pois pode apresentar características subjetivas e complexaspodendo assumir distintos significados, em razão de diferenças culturais e de valores individuais. O que é humanizado para uma pessoa pode não ser para outra. Na atenção à saúde, esse discurso organiza-se em torno da defesa dos direitos de cidadania e da ética. Relaciona-se com a luta pelos direitos dos pacientes e fundamenta-se na Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada e proclamada pelas Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948 (CALEGARI; MASSAROLLO; SANTOS, 2015).
Durante vários anos a humanização em ambiente hospitalar esteve relacionado às práticas e atenção à saúde e tem sido tema abordado em todo o mundo, no sentido de favorecer discussões relacionadas à qualidade da assistência e valorização dos sujeitos envolvidos (CHERNICHARO; FREITAS; FERREIRA, 2013). No Brasil, ocorreram mudanças nas Políticas voltadas ao processo de internação hospitalar, no sentido de transformar as relações de trabalho a partir da ampliação de contato entre as pessoas com vistas na melhoria da prestação e recebimento do cuidado (MOREIRA et al., 2015).
Essas mudanças ocorreram a partir de 1999 com a criação do Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar que teve como justificativa agregar a eficiência técnica e científica a uma postura ética que respeitasse a singularidade das necessidades do usuário e do profissional, aceitando os limites de cada um e a convivência com o desconhecido e o imprevisível (BARBOSA et al., 2013).
Em 2001 foi instituído pelo Ministério da Saúde (MS) o Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH) com o objetivo de desempenhar a realização de ações integradas que visavam mudar os padrões da assistência aos usuários nos hospitais públicos (BRASIL, 2002). A justificativa da instituição do PNHAH foi a construção de uma postura ética que respeitasse a singularidade das necessidades do usuário e profissional (CARVALHO et al., 2015).
Seguindo, em 2003, o Ministério da Saúde (MS) implanta a Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), chamada Política Nacional de Humanização (PNH) que possui como princípios a transversalidade, atenção a inseparabilidade entre e gestão e o protagonismo entre sujeitos, a corresponsabilidade e a participação no processo de gestão (BARBOSA et al., 2013). Sendo a tranversalidade, a contribuição no aumento de grau de comunicação intra e intergrupal, a inseparabilidade entre atenção e gestão são práticas interdependentes e complementares, a corresponsabilidade e a participação no processo de gestão estabelecem vinculo solidário e a participação coletiva no processo de atenção e gestão (BRASIL, 2008).
Em 2006 a humanização da atenção à saúde recebeu importante reforço com a edição da Carta dos direitos dos Usuários do SUS, revisada pela portaria n°1.820 de 13 de agosto de 2009 que dispõe sobre os direitos e deveres dos usuários (BRASIL, 2009). A Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde apresenta os seguintes princípios: todo cidadão tem direito ao acesso ordenado e organizado aos sistemas de saúde; todo cidadão tem direito a tratamento adequado e efetivo para seu problema; todo cidadão tem direito ao atendimento humanizado, acolhedor e livre de qualquer discriminação; todo cidadão tem direito a atendimento que respeite a sua pessoa, seus valores e seus direitos; todo cidadão também tem responsabilidades para que seu tratamento aconteça da forma adequada; todo cidadão tem direito ao comprometimento dos gestores da saúde para que os princípios anteriores sejam cumpridos (BRASIL, 2006).
Essas iniciativas contribuíram de maneira positiva para uma evolução na atenção aos direitos dos usuários, que dispõem diretrizes que são de suma importância para que seja implantada a humanização na área da saúde (BRASIL, 2009).
O apoio institucional tem sido a estratégia utilizada pela PNH para tornar realidade seus princípios e diretrizes, assim como seu método da tríplice inclusão. Segundo Pasche (2009), a Tríplice Inclusão é a inclusão dos diferentes sujeitos, inclusão dos analisadores sociais e inclusão do coletivo, redes e movimentos sociais. Inclusão não como mera abertura, mas movimento que implica em alteração nas relações de poder entre os sujeitos, requisitando deslocamentos e ressignificações dos lugares e posições na produção de uma corresponsabilização.
Porém, o processo de adoecimento e hospitalização interferem na atenção dos profissionais, pois se direciona ao processo relacionado à doença e o corpo, como um corpo isolado, sem porosidade. A internação hospitalar muitas vezes é vivenciada como um processo dificultoso e desagradável por quem à vivência, à medida que é cercada pelo medo do desconhecido, principalmente para o pacienteque tem que se deslocar, sair da sua zona de conforto, e da sua rotina do dia a dia. Tais ações de humanização exigiram transformações no que diz respeito à individualidade dos pacientes para que suas necessidades não sejam silenciadas, que possa haver um olhar da equipe de forma mais empática (SASSI; OLIVEIRA, 2014).
Neste contexto a humanização no ambiente hospitalar faz-se necessária como fator indispensável durante o processo de cuidar, pois abrange às diferentes formas de valores e atitudes de respeito à vida, onde ambas trabalham com um mesmo propósito de humanizar, favorecendo a ligação entre profissional, usuário e família, obtendo um cuidado satisfatório e seguro de acordo com os preceitos éticos da saúde (TRACERA et al., 2014).
Desta maneira o profissional enfermeiro como membro da equipe multidisciplinar em saúde na Atenção hospitalar, deve proporcionar assistência individualizada com prioridade no bem-estar dos usuários e família em função das suas condições de vida e sociedade onde estão inseridos. Diante disso, o enfermeiro tem como papel fundamental durante este processo de garantir e estabelecer um cuidado diário e integral ao usuário e família. (SEOANE; FORTES, 2014).
Nesse cuidado à família realizado pelo enfermeiro, a presença de um membro da família em unidades de internação está cada vez mais frequente, tanto no âmbito da assistência à criança e adolescente, quanto em maternidades, ou no cuidado com o adulto ou com idosos. Diante dessa realidade, muitos profissionais da área, tem posto em evidência as demandas necessárias ao pleno funcionamento da dinâmica das internações hospitalares, especialmente no que diz respeito às relações culturais que se estabelecem entre os cuidadores profissionais e as famílias, que também cuidam e se envolvem de diversas formas com a pessoa internada. (MARTINS et al., 2008).
Algumas dessas demandas dizem respeito, diretamente, aos conhecimentos e aos valores que a equipe de saúde e particularmente da equipe de enfermagem possui sobre as famílias que cuidam e que ajudam a cuidar, dentro das instituições hospitalares. Neste contexto, este trabalho justifica-se pela necessidade de promover a reflexão sobre a PNH e qualidade da assistência prestada pela equipe de enfermagem ao usuário e familiar, durante o processo de internação hospitalar.
Partindo desta perspectiva objetivou-se buscar por conteúdos que pudessem dar suporte teórico em assistência em saúde, pois durante as vivencias dos estágios curriculares realizados no hospital foi possível perceber que famílias e usuários necessitam de cuidados e de conhecimento sobre humanização. Neste sentido a humanização serve como uma ferramenta para desenvolvimento da qualidade da assistência, eficácia no tratamento e na diminuição no tempo de internação, aliviando as demandas que acabam sobrecarregando a equipe.
Assim, o objetivo desta prática assistencial foi compartilhar conhecimentos sobre a PNH e a PNHAH com os pacientes e seus familiares e para os trabalhadores da enfermagem e da saúde.
2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Política Nacional de Humanização (PNH)

