PROPOSTA DE INTERVENÇÃO – GRUPO “CUIDANDO DE QUEM CUIDA” – AÇÕES HUMANIZADAS NA UTI PEDIÁTRICA
Projeto apresentado à disciplina Humanização dos Cuidados em Saúde I e II do Curso de Mestrado Profissional Ensino em Saúde como requisito básico para conclusão da disciplina ministrada pelas professoras Drª Danielle Abdel Massih Pio e Drª Magali Aparecida de Moraes, da Faculdade de Medicina de Marília (Famema).
Autoras:
Ilza Cilene Mota Constantino, enfermeira, aluna da disciplina de Humanização e Cuidados em Saúde I e II, do Mestrado Profissional de Ensino em Saúde, da Faculdade de Medicina de Marília (Famema), trabalha na Central de Regulação do município de Adamantina-SP.
Lia de Oliveira Rosa Gazola, médica, aluna especial da disciplina de Humanização e Cuidados em Saúde I e II, do Mestrado Profissional de Ensino em Saúde, da Faculdade de Medicina de Marília (Famema), trabalha na UTI Pediátrica do Hospital das Clínicas (Unidade II) e assistente de ensino da Faculdade de Medicina de Marília (Famema).
Nathália Yumi Takaoka, psicóloga, aluna especial da disciplina de Humanização e Cuidados em Saúde I e II, do Mestrado Profissional de Ensino em Saúde, da Faculdade de Medicina de Marília (Famema), trabalha no Hospital Materno Infantil da Faculdade de Medicina de Marília (Famema).
Sobre a temática humanização, a maioria dos estudos abarca ações e práticas que favoreçam o cuidado adequado ao paciente em detrimento a espaços de saúde dirigidos ao trabalhador.
Trabalhando dentro de uma unidade hospitalar, podemos perceber muitas vezes, profissionais fragilizados e adoecidos, distantes de práticas que envolvam cuidado, e tendo a necessidade de reproduzir cuidado ao outro…
Diante da complexidade, das condições variáveis do paciente e da proximidade com a morte, os profissionais atuantes em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), são mais suscetíveis ao adoecimento psíquico (MONTEIRO et al., 2013).
No exercício de suas atividades, trabalhadores da saúde vivenciam situações complexas e mobilizadoras.
Osório (2007) traz o conceito de “lixo psíquico” associando a terminologia a tudo o que sentimos e não expressamos, no exercício de nossas atividades diárias e relações interpessoais, podendo se acumular e resultar em angústias ou frustrações, acarretando sofrimento.
Pensando em uma intervenção de forma a reciclar esse “lixo psíquico”, surge a proposta para formação de um grupo de escuta com a equipe multiprofissional da UTI Pediátrica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Marília (HC FAMEMA).
A proposta do Grupo “Cuidando de quem Cuida” surge a partir da identificação do sentimento de angústia da equipe gerada pelo trabalho no campo da UTI Pediátrica, e tem a finalidade de contribuir com a inserção de práticas humanizadas em saúde voltadas ao trabalhador através da criação de um espaço continente que promova o acolhimento e a escuta desses profissionais em relação ao ambiente de trabalho e situações geradoras de estresse.
A aplicação deste projeto, compreende profissionais de uma UTI (fisioterapeutas, médicos, enfermeiras, técnicos de enfermagem, profissionais da limpeza, nutrição, psicologia, serviço social, terapia ocupacional e fonoaudiologia), que hoje atuam no cuidado a 07 leitos, recebendo crianças na faixa etária de 29 dias à 13 anos, 11 meses e 29 dias.
Para viabilização desta ação, a confecção da estrutura do projeto se realizará pelos coordenadores (psicóloga, assistente social e terapeuta ocupacional), iniciando-se a com reunião inicial com as equipes da UTI, turno da manhã, tarde , noite, de modo a apresentação e discussão da proposta, pactuação dos objetivos e combinados com os trabalhadores. Posteriormente será realizada uma reunião com as chefias da equipe médica e de enfermagem e a Diretoria Técnica do Hospital para levar explanação da proposta e discussão da disponibilidade desta para sua implementação.
