Reflexões de um Estágio no CAPS Infanto-Juvenil: Aprendizados e Desafios

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Olá, sou Morgana Rocha, estudante do 9º período de medicina da Universidade Federal de Alagoas e tive a oportunidade de estagiar no CAPSi Dr. Luiz da Rocha Cerqueira, situado em Maceió-AL, sendo o único CAPSi da capital até agora.  Durante esse período, tive a oportunidade de vivenciar a importância do atendimento especializado em saúde mental para crianças e adolescentes. Essa experiência foi fundamental para minha formação médica, tanto no aspecto técnico quanto no humano.

O estágio proporcionou um aprendizado importante sobre o trabalho da equipe multiprofissional, composta por enfermeiros, psiquiatras, psicólogos, terapeutas ocupacionais, educadores físicos, assistentes sociais e outros profissionais de saúde. Juntos, eles criaram um ambiente acolhedor e terapêutico para os jovens atendidos. Nesse ambiente, participei de diversas atividades, desde o momento de acolhimento das crianças e adolescentes até a organização da festa de São João que foi realizada para a comunidade atendida por lá.

Dentro desse contexto, a partir da interação direta com as crianças e adolescentes, pude compreender melhor as complexidades e desafios enfrentados por eles, assim como a importância de uma abordagem integrada e individualizada no tratamento de transtornos mentais. Também observei que muitas crianças e adolescentes enfrentavam muitas dificuldades decorrentes da desigualdade social e da falta de apoio familiar, o que muitas vezes agravavam os problemas de saúde mental, tornando o trabalho da equipe ainda mais desafiador. Vi de perto como a falta de recursos, a inadequação das estruturas familiares e o abandono social podem criar um ciclo vicioso que perpetua o sofrimento mental e emocional e, ao ter contato com essa realidade, pude refletir sobre a necessidade urgente do desenvolvimento de  políticas públicas voltadas para essa população vulnerável, medidas que sejam realmente eficazes que incluam ampliação do acesso de serviços de saúde mental (para os jovens e sua família) e programas de apoio socioeconômico às famílias.

Dito isso, gostaria de dizer que a experiência nesse estágio me motivou a continuar estudando e me especializando em saúde mental (espero um dia me tornar psiquiatra), com a esperança de contribuir para um sistema de saúde mais inclusivo e eficiente. Acredito que, como futuros profissionais de saúde, temos a responsabilidade de lutar por políticas públicas que garantam o acesso universal e equitativo aos serviços de saúde mental, especialmente para as populações mais vulneráveis. Por fim, estou profundamente grata por essa oportunidade e por poder trocar experiências com os profissionais que compõem esse CAPS, os quais foram muito prestativos e acolhedores, tanto comigo quanto com meus colegas de estágio.