Os serviços de saúde enfrentaram durante muito tempo a fragilidade na dimensão humana do cuidado, especialmente no que diz respeito às instituições hospitalares, as quais foram marcadas historicamente por ações reducionistas as quais eram centradas nos procedimentos técnicos, com vistas a doença em detrimento ao usuário, sendo estas, ações que afetaram diretamente os usuários em relação ao processo saúde e doença (SILVA et al., 2015).
Com o passar dos anos várias mudanças ocorreram no que diz respeito à humanização no ambiente hospitalar. Assim, no Brasil no ano de 1999 foi criado o Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH), o qual obteve por fundamento conciliar a eficiência técnica e científica a uma postura ética a qual respeitasse as particularidades das necessidades dos usuários e profissionais, no sentido de aceitar as limitações e saber como lidar com o desconhecido e inesperável (BRASIL, 2013).
Logo no ano de 2003, o Ministério da Saúde (MS) implanta a Política Nacional de Humanização da Atenção de Gestão do Sistema Único de Saúde, a qual busca colocar em prática os princípios metodológicos do SUS no cotidiano dos serviços de saúde, entre os quais se destacam a transversalidade, a inseparabilidade entre atenção e gestão e o protagonismo dos sujeitos coletivos, consecutivamente disponibiliza a ampliação do campo da assistência hospitalar para todos os serviços de saúde (BARBOSA et al., 2013).
A transversalidade contribui para o aumento de grau de comunicação intra e intergrupal, transformando os modos de relação e de comunicação entre os sujeitos quem fazem parte do grupo de funcionários no local de serviço, que estão implicados no processo de produção de saúde, produzindo como efeito a desestabilização das fronteiras dos saberes, dos territórios de poder e dos modos que estão fechados na constituição das relações de trabalho (BRASIL, 2013).
Outro princípio da PNH é a Dissociabilidade entre atenção e gestão, de modo que haja uma alteração dos modos de cuidar inseparável da alteração dos modos de gerir e se apropriar do trabalho, com uma separação entre a clínica e política, entre a produção de saúde e produção de sujeitos, integralidade do cuidado e integração dos processos de trabalho. Junto a isso vem outro princípio que é o Protagonismo e autonomia dos sujeitos e do coletivo (social), trabalhando a implicação na produção de si e na produção de um mundo, de ideias, de diferentes realidades sociais, ou seja, econômica, política, institucionais e culturais (BRASIL, 2013).
A ideia de inclusão enfatizada pela PNH remete às experiências de um “SUS que dá certo”, ou seja, aponta a criação de estratégias para a inclusão de sujeitos nos processos de mudanças dos serviços e redes nos quais estão inseridos. A PNH toma este princípio ampliando-o e qualificando-o como método da tríplice inclusão. A Tríplice Inclusão é um método de poder integrar diferentes sujeitos nesse meio de trabalho, gestores, trabalhadores e usuários, no sentindo de poder formar mais autonomia para os sujeitos, protagonismo e corresponsabilidade. Por isso a escolha de usar como uma ferramenta para a intervenção de humanização na internação hospitalar, pois o modo da tríplice inclusão está ligado diretamente com a humanização, para que haja essa troca de conhecimentos e de cuidados (BRASIL, 2013).
Este método incorpora os analisadores sociais ou, mais especificamente, inclusão dos fenômenos que desestabilizam os modelos tradicionais de atenção e de gestão, acolhendo e potencializando os processos de mudança, analisando o coletivo (trabalhadores neste caso), analisando os conflitos, entendida como potencialização da força crítica das crises. Envolvendo pessoas de fora do convívio dos trabalhadores, para que haja troca de experiências, entre os trabalhadores da área da saúde (BRASIL, 2013).
A PNH foi criada com o objetivo de deflagrar um movimento no sistema e instituições de saúde para a realização de mudanças nos modos de gestão e na maneira de cuidar em saúde, em concordância com os pressupostos da humanização (NASCIMENTO et al., 2015). A Política de Humanização da Atenção e da Gestão (PNH) é uma iniciativa inovadora no SUS, objetiva-se em qualificar práticas de gestão e de atenção em saúde. Uma tarefa desafiadora, uma vez que, na perspectiva da humanização, isso corresponde à produção de novas atitudes por parte de trabalhadores, gestores e usuários, de novas éticas no campo do trabalho, incluindo o campo da gestão e das práticas de saúde, superando problemas e desafios do cotidiano do trabalho (SILVA; OLIVEIRA; PEREIRA, 2015).
A humanização na saúde diz respeito ao acolhimento e ao foco humanístico para a qualificação dos processos de atendimento da demanda dos usuários, à necessidade de participação da população no desenvolvimento, realização e avaliação dos programas de saúde, de forma a alcançar coerência entre as expectativas do usuário e os propósitos do programa (SILVA; OLIVEIRA; PEREIRA, 2015).
Navarro e Pena (2013) afirmam que o movimento oficial da humanização teve seu foco inicialmente nos hospitais por sua centralidade no modelo assistencial brasileiro. O processo de humanização da atenção à saúde nas instituições hospitalares ganhou visibilidade e força, tornando-se tema da 11ª Conferência Nacional de Saúde, no ano 2000. Contudo, a ação do MS mostrou que a fragilidade dos modelos de atenção e gestão não se apresentava apenas nos hospitais, mas se espalhava também pelos demais serviços de administração pública direta, principalmente os da esfera da saúde.
Assim humanizar configura-se como a inclusão das diferenças entre os processos de gestão e cuidado, na qual também é conhecida por incluir trabalhadores, usuários e gestores na produção do cuidado e processos de trabalho. Cabe ressaltar que a comunicação entre esses três elementos é essencial, pois a troca de experiências nestes processos resulta na melhoria dos cuidados diários prestados (MEDEIROS; BATISTA, 2016).
A humanização não depende unicamente de valores humanos, ou atos isolados, mas implica na transformação da própria maneira como se recebe o usuário de passivo à aquele que compartilha saberes, que desfruta do direito de ser usuário de um sistema que garante ações técnicas, políticas e éticas, realizadas por profissionais responsáveis que consideram o conceito ampliado de saúde em suas práticas, sendo o enfermeiro o profissional diretamente ligado na prestação do cuidado (SILVA et al., 2015).
Neste sentido a transversalidade surge como propósito de unir ou inter-relacionar as diferentes formas de especialidades e práticas a serem desenvolvidas em determinados sujeitos, onde a união de saberes se tornará mais eficiente, responsável e resultará na resolutividade dos casos e trará mais confiança em relação ao planejamento e prestação de cuidados (BRASIL, 2013).
