Psiquiatria e patologização onde tem poder sobre a vida e escolhas das pessoas?
Texto baseado no artigo: “A psiquiatrização da vida: Arranjos da loucura, hoje?”
Autoras: Tânia Mara Galli Fonseca e Regina Longaray Jaeger
Caderno Humaniza SUS número 5
Autora resenha: Daniela Araujo Martins
Acadêmica de Psicologia – FISMA (Faculdade Integrada de Santa Maria)
Hoje se fala muito de Política de Humanização da Atenção e Gestão (PNH), essa mesma tem o objetivo a qualificação das práticas de gestão e atenção à saúde, vem com ma proposta de construção de transversalidade, conceitos, fortalecer iniciativas de humanização existentes, funções, sensações, saberes, poderes. Implementar processos de acompanhamento e avaliação, ressaltando saberes gerados no SUS e experiências coletivas bem-sucedidas.
Essa política tem uma proposta de novos sentidos para a saúde ou adoecimento mental. A Reforma Psiquiátrica trouxe outros modos de tratar a doença mental, a PNH não busca somente prescrição e mas como a saúde mental é tratada na rede humaniza SUS, surge a necessidade de uma formação que problematize os novos modos de gerenciar de vida.
A Reforma Psiquiátrica e movimentos sanitários iniciados na década de 70, visavam a reformulação dos modelos de assistência e gestão, defesa da saúde coletiva, equidade na oferta de serviços, e através destes movimentos foram conquistados diversos direitos em relação a saúde. Através desta reforma psiquiátrica, houve uma ruptura da centralidade do procedimento psiquiátrico, que separava e população que era considerada doente mental, que fosse incapaz de viver em sociedade, ou seja tudo que era diferente era encaminhados para asilos, onde permaneciam muito tempo nesses locais, eram considerados uma vergonha para a família, como se fosse um empecilho para a família.
A PNH busca a qualificação das práticas de gestão e de atenção à saúde, a humanização propõe-se a buscar condições de produção de novas atitudes para trabalhadores, acolhimento , clínica ampliada, democracia das relações, valorização desses trabalhadores e garantir direitos. Até pouco tempo o poder psiquiátrico parecia ter domínio próprio, território pronto onde era permitido dizer quem era louco e quem não era, os procedimentos psiquiátrico passaram a fazer parte de vários domínios de trabalho. Até meados do século XIX, o desenvolvimento infantil era selecionado dentro de uma teoria possibilitava a “correção” e que eram possíveis de ser curadas, houveram muitas generalizações que disseminam o poder psiquiátrico, ampliando o espectro de doença mental, para todo e qualquer comportamento considerado anormal, esquadrinhamentos disciplinares dos comportamentos, criam novas realidades do adoecimento.
A patologização permanente, onde a psiquiatria toma para si, o poder sobre a vida, praticamente determina o direito de vida e de morte , como se não seguir o tratamento corretamente corre o risco de morte, por exemplo.
Precisa-se romper com as heterotopias do desvio estigmatizante, tentar retirar da loucura o estigma de doença mental, e a possibilidade sob forma de acolhimento, aproveitando-se da intimidade das pessoas, sua ansiedade quanto ao presente e ao futuro. Não se deve ter uma relação somente paciente e terapeuta, ou psiquiatra, tem-se que ser mais humanos possíveis, tendo em vista que se trabalha com pessoas, que tem sentimentos, angustias, ansiedades e que tem que ter um pouco de empatia e compaixão para se possa fazer a diferença, não somente pensar em “mais um paciente” ou somente visar o valor financeiro, tem sim que buscar ampliar cada vez mais os conhecimentos, e implementar projetos que busquem auxiliar as pessoas, com redes de apoio, grupos de terapias, oficinas que possam trabalhar os medos, acolher de verdade as pessoas que possuem algum tipo de sofrimento mental.