Relação entre usuários do SUS e Profissionais da Saúde na ESF. O olhar do Estudante de Medicina

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A construção da relação entre usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) e Trabalhadores da Saúde é um dos principais pilares para o trabalho da Equipe Interprofissional, na Estratégia Saúde da Família (ESF). Os estudantes da Graduação em Medicina da Universidade do Oeste Paulista (FAMEPP/UNOESTE) são inseridos, desde o primeiro termo do Curso, em 09 ESFs localizadas nos municípios de Presidente Prudente e Álvares Machado, no interior de SP, graças a uma Parceria Academia/Serviço firmada entre a Universidade e as Secretarias de Saúde das duas localidades.
Os Facilitadores do Programa de Aproximação Progressiva à Prática Médica (PAPP) do Curso de Medicina da Universidade do Oeste Paulista (FAMEPP/UNOESTE) utilizam Metodologias Ativas como a Problematização para estimular a criação de Planos de Ação, alicerçados na Política Nacional de Promoção à Saúde (PNPS). O estudante tem contato com a rotina dos trabalhadores da Saúde e também com situações reais que os envolvem, desde o primeiro termo, participando das Reuniões de Equipe, na Unidade de Saúde. O PAPP/FAMEPP/UNOESTE também faz uso, previamente, do LHabSim (Laboratório de Habilidades e Simulação) da UNOESTE, no qual os estudantes realizam a “Visita Domiciliar Simulada”, realizada em ambiente protegido, que utiliza “atores” previamente treinados, para simular situações que fazem parte do cotidiano dos trabalhadores da Saúde, nos territórios ligados às ESFs.
Quando estão presentes nas unidades de Saúde, os Acadêmicos de Medicina se deparam com “realidades” que os auxiliarão a desenvolver habilidades, conhecimentos e atitudes, (sempre supervisionados pelos Facilitadores), voltadas para um “padrão-ouro” no estabelecimento de relações de respeito e confiança com os usuários do SUS. Nesse contexto, os graduandos, orientados pelos professores, realizam suas primeiras visitas domiciliares (VDs), nas quais entram em contato com diversos contextos “biopsicossociais” de famílias reais, que utilizam o Sistema Único de Saúde (SUS). O estudante tem a oportunidade de colocar em prática vários conhecimentos, dentre eles, a elaboração de uma anamnese, voltada para a “Ampliação da Clínica”.
A “Clínica Ampliada” é uma das diretrizes que a “Política Nacional de Humanização” (PNH) propõe para qualificar o modo de se fazer saúde na ESF. A professora utilizou o “Arco de Maguerez” para estimular “reflexão na Ação” após a realização da Visita Domiciliar. Estudantes consideraram, após as buscas em referências selecionadas, que “ampliar a clínica” é aumentar a autonomia do usuário do serviço de saúde, da família e da comunidade.
Como acadêmico do primeiro termo de Medicina, prezo muito pelo aprendizado de valores e bases éticas, humanas e também profissionais. Entendi que o PAPP/FAMEPP/UNOESTE organiza tarefas para os acadêmicos com foco na: “Atenção Individual, Coletiva, nos Processos de Trabalho e na Educação em Saúde”. É um Programa que me aproxima das situações enfrentadas pelos Trabalhadores da Saúde, enriquece meu entendimento sobre a rotina da ESF, a partir da análise das “Necessidades de Saúde” trazidas pelos usuários do SUS. Por meio da minha primeira Visita Domiciliar, realizada no dia 3 de outubro de 2022, pude entender mais sobre os Princípios do SUS (Universalidade, Integralidade e Equidade) e também como poder aplicá-los, com os usuários, no território de saúde ligado à ESF.
Por meio da reflexão sobre a visita, consegui pensar em estratégias que levem em consideração os “Determinantes Sociais de Saúde (DSS)” e o “Processo Saúde-Doença” das pessoas e como traçar “planos de cuidado” para as famílias visitadas. Entendi que os DSS correspondem aos fatores sociais, econômicos, culturais, étnicos/raciais, psicológicos e comportamentais que influenciam a ocorrência de problemas de saúde e fatores de risco à população, tais como moradia, alimentação, escolaridade, renda e emprego. Foi enriquecedor poder “lançar um olhar” para a realidade do outro, a partir de uma abordagem humanizada, de fundamental importância para que o estudante médico não se prenda apenas ao conhecimento teórico sobre a PNH, mas que passe a praticá-lo.
A Política Nacional de Humanização (PNH) se fundamenta em três princípios: inseparabilidade entre a atenção e a gestão dos processos de produção de saúde, transversalidade e autonomia e protagonismo dos sujeitos.A Facilitadoa explicou que essa prática dos Princípios da PNH (Política Nacional de Humanização), na ESF, fortalece aspectos afetivos, cognitivos e psicomotores do futuro médico, de modo que ele entenda os contextos com os quais irá se deparar durante a graduação e também depois de formado, buscando transformá-los para melhorar as condições de vida das pessoas.
A Metodologia da Problematização, utilizada no PAPP/FAMEPP/UNOESTE, possibilita e estimula a reflexão e a ação criadora do estudante. Na prática problematizadora, os futuros médicos desenvolvem o poder de assimilar e de compreender do mundo que os cerca. Somos capazes de estabelecer relações que não são estáticas, mas pelo contrário têm características dinâmicas, sendo capazes de levar à “criação de ambientes saudáveis” na comunidade ligada à ESF.

 

Referências: Determinantes Sociais de Saúde.  Disponível em:
https://pensesus.fiocruz.br/determinantes-sociais