Desta forma as decisões entre inseparabilidade entre atenção e gestão agem diretamente na atenção à saúde, neste sentido os trabalhadores e usuários devem saber conhecer o funcionamento dos serviços de saúde bem como a participação ativa durante esses processos de organizações. Neste sentido o cuidado e a assistência não se restringem a equipe de saúde, pois o usuário em sua rede familiar também deve se responsabilizar por si em manter a continuidade aos tratamentos (MARTINS; LUZIO, 2014).
Já o protagonismo dos sujeitos coletivos remete que qualquer mudança que ocorra seja na gestão ou atenção, ambas se tornam mais fortalecidas se houver a ampliação da autonomia e vontade dos envolvidos. Pois as mudanças ocorrem a partir do reconhecimento e valorização do trabalho de cada um. Assim os usuários não se configuram apenas em pacientes e os trabalhadores não só cumprem ordens (NASCIMENTO et al., 2015).
A política de humanização aponta para um conjunto de diretrizes, as quais orientam, guiam, ofertam direção à ação transformadora. São elas: Acolhimento; Clínica Ampliada; Cogestão; Valorização do Trabalho e do Trabalhador; Defesa dos Direitos do Usuário, Ambiência e Construção da Memória do SUS que dá certo (BRASIL, 2013). A partir destas diretrizes são definidos dispositivos com os quais se opera na prática, em contextos políticos, sociais e institucionais.
O primeiro tópico das diretrizes da PNH é o acolhimento, que vem como um dispositivo que deve acontecer na instituição, seja ela é uma unidade de saúde do município, como nos ESFS ou nos hospitais, como uma ferramenta de acolhimento desde o primeiro contato que o paciente ou a família tem na chegada ao lugar, que deve acontecer, seja com a pessoa que fica na recepção ou com quem é responsável pelo primeiro atendimento (BRASIL, 2013).
Acolher é poder reconhecer que a demanda trazida por cada um é carregada pelas singularidades de cada caso ou de cada necessidade de saúde, o acolhimento deve acontecer também entre a equipe de funcionários, na discussão de casos e análises de procedimentos de trabalho, o acolhimento é construído pela relação, de forma coletiva, construindo relações de confiança, compromisso e vínculo entre as pessoas que compõem a equipe e também com os usuários e com sua rede sócia afetiva. Através de uma escuta qualificada oferecida aos usuários em relação a sua procura, é possível garantir que haja uma ampla visão da real necessidade e demanda trazida por ele, isto, por exemplo, assegura que todos sejam atendidos com prioridades a partir da avaliação de vulnerabilidade, gravidade e risco (BRASIL, 2013).
No segundo tópico como dispositivo a PNH tem como ferramenta é Gestão participativa e cogestão que expressa tanto a inclusão de novos sujeitos nos processos de análise e decisão quanto a ampliação das tarefas relacionada a gestão e trabalho do local, que abre espaço para a análise dos contextos, da política em geral e da saúde em particular, como uma forma de pensar em tarefas que ajudem nas práticas e também de aprendizado coletivo. Que podem acontecer em forma de rodas de conversa para uma orientação da cogestão, para que possam ser expressas as diferenças, de modo que produza movimentos de desestabilização que favoreçam mudanças nas práticas da gestão (BRASIL, 2013).
A PNH destaca dois grupos de dispositivos de cogestão: aqueles que dizem respeito à organização de um espaço coletivo de gestão que permita o acordo entre necessidades e interesses de usuários, trabalhadores e gestores; e aqueles que se referem aos mecanismos que garantem a participação ativa de usuários e familiares no cotidiano das unidades de saúde (BRASIL, 2013).
A oportunidade de criar espaços saudáveis, confortáveis e acolhedores é o que a ferramenta de ambiência nas diretrizes da PNH proporciona, para que haja respeito pela privacidade, que propiciem mudanças nos procedimentos de trabalho e sejam lugares de encontro entre as pessoas. Proporcionando então uma discussão compartilhada dos projetos, tanto de projetos arquitetônicos, quanto das reformas e mudanças no espaço como concreto, levando em conta as necessidades dos usuários e trabalhadores de cada serviço (BRASIL, 2013).
Outro dispositivo disponível nas diretrizes da PNH é a Clínica ampliada e compartilhada, que tem como ferramenta teórica e prática a finalidade de contribuir para que haja uma abordagem clínica do adoecimento e dos sofrimentos, que considere a singularidade de cada sujeito e a complexidade do processo do tratamento, permitindo o enfrentamento da fragmentação e do conhecimento e das ações de saúde e seus respectivos danos e eficácia. Utilizando os recursos que possibilitem e permita o enriquecimento dos diagnósticos, um olhar além do enfoque orgânico, inclusive a percepção dos afetos produzidos nas relações clínicas, qualificando o diálogo entre os profissionais envolvidos no tratamento dos usuários, promovendo autonomia e saúde. A valorização do trabalhador deve trazer suas experiências para o grupo de modo a melhorar os processos de trabalho (BRASIL, 2013).
Os usuários de saúde possuem direitos garantidos e assegurados por lei, e os serviços de saúde devem incentivar o conhecimento dos mesmos, assegurando que eles sejam cumpridos em todas as fases do cuidado, desde a recepção até a alta do paciente. Todo o cidadão tem como direito a uma equipe que cuide dele, sendo informado sobre sua saúde e também de decidir compartilhar ou não sua dor com as pessoas do seu convívio social, dando voz e valorização às decisões dele, sendo essa uma das diretrizes da PNH (BRASIL, 2013).
A intervenção por si só quando feita, já é uma mudança, no caso da diretriz de formação e intervenção, através de cursos e oficinas de formação e intervenção, a partir de discussões dos procedimentos e processos de trabalho, as diretrizes e dispositivas da PNH são vivenciadas reinventando o cotidiano dos serviços de saúde; em todo Brasil, os trabalhadores são formados técnica e politicamente e reconhecidos como multiplicadores e apoiadores da PNH, pois são construtores de novas realidades em saúde (BRASIL, 2013).
A PNH é uma política pública que busca provocar transformações nos modos de cuidar e de fazer gestão. Sendo assim, está em constante processo de reinvenção, seja desestruturando relações de poder dentro do sistema de saúde, ou baseando-se em diferentes experiências do SUS que dá certo. A PNH aposta e acredita na mudança, entendendo que o sujeito constrói o mundo enquanto constrói a si mesmo. Evidentemente, existem diversas dificuldades na implementação da PNH, as quais não elencamos neste momento (NAVARRO; PENA, 2013).

