Reflexão crítica com base na Vivência no CAPS Álcool e Drogas em Alagoas
CAPS -AD
Apesar de estar escalada para a atividade no CAPS – Álcool e outras Drogas por uma semana inteira, saliento nesse momento que, estive prejudicada nesse quesito visto que tive reuniões obrigatórias do internato na maioria dos dias e em outros houve feriado, restando-me somente dois dias no serviço.
Os transtornos relacionados ao uso de álcool e drogas são um problema de saúde pública e a partir dele surge a necessidade da criação de serviços que sejam capazes de prover as necessidades de tratamento adequado.
Durante o estágio no CAPS-AD tive muitas oportunidades para conversar com os usuários em tratamento e conhecer um pouco mais desse tipo de serviço que promete um atendimento holístico ao paciente vítima das drogas. O contato com a instituição também me ajudou a entender os motivos que uma pessoa entra nas drogas e entender as consequências geradas.
O arrependimento por vezes se percebia visível visto que, vários deles se envolveram em brigas com pessoas que amam como esposas e filhos, perderam parte do raciocínio, perderam empregos, entre outros. Ao contrário, alguns não se arrependiam e estavam indo à instituição somente porque algum familiar o obrigou, geralmente a mãe. A “boa vontade” de estar se tratando era visível naqueles que a tinham, enquanto também era aparente, quando se estava fazendo as atividades sem “gosto”.
Durante a prática de grupo terapêutico, foi realizada uma atividade em que pediu-se para que os usuários desenhassem a mão e que fossem escrevendo em cada dedo alguns questionamento como o porquê de estarem ali, o que poderiam fazer para passarem mais tempo no tratamento, quem poderia ajudar eles a ficarem menos tempo ali e o que eles poderiam fazer para isso. Eu gostei muito dessa atividade pois deu objetivos a eles, os ajudou a reconhecer o caminho que precisavam seguir.
Pude ainda contribuir com uma reunião administrativa em que se programava uma oficina para produção de sabão entre os usuários, até mesmo para adequá-los a um possível mercado de trabalho. Acompanhei toda a preocupação do grupo em não utilizar uma fórmula de sabão que levava álcool pela própria condição patológica dos indivíduos. Isso demonstrou a mim, todo o cuidado da equipe.
Outro ponto positivo encontrado por mim foi a assistência básica aos usuários pois os mesmos tinham acesso a contextos básicos desde informação e apoio até alimentação e higiene. No local, foi visto que todos os dias estavam disponível alimentação, casa, água encanada, cuidado. Isso é bastante importante baseado em pesquisas que comprovam que indivíduos que possuem vínculo de moradia, alimentação e higiene, possuem mais condições de saírem das drogas quando comparadas com aquelas que não possuem nenhum vínculo.
Apesar disso, a assistência especializada se mostrou para mim, um tanto deficitária. O contato com o atendimento médico psiquiátrico e psicológico individualizado se mostrou um tanto restrito de modo que, não pude acompanhar consultas psiquiátricas ou o contato médico direto.
Ainda como pontos negativos, percebi a baixa carga horária que tive no local e a falta de integração dos alunos da UFAL com a equipe de profissionais do local. As atividades realizadas pelo cronograma pareciam distantes umas das outras, existindo uma evasão grande de integração dos usuários e dos alunos.
Então, para mim, o serviço é bastante importante no estado de Alagoas que possui um índice de pobreza bastante alto e consequentemente, uma maior população exposta às drogas, ou com maior vulnerabilidade. A instituição está crescendo e se encontrando como órgão de políticas públicas. Infelizmente, o número e capacidade de acolhimento dos CAPS dispostos, é bem menor do que o esperado e desejado, aguarda-se uma melhora do governo em relação a esses cuidados.