Reflexões e contribuições sobre a Reforma Psiquiátrica.

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A amplitude e a complementaridade do significado acerca da reforma psiquiátrica foram bem constituídas nos dois curtas, mostrando a face verdadeira e cruel de anos e anos  de um regime de encarceramento dos pacientes psiquiátricos.

Em `Em nome da razão` observa-se o descaso à saúde mental desses pacientes, visto que demonstra da forma mais real possível o descaso com  o tratamento das doenças psiquiátricas, sendo os manicômios um local de isolamento e reclusão dessa população e não um local para o tratamento dessas condições. Apesar das cenas difíceis de assistir, o documentário nos faz lembrar de um passado recente que não pode e não deve ser esquecido, para que a luta pela queda do modelo de assistência psiquiátrica hospitalocêntrica seja cada dia mais fortalecida. Dessa maneira, a reforma psiquiátrica veio com o intuito de mudar a forma de ver e praticar a atenção à saúde, gerando uma crise no modelo centrado no hospital psiquiátrico. Sendo assim o Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental denunciou categoricamente a forma cruel e desumana que os pacientes psiquiátricos viviam (como apresentado nesse curta), pacientes deixados para morrer, em condições DESUMANAS.

Ao irmos para o documentário “Saúde mental e dignidade humana” podemos observar a importância de um luta que não se restringe apenas aos profissionais da saúde, mas também a essencialidade dos profissionais do direito para que se reconheça o doente mental como um cidadão digno de direitos e deveres iguais a qualquer outro. Dessa forma, vê-se que o tratamento dos pacientes nessas condições não se limita a medicações e internamentos compulsórios, estendendo-se também a políticas de reintegração das pessoas com transtornos mentais na sociedade. Um exemplo disso foi a criação dos Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT), que permite ao indivíduo se reintegrar à sociedade e recuperar sua autonomia. Além disso, a atenção à saúde mental é composta por diversos programas, como os CAPS, SRT, Centros de Convivência, Hospitais Gerais e Ambulatórios de Saúde Mental, como forma de descentralização e integração do SUS.

Por fim, é inquestionável que a reforma psiquiátrica foi um passo de extrema importância e uma conquista não só para psiquiatria, mas também para os direitos humanos das pessoas com doença mental. Para que a voz trazida pelos movimentos antimanicomais não se abafe e a reforma psiquiátrica se consolide cada vez mais no Brasil, é preciso de resistência contra retrocessos e progredir para a a ascensão cada vez maior desse movimento, cabe, portanto, aos profissionais de saúde ter uma visão mais ampla sobre o tema e exigir comprometimento das autoridades cabíveis e de toda população.

Rafaela da Silva Ferreira, acadêmica de medicina da Universidade Federal de Alagoas.