2. 2 Programas Nacionais de Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH)

O PNHAH propõe um conjunto de ações integradas que visam mudar substancialmente o padrão de assistência ao usuário nos hospitais públicos do Brasil, melhorando a qualidade e a eficácia dos serviços hoje prestados por estas instituições. É seu objetivo fundamental aprimorar as relações entre profissional de saúde e usuário, dos profissionais entre si e do hospital com a comunidade. Ao valorizar a dimensão humana e subjetiva, presente em todo ato de assistência à saúde, o PNHAH aponta para uma requalificação dos hospitais públicos, que poderão tornar-se organizações mais modernas, dinâmicas e solidárias, em condições de atender às expectativas de seus gestores e da comunidade (BRASIL, 2001).
O Ministro da Saúde, José Serra, ao identificar o número significativo de queixas dos usuários referentes aos maus tratos nos hospitais, tomou a iniciativa de convidar profissionais da área de saúde mental para elaborar uma proposta de trabalho voltada à humanização dos serviços hospitalares públicos de saúde. Estes profissionais constituíram um Comitê Técnico que elaborou um Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar, com o objetivo de promover uma mudança de cultura no atendimento de saúde no Brasil. A primeira etapa deste Programa foi à realização de um Projeto-Piloto implementado em dez hospitais distribuído em várias regiões do Brasil, situado em diferentes realidades socioculturais, e que possuíam diferentes portes, perfis de serviços e modelos de gestão (BRASIL, 2001).
No dia 24 de maio de 2000, foi apresentado, em Brasília o Projeto-Piloto do Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar, para convidados representativos das várias instâncias da área da saúde, tais como secretarias estaduais e municipais de saúde, dirigentes de hospitais e universidades, representantes dos usuários, conselhos de Saúde e conselhos de Classe. Com aaprovação do Programa pelo Ministro da Saúde, o comitê escolheu um grupo de profissionais de reconhecida capacidade técnica para desenvolver o Projeto Piloto (BRASIL, 2001).
O trabalho em cada hospital foi desenvolvido por dois profissionais, com o acompanhamento de uma equipe de supervisores e coordenada pelo Comitê de Humanização. Os principais objetivos do Projeto-Piloto foram: a) deflagrar um processo de humanização dos serviços de forma vigorosa e profunda, processo esse destinado a provocar mudanças progressivas, sólidas e permanentes na cultura de atendimento à saúde, em benefício tanto dos usuários-clientes quanto dos profissionais; b) produzir um conhecimento específico acerca destas instituições, sob a ótica da humanização do atendimento, de forma a colher subsídios que favoreçam a disseminação da experiência para os demais hospitais que integram o serviço de saúde pública no Brasil (MACHADO, 2014).
O Programa Nacional de Humanização oferece uma diretriz global que congregar os projetos de humanização desenvolvidos nas diversas áreas de atendimento hospitalar. É fundamental a sensibilização dos dirigentes dos hospitais para a questão da humanização e para o desenvolvimento de um modelo de gestão que reflita a lógica do ideário deste processo: cultura organizacional pautada pelo respeito, pela solidariedade, pelo desenvolvimento da autonomia e da cidadania dos agentes envolvidos e dos usuários (BRASIL, 2001).
O Programa Nacional de Humanização depende da vontade política dos dirigentes em participar de ações efetivas e permanentes de transformação da realidade hospitalar, reconhecendo-se o caráter processual destas transformações. São fundamentais a criação e a sustentação permanente de espaços de comunicação que facultem e estimulem a livre expressão, a dinâmica do diálogo e o respeito, diversidade de opiniões. O conjunto de ações proposto pelo PNHAH distribui-se em várias frentes complementares para a criação desses espaços de comunicação. Entre eles está a formação de uma Rede Nacional de Humanização entre as instituições públicas de saúde (BRASIL, 2001).
A construção dessa rede representa uma condição fundamental para a consolidação do processo de humanização nos hospitais, estando referidas a ela as demais ações do Programa. Através das secretarias estaduais, articuladas às secretarias municipais e com apoio das equipes de capacitadores do Ministério da Saúde, serão formados os Grupos de Multiplicadores de Humanização Hospitalar, distribuídos nas cinco regiões do país. Esses grupos, acompanhados pelas equipes de capacitadores, trabalharão na formação, no treinamento e na capacitação dos agentes que levarão o processo de humanização aos hospitais (BRASIL, 2001).
Serão também formados os Grupos de Trabalho de Humanização Hospitalar. Esses grupos serão compostos por lideranças expressivas do coletivo dos profissionais que, compromissadas com os princípios da humanização, constituem um espaço de comunicação e um real dispositivo para mudança institucional. A atuação em grupo que caracteriza o modo de funcionamento destes espaços, permite que a realização das iniciativas seja responsabilidade da própria instituição e represente o todo da organização. Dessa forma, o trabalho produzido ganha força e permanência ao longo do tempo (BRASIL, 2001).
A própria instituição hospitalar, através da voz dos Grupos de Trabalho, assume a direção da construção de sua identidade e do sentido de sua existência, tal tarefa exige autonomia, liberdade e responsabilidade. Em contrapartida, a realização dessa tarefa oferece a possibilidade da instituição como um todo assumir o lugar de sujeito protagonista, nessa enorme tarefa de mudança da cultura de atendimento e de reconstrução da imagem do serviço público de saúde, tão desgastado ao longo da história, perante a comunidade. A elaboração de planos de ações concretas de humanização terá como pano de fundo o resgate destes valores e a consideração da natureza específica de cada realidade institucional (BRASIL, 2008).
Dentre as condições necessárias para a sustentação do processo de constituição e consolidação destes grupos de trabalho, podemos destacar: capacitação de seus membros por um assessor externo, criação de instrumentos formais e normativos para sua institucionalização, construção de sistema de incentivos e reconhecimento público da qualidade do atendimento oferecido pelos hospitais, consolidação em âmbito nacional como instrumento de política pública de saúde, participação efetiva dos gestores dos hospitais e de representantes dos usuários nos grupos de trabalho, articulação dos grupos de trabalho numa rede de comunicação permanente e estabelecimento de alianças e parcerias com programas de humanização já em curso que visem à melhoria da qualidade do atendimento à saúde na rede pública hospitalar. A partir dessas considerações, propomos a construção do Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar, a ser implantado sob a coordenação da Secretaria de Assistência à Saúde com assessoria do Comitê Técnico de Humanização (BRASIL, 2008; GARCIA et al., 2010).
Algum dos objetivos desta política é difundir uma nova cultura de humanização na rede hospitalar pública brasileira, melhorar a qualidade e a eficácia da atenção dispensada aos usuários dos hospitais públicos no Brasil, capacitar os profissionais dos hospitais para um novo conceito de assistência à saúde que valorize a vida humana e a cidadania, conceber e implantar novas iniciativas de humanização dos hospitais que venham a beneficiar os usuários e os profissionais de saúde, fortalecer e articular todas as iniciativas de humanização já existentes na rede hospitalar pública, estimular a realização de parcerias e intercâmbio de conhecimentos e experiências nesta área,desenvolver um conjunto de indicadores de resultados e sistema de incentivos ao tratamento humanizado e modernizar as relações de trabalho no âmbito dos hospitais públicos, tornando as instituições mais harmônicas e solidárias, de modo a recuperar a imagem pública dessas instituições junto à comunidade (BRASIL, 2001; 2008).
A humanização é tema de grande importância na área da saúde. Expressa como política, a PNH apresenta princípios, diretrizes, métodos e dispositivos, deixando como desafio aos serviços a criação de estratégias para sua efetivação (RIOS; BATTISTELLA, 2013). A necessidade de investimento no processo de humanização da assistência à saúde é fundamental para a efetivação do SUS. Apesar de o tema humanização da saúde provocar debates, visto sua questão principal, ou seja, a necessidade de humanizar o humano, não se pode descartar a imprescindível reflexão em torno da condição da assistência (GARCIA et al., 2010).

