RELATO DE EXPERIÊNCIA NO CAPS

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Durante meu estágio no CAPS Casa Verde, localizado na Pitanguinha, em Maceió, vivi uma experiência transformadora que reafirmou, com ainda mais força, meu compromisso com a luta antimanicomial e com uma prática médica mais humana, sensível e integral.

Foi um reencontro com o território, com pessoas e afetos. Conheci novas histórias e revisitei rostos familiares de experiências anteriores no próprio CAPS. Reencontrar esses usuários foi uma oportunidade única de observar a continuidade do cuidado em liberdade, o vínculo construído ao longo do tempo e a importância do CAPS na trajetória dessas pessoas.

Participei ativamente de várias atividades que ampliaram meu entendimento sobre a potência terapêutica do convívio e da liberdade. Joguei damas, montei quebra-cabeças, desenhei nas oficinas, participei da roda de conversa com pessoas que ouvem vozes e, em momentos de descontração, também dancei e celebrei a alegria coletiva. Esses encontros me mostraram como o cuidado em saúde mental é múltiplo, afetivo e vivo.

Cada uma dessas vivências reforçou minha percepção positiva sobre o modelo de atenção psicossocial e a importância da Reforma Psiquiátrica Brasileira. O CAPS não é apenas um espaço de tratamento — é um lugar de vida, de reconstrução subjetiva, de escuta, de troca e de liberdade.

Como estudante de medicina, percebo o quanto essas experiências me tiram da zona de conforto biomédica e me convidam a construir um olhar mais ampliado sobre o cuidado. Como ser humano, saio mais sensível às singularidades do sofrimento psíquico e mais comprometido com a defesa incondicional do SUS e da saúde mental em liberdade.

Agradeço à equipe do CAPS Casa Verde, aos usuários e a todos os profissionais que me acolheram e que me ensinaram, com gestos simples e profundos, o verdadeiro significado do cuidado.