Relato de experiência como monitor do PET saúde digital.

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Esdras de Farias 14/12/2025

Relato de Experiência – PET-Saúde Digital
Visitas à UDA e à Unidade de Saúde Rosane Collor
Como integrante do PET-Saúde Digital, nosso objetivo principal é compreender como a população tem acessado as ferramentas de saúde digital, bem como identificar dificuldades, limitações e potencialidades no uso dessas tecnologias. Apesar de alguns contratempos no calendário terem reduzido a quantidade de visitas previstas, pude realizar duas experiências importantes em campo: uma na UDA (Unidade Docente Assistencial) e outra na Unidade de Saúde Rosane Collor.
1. Primeira visita – Unidade Docente Assistencial (UDA)
A UDA foi o primeiro local que visitei e até então era um ambiente que eu não conhecia. Ao chegar, observei uma estrutura aparentemente organizada, com várias pessoas aguardando atendimento tanto na recepção quanto do lado de fora. Havia também estudantes e funcionários circulando, o que reforçava o caráter formativo daquela unidade.
Fui apresentado à preceptora Josélia, fisioterapeuta da equipe Emulti, que atua em diversas unidades de saúde e também em atendimentos domiciliares. Ela me explicou sobre os diferentes programas existentes na UDA e sobre a dinâmica de atuação multiprofissional que marca o cotidiano da unidade.
Durante a visita, acompanhamos uma sala onde acontecia um projeto voltado para crianças com atraso no desenvolvimento. Naquele momento, bolsistas e profissionais realizavam intervenções utilizando estímulos, jogos, brincadeiras e diálogo, evidenciando o cuidado da equipe mesmo diante das limitações estruturais.
Em seguida, fomos para uma sala ainda menor, compartilhada entre diversos membros dos projetos.
Nesse espaço, Josélia comentou sobre algumas precariedades enfrentadas pela unidade, como: a existência de apenas um computador para todos os profissionais; a verba insuficiente; falta de insumos básicos; e a necessidade de os profissionais se desdobrarem para atender a alta demanda.
Muitos materiais e brinquedos utilizados vêm de doações dos próprios trabalhadores.
Ela também nos mostrou como funciona o prontuário eletrônico, explicando como recebe as demandas, como organiza os atendimentos e como é sua rotina entre a UDA, outras unidades e atendimentos domiciliares.
No entanto, não consegui aplicar o questionário do PET-Saúde Digital nessa primeira visita devido à dinâmica da unidade.
2. Segunda visita – Unidade de Saúde Rosane Collor
A segunda visita ocorreu na Unidade de Saúde Rosane Collor, localizada em uma comunidade muito carente, em um dos bairros mais violentos de Maceió. A unidade é simples e de difícil acesso, revelando muitos desafios enfrentados pelo SUS no município.
Durante o atendimento, conheci seu Valério, um homem que sofreu um AVC e estava acompanhado pela sobrinha. Após as intervenções fisioterapêuticas realizadas por Josélia, pude aplicar o questionário à sobrinha. Apesar de possuir celular e internet, ela não utiliza ferramentas de saúde digital e passa grande parte do tempo em redes sociais.
Logo depois, entrevistei outra paciente que relatou dor no joelho e inchaço nas pernas. Ela também utiliza o celular, principalmente aplicativos de mensagem, recebendo informações sem checar a veracidade das fontes. Assim como a sobrinha de Valério, ela não utiliza o SUS Digital e marca atendimentos presencialmente.
Conclusões da experiência.
Mesmo com apenas duas visitas, foi possível perceber que a saúde digital ainda é pouco conhecida e pouco utilizada pelas pessoas atendidas. Apesar de terem celular e internet, falta conhecimento sobre como acessar ferramentas de saúde. A desinformação circula facilmente. As unidades enfrentam desafios estruturais, o que também dificulta a digitalização. Essas vivências reforçam a importância do PET-Saúde Digital em promover educação digital e fortalecer práticas tecnológicas no SUS.
Universidade Federal de Alagoas – Campus A.C. Simões