2. 3 A enfermagem e humanização do cuidado e da saúde

A humanização é descrita, no campo da saúde, como uma aposta ético-estético-política. É uma aposta ética porque envolve a atitude de usuários, gestores e profissionais de saúde comprometidos e corresponsáveis. É estética porque se refere ao processo de produção da saúde e de subjetividades autônomas e protagonistas. E é política porque está associada à organização social e institucional das práticas de atenção e gestão na rede do SUS (BRASIL, 2008).
As mudanças culturais pelas quais passa o sistema de saúde brasileiro requer um processo educacional persistente e indispensável para que haja transformações no modo de pensar, tratar e agir em relação ao usuário, a equipe e aos familiares assistidos, no sentido de garantir uma assistência humanizada e acima de tudo qualificada. Neste sentido surge a Política Nacional de Humanização Hospitalar, a fim de garantir essas melhorias e benefícios a saúde dos usuários (BRASIL, 2013).
Assim, a PNH assegura a humanização a fim de assegurar a dignidade ética, e apoiar modelos de assistência baseados na humanização, onde são necessárias estruturas físicas das unidades adequadas para as diversas ações, realizadas pelos profissionais, visando a organização de atividades individuais e coletivas na realização das atividades. Neste sentido o acolhimento entre profissional de saúde e usuário, requer habilidades em comunicação, atenção e resolução de problemas (TRACERA et al., 2014).
Nesta perspectiva o método da tríplice inclusão abordado na PNH requer atenção especial, pois surge como indispensáveis durante a prestação do cuidado pois abrange a inclusão dos diferentes sujeitos, trabalhadores, gestores e usuários; inclusão dos coletivos; inclusão dos analisadores sociais. Neste sentido a realização deste cuidado articulado será realizado de acordo com o método proposto pela PNH, e trará benefícios tanto para usuário como trabalhador (MOREIRA et al., 2015).
Assim, uma saúde humanizada deve partir do princípio na qual a realização da articulação entre as diferentes áreas da saúde e trabalhadores devem andar lado a lado com enfoque na criação de dispositivos, participar, provocar aos outros setores de saúde para que sejam desafiados a humanização, nos aspectos relacionados a valorização dos sujeitos, respeito, autonomia. A valorização dos sujeitos de acordo com suas características é de fundamental importância para a realização de um trabalho valorizado, completo e que responda positivamente a PNH (GARCIA et al., 2010).
A equipe de enfermagem tem um importante papel na implantação da humanização nos serviços de saúde, seja na assistência direta aos usuários, na educação em saúde juntamente com os demais membros da equipe ou na gestão dos serviços de saúde, já que parte considerável dessa equipe é composta por profissionais de enfermagem, que permanecem mais tempo em contato com os usuários (SOARES et al., 2016).
Desta maneira o fato do profissional de enfermagem estar diretamente ligado ao paciente lhe coloca na responsabilidade de prestar uma assistência humanizada, a qual o enxerguede maneira holística, individual de acordo com suas peculiaridades e necessidades individuais. Assim o usuário que recebe este atendimento deve ser tratado com sensibilidade, responsabilidade e com respeito as suas singularidades (SILVA et al., 2016).
Diante deste contexto o processo de cuidar e gerenciar são considerados como as principais dimensões do trabalho exercido pelo enfermeiro durante o seu dia a dia. O cuidar é caracterizado pela observação, levantamento de dados, planejamento, implementação, evolução, avaliação e interação entre pacientes e trabalhadores de enfermagem de maneira interligada. Ambas realizados com atenção e cuidados aos possíveis problemas durante o percurso das atividades (MARINELLI; SILVA; SILVA, 2015).
Já o processo de administrar tem como objetivo principal a organização da assistência e qualificação promovida à equipe de enfermagem, através da educação continuada, a partir dos modelos e métodos de administração e do uso de equipamentos e materiais permanentes, sendo atividades referentes ao cotidiano dos profissionais (SOARES et al., 2016).
Assim, o enfermeiro independente do estado clínico dos usuários durante o processo de hospitalização deve estar capacitado a cuidar, pois o enfermeiro e sua equipe deparam-se constantemente com o processo de vida e morte devido às características técnicas e cientificas deste ambiente, e por ser de alta complexidade. Frente a essas considerações o profissional enfermeiro deve possuir qualificação, ou seja, competências profissionais específicas durante a execução do seu trabalho (SILVA et al., 2016).
O enfermeiro constitui papel fundamental na estrutura organizacional do ambiente hospitalar, dessa maneira precisa estar atento as suas possibilidades de atuação, para que estes cuidados assistenciais sejam prestados com qualidade, em busca de melhores resultados e respostas aos tratamentos. Tais cuidados devem ser prestados com vistas a melhorias do estado de saúde dos indivíduos durante processo de hospitalização de maneira humanizada (MARINELLI; SILVA; SILVA, 2016).

3. PERCURSO METODOLÓGICO

A prática assistencial foi a realização de atividades relacionadas às práticas de humanização durante o processo de internação hospitalar e foi implantada no período de agosto a dezembro de 2017 em um Hospital de médio porte da região centro-oeste do RS nas Unidades Clínico Cirúrgicas (U200 e U300).
Para a realização desta intervenção o profissional Enfermeiro está respaldado na lei do exercício profissional da Enfermagem resolução COFEN n° 311/2007 que regulamenta sobre a lei n° 7.498/86 de 25 de junho de 1986.
Dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem e a implementação do Processo de Enfermagem em ambientes públicos ou privados, em que ocorre o cuidado profissional de enfermagem, e das outras providencias.

3.1 Cenário da prática assistencial

A presente prática assistencial foi desenvolvida em um Hospital de médio porte da região centro-oeste do RS. O mesmo contempla o total de 181 leitos divididos em unidades de internação: Unidade de Terapia Intensiva (UTI), Unidade Psiquiátrica (U 600), Unidades Clínica-Cirúrgica, Puerpério e Pediatria (U100, U200, U300, U400 e U500) distribuída conforme planos de assistência à saúde. Possui um Centro de Diálise com 10 máquinas de hemodiálise, Pronto Atendimento Municipal (PAM), Centro Cirúrgico (CC), Sala de Recuperação Anestésica (SRA), Centro de Material e Esterilização (CME) e Centro Obstétrico com Pré-parto, Sala de Observação Gineco-obstétrica, Sala de Parto e Berçário.
O HCS possui atualmente 26 enfermeiros distribuídos conforme cenários de atuação: 01 enfermeiro no bloco cirúrgico, 02 enfermeiros no centro de diálise, 03 enfermeiros no pronto socorro, 5 enfermeiros na UTI, 01 enfermeira na CCIH, 01 enfermeira na Coordenação de enfermagem, 13 enfermeiros nas Unidades de Internação, CO e Berçário e 182 técnicos de enfermagem.
Na unidade 200 encontra-se duas enfermarias com um leito, duas enfermarias com dois leitos, seis enfermarias com três leitos, posto de enfermagem, sala de curativos, sala de utilidades, sala de ouvidoria, sala projeto salão de beleza, banheiro dos funcionários e depósito de material de limpeza.
A unidade 300 do HCS compõe-se de: um apartamento, uma enfermaria com cinco leitos – pediatria; uma enfermaria com cinco leitos- alojamento conjunto; uma enfermaria com três leitos – pediatria; cinco enfermarias com dois leitos; uma enfermaria com quatro leitos; posto de enfermagem, uma sala de guardar materiais (estoque de materiais de consumo, materiais esterilizados e equipamentos específicos); banheiro, expurgo, brinquedoteca, sala de curativo, sala de banho para recém nascido, sala de vacinas e depósito de material de limpeza.