A proposta elaborada, é a de acontecimento de um grupo de formato operativo (PICHON-RIVIÈRE, 2009), ou seja, um grupo que compõe pessoas com o mesmo objetivo, (o compartilhamento de vivências) e que estarão centrados na resolutividade da tarefa, que neste caso, será a minimização das ansiedades e das dificuldades que envolvem a UTI. O manejo, para resolutividade da tarefa, contará com a responsabilidade da Equipe de Psicologia, Terapia Ocupacional e Serviço Social.
Como o grupo acontece de forma flexível e sintetiza um espaço de escuta, ao início de cada encontro, serão direcionadas perguntas focais sobre a semana dos trabalhadores, que direcionarão ao tema que será trabalhado no grupo, agindo como disparadores.
Neste formato, acredita-se ser possível, que os coordenadores auxiliarão na ressignificação dos momentos vivenciados, potencializando espaços de troca e o cuidado ao cuidador. Ainda, para que o grupo ocorra de forma eficaz, os coordenadores se reunirão semanalmente a fim de organizar o esquema grupal e discutir a efetividade deste espaço.
Os encontros serão realizados semanalmente, às sextas-feiras das 11h às 12h, podendo se estender por curto período conforme a demanda e de maneira híbrida, sendo parte do grupo participando de forma presencial em sala previamente reservada e dentro das normas de segurança visando proteção ao COVID-19 e outra parte por meio da plataforma Zoom Meetings com link gerado pelos coordenadores com o intuito de que a maior parte dos funcionários tenha acesso ao grupo. A divulgação do evento acontecerá por meio de cartaz no mural de avisos da UTI e folder encaminhado via WhatsApp.
A proposta pode amenizar os indicativos de sobrecarga emocional decorrente da natureza dos ofícios, favorecer o fortalecimento em equipe e melhorar a qualidade do trabalho dos profissionais.
Link:
https://drive.google.com/file/d/1D93xxSkMo1gd_bXx8ahF8XKnlgUH_yXD/view?usp=sharing
Referências
MONTEIRO, J. K.; OLIVEIRA, L. L. A.; RIBEIRO, S. C.; GRISA, H. G.; AGOSTINI, N. Adoecimento psíquico de trabalhadores de unidades de terapia intensiva.Psicologia Ciência e Profissão, v. 33, n. 2, 2013. Disponível em:< http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-08582008000100003>. Acesso em: 24 abr. 2021.
LUCCHESI, F.; MACEDO, P. C. M.; MARCO, M. A. Saúde mental na unidade de terapia intensiva. Rev. SBPH, Rio de Janeiro, v. 11, n. 1, p. 19-30, jun. 2008. Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-08582008000100003&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 24 abr. 2021.
OSÓRIO, L. C. Grupoterapias abordagens atuais. Porto Alegre: Artmed, 2008.
PICHON-RIVIÈRE, E. Técnica dos grupos operatives. In: Pichon-Rivière, E. O processo grupal. (M. A. F. Velloso, trad., 8. ed., p.121-137). São Paulo: Editora WMF Martins Fontes. (Trabalho original publicado em 1960), 2009.
JORGE, M. A. S.; CARVALHO, M. C. A.; SILVA, P. R. F. (org.). Políticas e cuidado em saúde mental: contribuições para a prática profissional. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2014. 121 p.
Por Sérgio Aragaki
Muito bom ver essa e outras postagens da disciplina aqui. Em Maceió, Alagoas, também temos um grupo de pessoas que fizeram ou estão fazendo mestrado em ensino na saúde que estão trabalhando no tema. Será ótimo compartilharmos reflexões, aprendizados, colaborações. AbraSUS!