3.2 Participantes da prática assistencial

A prática assistencial foi desenvolvida com a equipe de enfermagem, usuários, seus familiares e a gestão, representada pela enfermeira (o) responsável pela coordenação de enfermagem. A mesma foi realizada por meio de abordagens informais onde foi exposto e apresentado a PNH e PNHAH e suas diretrizes e dispositivos.

3.3 Atividades compartilhadas do conhecimento sobre humanização

Para desenvolver as primeiras abordagens com a equipe de enfermagem, foi exposta a ideia inicial da prática assistencial, apresentando o tema e as políticas no intuito de conscientizar a equipe a desenvolver os objetivos do PNHAH e da PNH. Assim, as abordagens foram realizadas no Posto de Enfermagem durante o período de trabalho de técnicos de enfermagem e enfermeiros. Aconteceram com a equipe de maneira alternada, pois foi difícil reunir o grupo devido a demanda de serviço na unidade que foi um dos fatores que dificultaram a realização do objetivo da pratica assistencial.
As abordagens eram realizadas através do acolhimento com a equipe, utilizando escuta sensível e atenta dos profissionais no posto de enfermagem em momentos alternados durante o turno em que o estágio era realizado nas unidades 200 e 300. Na oportunidade eram realizadas reflexões sobre os cuidados prestados, e como a equipe gostaria de realizar esses cuidados e quais eram as suas angustias e desejos sobre o ambiente em que trabalhavam.
Nessas situações surgiam relatos de uma carência de contato direto dos profissionais com o paciente. Segundo Pires e Göttems (2009) o cuidado está passando pela necessidade de alterar a excessiva tecnificação no processo de trabalho. Ou seja, as relações humanas influenciam diretamente no cuidado do paciente e na maneira como os profissionais enfrentam o sofrimento diante da assistência.
Ainda, alguns profissionais relataram pouca comunicação e escuta por parte da gestão, e acabavam não expressando suas fragilidades. Conforme Raimundo e Cadete (2012), a escuta e o diálogo são habilidades próprias dos seres humanos, ou seja, cada pessoa fala e escuta a partir das suas perspectivas de vida e subjetividades. Quando surgiam esses tipos de relatos, procurava realizar além da escuta, o acolhimento, que é uma diretriz da clínica ampliada e propõe a aposta nas equipes multiprofissionais e transdisciplinares.
Dentre os relatos, surgiu a ausência de estimulo para prestar um cuidado humanizado, o que pode estar relacionado com o despreparo dos profissionais da saúde e uma certa resistência para a mudança na sua maneira de prestar assistência aos usuários (MARQUE; DIAS; AZEVEDO, 2006). Essas resistências podem estar relacionadas com as angustias em relação ao ambiente de trabalho, que acabou resultando na pouca participação dos profissionais na proposta da prática assistencial.
A realidade de saúde desvela baixa responsabilização e descontinuidade no cuidado e nos tratamentos, emerge um conjunto de problemas que se apresentam, como fenômenos da desumanização: filas desnecessárias; descaso e descuidado com pessoas; incapacidade de lidar com histórias de vida, sempre singulares e complexas; práticas éticas descabidas, como a discriminação, a intimidação, a submissão a procedimentos e práticas desnecessárias, a cobrança “por fora”, a exclusão e o abandono, entre outros. (RAIMUNDO; CADETE, 2012)
Nesta perspectiva, foi possível entender a impossibilidade de realizar o objetivo inicial deste trabalho, que era formação de grupos com a equipe de enfermagem para realizar encontros onde houvesse a produção de dinâmicas para compartilhar e refletir sobre os cuidados e a necessidade de modificar as propostas de humanização frente aos profissionais, os pacientes e seus familiares. E então compartilhar conhecimentos sobre a PNH e a PNHAH para equipe de enfermagem.
Dando continuidade ao desenvolvimento das ações de humanização com os participantes, foi apresentada pela acadêmica, uma atividade aos usuários e familiares através de uma enquete com perguntas objetivas sobre o cuidado que eles recebiam durante o período de internação. Estes foram convidados para participar da mesma de maneira voluntária, sendo respeitados os princípios éticos conforme Resolução do COFEN nº 311/2007 que regulamenta sobre a lei nº 7.498/86 de 25 de junho de 1986.
Durante a realização da atividade, oportunizava a autonomia e o protagonismo dos usuários e seus familiares (ARANHA, SILVA e SILVA, 2011). Tratava-se de uma enquete objetiva que foi disponibilizada na unidade de internação onde os usuários e familiares relatavam ali suas opiniões do que achavam do atendimento e como estavam sendo tratados (APENDICE A).
Concordando com Aranha, Silva e Silva (2011):

“o usuário espera ser bem atendido, acolhido de forma humanizada e integral por profissional que se importe com seus problemas a fim de tentar ao menos esclarecer suas dúvidas, compreender seus medos, angústias, incertezas dando-lhe apoio e atenção permanente”.

Porém, diante das situações encontradas nas respostas dos familiares e usuários foi visível a incompatibilidade dos anseios com as atividades assistenciais prestadas pela equipe. A assistência está atrelada às atividades que envolvem a tecnologização do cuidado, a ausência de vínculo entre usuário e profissional, além da especialização do cuidado, o que afasta os profissionais do cuidado integral.
Como houve dificuldade na participação da equipe de enfermagem em realizar os encontros que seriam realizados em turnos opostos dos plantões, pois a equipe relatou que não participariam dos mesmos, pois não retornariam ao local após a entrega do plantão. Diante disto realizávamos uma conversa durante a passagem de plantão na troca de turno, onde foi possível dividir informações sobre o período de trabalho e identificar as dificuldades do serviço. Na oportunidade realizava o compartilhar conhecimento sobre humanização, falando sobre a rotina, ouvindo com atenção as vivências da equipe no cuidado com os pacientes.
É necessária uma mudança nas pessoas, na forma de trabalhar e nas estruturas, fazendo-se necessária uma reforma da tradição clínica e epidemiológica, onde deve estar presente a combinação da objetivação científica do processo saúde/doença/intervenção com novos modos de trabalhar, incorporando o sujeito e sua história desde o momento do diagnóstico até o da intervenção. (CAMPOS, 2005).
Essas mudanças passam pelo respeito com a individualidade do Ser Humano (BARBOSA; SILVA, 2007), respeitar envolve ouvir o que o outro tem a dizer, na sua individualidade. Dessa individualidade, capacidade de interpretar o que foi falado e ouvido, além da tolerância, foram essenciais para a compreensão das opiniões e atitudes dos profissionais.
Além disso, era a oportunidade de identificar o que poderia ser possível fazer para amenizar as fragilidades do cuidado e qualificar o atendimento prestado. Conforme Sprandel e Vaghetti (2012) são urgentes que sejam tomadas medidas que visem a humanização do trabalho da enfermagem nos hospitais com a participação dos trabalhadores em todo o processo, visando ao atendimento das diretrizes da PNH e a satisfação e motivação desses em seu processo de trabalho.
Foi realizada ainda a elaboração de um folder explicativo sobre o PNHAH e a PNH (APÊNDICE B) que foi entregue a equipe de enfermagem, contendo os seguintes questionamentos: O que é a humanização? Como eles podem auxiliar na evolução do cuidado diário? Esta alternativa foi elaborada diante da impossibilidade da realização das outras atividades descritas anteriormente e a possibilidade de realizar a troca de conhecimento entre acadêmica e equipe de enfermagem.
Na última abordagem apresentei para a equipe o resultado da enquete, onde alguns pacientes responderam que gostavam da maneira que eram tratados, outros relataram que foi a pior experiência vivida por eles. Outros que a atenção e o carinho recebido pela equipe era o que influenciava mais da metade da melhora na evolução do tratamento. Cada funcionário reagiu de maneira diferente, alguns concordaram que o atendimento deve ser mais humanizado, enquanto outros destacaram que a humanização ainda esta longe de acontecer visto que eles trabalham de maneira desumana.
Segundo Lazzari, Jacobs e Jung (2012), o trabalho se dá no âmbito das relações, a humanização na saúde é uma forma de cuidar, porém, os trabalhadores não se sentem cuidados. Consideram o trabalho da enfermagem desumano. Diante disso, importante ressaltar, os autores acima afirmam que humanização na saúde é processo, filosofia ou modo de prestar assistência.
Alguns ainda relataram que se sentem frustrados e impotentes por não poderem dar a devida atenção e cuidado que os pacientes necessitam. Destaca-se que cuidado e humanização são indissociáveis (CORBANI; BRÊTAS; MATHEUS, 2009). Ou seja, mesmo que o profissional pensasse que pudesse realizar mais atividades de cuidado com os pacientes, toda e qualquer ação humana envolve o cuidado.
Durante as escutas e compartilhar conhecimento sobre humanização com a equipe, foi possível cuidar dessas pessoas, num sentido amplo da humanização. Lembrando as palavras de Corbani, Brêtas e Matheus (2009), o cuidado está apoiado por uma relação inter-humana, da capacidade de relação, de comunicação, da escuta do outro.
Após a apresentação das respostas da enquete foi solicitado aos profissionais que refletissem sobre os cuidados que essas pessoas sugeriram. Ainda, que avaliassem com empatia a situação em que os pacientes se encontravam, sobre tudo o que envolvia e como é difícil aquele momento de adaptação em que eles se encontravam internados.
Essa reflexão foi a possibilidade de compartilhar acerca dos cuidados que são comumente realizados, na perspectiva de desconstruir a banalização do cuidado humanizado (BECK et al., 2007). Ou seja, os profissionais sabem de suas competências frente ao cuidado com o paciente, porém em algumas circunstâncias não conseguem desempenhar a humanização que é o direito do paciente, que é um modo de fazer assistência.
Os pacientes necessitavam e dependiam de cuidados, em um ambiente estranho e diferente da rotina que estão habituados a viver, no caso, a internação hospitalar. Tornava-se indispensável serem tratados com compreensão, dedicação e resolutividade, porém nem sempre acontecia dessa maneira. Segundo Beck et al. (2007), há um despreparo dos profissionais, muitas vezes, a tentativa de implantação se restringe a ações isoladas. Muitos profissionais apesar do desconhecimento com relação à PNH, em algumas situações, incorporam a humanização da assistência em sua prática o que pode contribuir para a qualidade da assistência em saúde.

3. 4 Aspectos éticos

Assim destaca-se ainda que está prática assistencial, está de acordo com a Resolução CNE/CES N° 3, DE 7 DE NOVEMBRO DE 2001, que institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação de Enfermagem. Em relação aos aspectos éticos, será reservado ao sujeito o direito de escolha para sua participação, e assim respeitam-se os preceitos de acordo com a Resolução COFEN- 311/2007, a qual aprova a Reformulação do código de Ética dos Profissionais de enfermagem.

4. DESCRIÇÃO E DISCUSSÃO DA PRÁTICA ASSISTENCIAL

A assistência de enfermagem para com o paciente requer qualidade e competência, não somente na realização de suas tarefas, como também no acolhimento e cuidado humanizado. Esta prática assistencial descreve o suporte prestado ao paciente pela acadêmica de enfermagem e desenvolve conteúdos relacionados ao acolhimento, humanização e diferenciação na assistência realizada pelo estagiário de enfermagem, bem como do profissional de enfermagem que por vezes realiza um cuidado mecânico.
Durante a realização da prática assistencial, no período de agosto à novembro de 2017, no Hospital de Caridade de Santiago – RS, foram realizadas, por mim como acadêmica e estagiária, atividades de assistência de enfermagem para com os profissionais de enfermagem e aos pacientes internados, que se encontravam debilitados e dependiam de cuidados específicos da enfermagem.
Foi notória a satisfação dos pacientes aos cuidados dos estagiários, visto que relataram maior envolvimento na assistência e maior cautela na realização de práticas e na disponibilização de informação. O que acabou não sendo tão visível na assistência dos profissionais da enfermagem. Visto que há diversos fatores que interferem nos cuidados prestados, como uma grande demanda de serviço para um quadro de funcionários não suficiente, a realização cada vez mais mecanicista das ações, e a falta de diálogo e escuta devido à correria do plantão.
Então se observou que há uma carência de contato direto desses profissionais com o paciente, que influência diretamente no enfrentamento do seu quadro clínico, como também há uma falta de comunicação e escuta desses profissionais pela gestão que acabam silenciando suas fragilidades e trabalhando sem estimulo para prestar um cuidado humanizado, pois são muitas as angustias em relação ao ambiente de trabalho, que acaba gerando uma certa resistência e desmotivação para que mudanças necessárias aconteçam para melhoria do cuidado.

Identificando a importância do relato, na forma generalizada, fica perceptível a necessidade de promover a melhoria da qualidade na assistência de enfermagem ao paciente hospitalizado, devendo haver acolhimento, diálogo, sensibilidade para a escuta, mantendo assim relações éticas e solidárias entre os profissionais e pacientes, tratando-os sempre com atenção e excelência. Construindo assim uma assistência humanizada e capaz de proporcionar o bem-estar aos pacientes e familiares.
Muito se tem discutido sobre humanização mas pouco se tem feito para sua real implementação nos hospitais do país. O que se pode notar em alguns casos é o despreparo dos profissionais da saúde e uma certa resistência para a mudança na sua maneira de prestar assistência aos usuários (MARQUE; DIAS; AZEVEDO, 2006).
Freitas e Ferreira (2016) relatam que muitas vezes a dificuldade está na resistência de alguns membros da equipe que dificultam o processo de trabalho que, nesse contexto em especial, abrange o processo de formação profissional em enfermagem. Assim, a dificuldade de trabalhar com a equipe de enfermagem pela resistência pode comprometer a atuação do aluno que deseja implementar na prática aquilo que aprendeu em sala de aula.
Infelizmente é muito grande a resistência da equipe de enfermagem em aceitar participar do projeto de humanização. As queixas em relação a isso sao muitas, falta de tempo, sobrecarga de serviço, relatam mal terem tempo de realizar os procedimentos de rotina, sequer poder ficar ouvindo as queixas dos pacientes. Relatam que a correria é tanta que mal têm tempo de irem ao banheiro, muitas vezes vão trabalhar doente por terem medo de perderem o emprego, as queixas são muitas e o cuidado acaba se tornando mecanizado e técnico.
Neste contexto, ao longo da sua história, a enfermagem tem sofrido modificações na dimensão do seu processo de trabalho, vivenciando uma rotina de trabalho estressante sem planejamento operacional de suas atividades cotidianas o que tem ocasionado desgaste, cansaço e sobrecarga, principalmente devido muitas vezes este profissional ter uma longa jornada de trabalho (SILVA et al., 2006).
As condições de trabalho e saúde da equipe de enfermagem têm sido denunciadas no mundo inteiro, inclusive no Brasil. Na maioria dos hospitais, a forma de trabalho é inconcebível, doentia e contradiz todas as regras básicas para ambientes saudáveis em todos os aspectos (SILVA et al., 2006).
O Ministério da Saúde instituiu através da portaria nº 881, de 19/06/2001, o Programa Nacional de Humanização Hospitalar – PNHAH, no âmbito do Sistema Único de Saúde, que faz parte de um processo de discussão e implementação de projetos de humanização do atendimento a saúde e de melhorias da qualidade do vínculo estabelecido entre trabalhador de saúde, paciente e familiares (BRASIL, 2004).
Ao falarmos em cuidado de enfermagem ao ser humano, seja voltado para a assistência direta ou para as relações de trabalho, implica essencialmente falar de cuidado humanizado. Sabemos que este cuidado está inteiramente ligado com o profissional que o executa: seu estado psicológico, físico e mental. Contudo é importante ressaltar que muitas vezes devido à sobrecarga imposta pelo cotidiano do trabalho, a enfermagem presta uma assistência mecanizada e tecnicista, não reflexiva, esquecendo-se de humanizar o cuidado (BRASIL, 2004).
O aspecto humano do cuidado de enfermagem, com certeza, é um dos mais difíceis de ser implementado. A rotina diária e complexa que envolve o ambiente hospitalar faz com que os membros da equipe de enfermagem, na maioria das vezes, esqueçam de tocar, conversar e ouvir o ser humano que está à sua frente.
O gerenciamento do cuidado é uma atribuição do enfermeiro diretamente relacionada à busca pela qualidade assistencial e de melhores condições de trabalho para os profissionais, em uma perspectiva que articule gerência e assistência, tendo como foco, o usuário do serviço de saúde e o cuidado em uma abordagem que supere o tecnicismo em direção à integralidade da atenção. Entende-se que a proatividade desse profissional pode acarretar repercussões importantes em seu fazer. Diante do cenário prático, salienta-se a importância do gerenciamento do cuidado como foco das ações profissionais, uma vez que os processos administrativos devem ser usados como tecnologias para sua efetivação, por intermédio de ações diretas com os usuários ou por meio da delegação e da articulação com os demais profissionais da equipe de saúde (FERMINO et al., 2017).
Quanto às dificuldades, observou-se a falta de estrutura física e de materiais, resistência ao lidar com colegas de trabalho, falta de autonomia e cargos atribuídos à pessoa sem conhecimentos na área da saúde.
Mostra-se também a importância da troca de informações no momento em que este profissional realiza os cuidados, para que desenvolva uma atuação de forma humanizada.
Evidenciou-se uma prática gerencial do enfermeiro com enfoque para as atividades burocráticas e pouco articuladas ao cuidado. Não se identificou a articulação e integração entre o cuidar, a comunicação, interação, tomada de decisão e cooperação como atributos essenciais da gestão do cuidado em enfermagem. A aplicação desse conceito na prática gerencial do enfermeiro apresenta-se como uma necessidade emergente para o desenvolvimento de um modelo de gestão vinculada ao cuidar
Foi possível considerar o estágio como sendo um processo pedagógico de formação profissional que tenta interligar, como uma ponte, a formação teórica e científica, considerando a realidade do meio, possibilitando ao estudante estabelecer correlações entre o referencial teórico e as situações do cotidiano.
Quando se trata do tema acolhimento e humanização podemos afirmar que este é um dos temas mais discutidos entre as equipes e profissionais atuantes na atenção básica e hospitalar.
Durante as observações o paciente pode relatar suas queixas e opinar sobre o seu tratamento. Esse simples ato de ouvir o cliente é a chave para a mudança no acolhimento humanizado.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante a prática assistencial vivenciei o quanto é importante o profissional enfermeiro estar embasado de conhecimentos teórico cientifico para poder realizar um trabalho humanizado e atender as necessidades dos usuários e da equipe com resolutividade. Ainda aprendi a importância de estabelecer relações humanas com respeito, ética, compreensão, sem juízo de valores, busca de autonomia, conhecimento sobre os direitos e deveres dos usuários e profissionais da saúde, entre outras competências referentes ao trabalho da enfermagem e que foram presentes durante a minha prática assistencial.
Sendo uma acadêmica do X semestre e concluinte do curso de enfermagem, penso e pretendo realizar um trabalho que contemple o que a PNH preconiza. Devendo tratar o usuário de maneira integral, respeitando suas vontades, identificando suas dificuldades. Porem reconheço as limitações que os profissionais de saúde enfrentam no seu dia a dia, dentre elas: a demanda de atividades, o sentimento de desmotivação, desconhecimento sobre humanização, banalização do cuidado humanizado.
Acredito que estratégias possam ser usadas para contribuir na humanização da assistência de enfermagem. A valorização do profissional é um ponto indispensável para que o mesmo se sinta importante no cuidado e na recuperação do paciente, a capacitação permanente é outro item que deve ser comtemplado. Proporcionar um ambiente onde haja harmonia entre a equipe e condições humanas dignas para o desempenho da função e da assistência prestada ao paciente.
Infelizmente a meta de um atendimento humanizado está longe de comtemplar a o que a PNH propõe. Sabemos que ainda existe graves problemas no SUS, que precisam ser corrigidos urgentemente, como falta de acesso da população aos serviços de saúde, fragmentação da assistência, desarticulação da rede de saúde, falta de reconhecimento dos trabalhadores e da participação deles na gestão, entre outros.
Foi possível observar também que atuar de forma humanizada nos hospitais é um desafio ao enfermeiro e sua equipe. Nesse contexto, onde se busca sempre estar oferecendo segurança, atendimento rápido e eficaz, além de um efetivo apoio emocional ao cliente e a sua família, aliados a uma atitude orientada para o aproveitamento dos recursos tecnológicos existentes. Ainda é importante ressaltar que, muitas vezes, devido à sobrecarga imposta pelo cotidiano do trabalho, a enfermagem acaba prestando uma assistência mecanizada e tecnicista.
Outro fator notado foi o sofrimento psíquico dos trabalhadores de enfermagem, pois o desgaste psicológico foi relatado como um dos obstáculos que interferiu na qualidade de vida dessas pessoas bem como na qualidade da assistência prestada. Nesse momento percebi a impotência de cuidar dessas pessoas, pois os reflexos da “desumanização” ficaram visíveis nos modos de prestar assistência de enfermagem, nas dificuldades de convivência entre equipe e usuários. Infelizmente, isso acarretou em um cuidado voltado diretamente para a doença sem levar em conta a integralidade do paciente e suas reais necessidades.

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