Resenha: O trabalho dos ACS no Cuidado com Pessoas que Usam Drogas: Um diálogo com a PNH
Olá! Sou a Caroline do Nascimento da Silva, estudante de Psicologia, atualmente estou no quarto semestre na Faculdade Integrada de Santa Maria (Fisma). Estou cursando a disciplina de Introdução à Psicologia da Saúde, ministrada pelo professor Douglas Casarotto. Foi solicitado para a turma escolher um dos artigos que estão no Caderno Humaniza SUS e realizar uma resenha do assunto. O artigo escolhido: O trabalho dos Agentes Comunitários de Saúde no Cuidado com Pessoas que Usam Drogas: Um diálogo com a PNH.
O artigo aborda estratégias de cuidado utilizadas por agentes comunitários de saúde no cuidado de pessoas que fazem uso de álcool e outras drogas. Os dados tomados para discussão foram produzidos por intermédio de uma pesquisa-intervenção que buscou identificar as demandas em saúde mental presentes no cotidiano de trabalho dos agentes e, a partir daí, propor uma estratégia de formação em torno desta temática.
Resumindo brevemente o conteúdo do artigo, dei maior ênfase para a pesquisa de intervenção realizada pelos Agentes Comunitários de Saúde (ACS), a pesquisa foi feita em três etapas, porém o enfoque foi na discussão sobre o uso de álcool e outras drogas. Foram levantadas algumas questões, por exemplo, qual a imagem que temos da pessoa que usa drogas e que cuidado é possível?
Baseado nisto, como sou acadêmica de Psicologia, este assunto levou a questionar-me sobre quem é este indivíduo denominado como “usuário de drogas”, qual é a história destas pessoas, o que leva a usarem drogas e álcool. E além disso, como a Psicologia pode auxiliar nesse sentido?
Acredito que, pode desempenhar um papel fundamental no apoio e tratamento destes indivíduos que lutam contra estes vícios. A psicologia pode oferecer assistência para pessoas com esses desafios, por exemplo, vou citar alguns principais aspectos que pode servir de auxilio:
1. Avaliação e Diagnóstico: A primeira etapa no tratamento de usuários de álcool e drogas envolve a avaliação psicológica. Os psicólogos realizam entrevistas detalhadas e testes para entender a extensão do problema, identificar fatores desencadeantes e determinar se há transtornos mentais coexistentes, como depressão ou ansiedade.
2. Terapia Individual: A terapia individual é uma parte fundamental do tratamento. Os psicólogos usam abordagens como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) para ajudar os indivíduos a reconhecerem e modificarem padrões de pensamento e comportamento associados ao uso de substâncias. Isso promove a autogestão e o desenvolvimento de habilidades para evitar recaídas.
3. Terapia em Grupo: Terapias em grupo oferecem um ambiente de apoio onde os usuários podem compartilhar experiências, aprender com os outros e desenvolver conexões sociais saudáveis. Isso é crucial para reduzir o isolamento e a solidão muitas vezes associados ao vício.
4. Abordagem Motivacional: A psicologia motiva os indivíduos a reconhecerem a necessidade de mudança e a estabelecerem metas realistas para a recuperação. A Entrevista Motivacional é uma técnica para aumentar a motivação e a aderência ao tratamento.
5. Tratamento de Transtornos Coexistentes: Muitos usuários de álcool e drogas também têm transtornos mentais subjacentes. A psicologia ajuda a tratar esses transtornos simultaneamente, abordando tanto o vício quanto as condições de saúde mental.
6. Prevenção de Recaídas: Os psicólogos ensinam estratégias de enfrentamento, identificação de gatilhos e desenvolvimento de habilidades de enfrentamento para evitar o retorno ao uso de substâncias.
7. Terapia Familiar: A família possui um papel importante no processo de recuperação. A terapia familiar ajuda a melhorar o entendimento mútuo e a oferecer suporte aos usuários em seu ambiente doméstico.
8. Abordagem Holística: A psicologia adota uma abordagem holística, considerando o bem-estar emocional, físico e social dos indivíduos. Isso envolve não apenas a redução do uso de substâncias, mas também a melhoria da qualidade de vida no geral.
9. Pesquisa e Intervenção Contínua: No artigo é citado em como a pesquisa e intervenção contínua é aplicada na prática e que tem resultados significativos. Nas considerações finais do artigo, faço recorte:
“Deve-se ressaltar que, na terceira etapa da pesquisa, onde procuramos avaliar o impacto da intervenção, houve o pedido, por parte dos ACS, de um trabalho contínuo de escuta e apoio ao seu trabalho. Considerando que “a atenção básica lida com problemas altamente complexos do cotidiano das pessoas, utilizando poucos recursos [em termos de densidade tecnológica]” (BRASIL, 2009b, p. 9), tornam-se necessárias ações contínuas de apoio ao trabalho dos ACS. Apontamos a necessidade de que propostas de intervenção como esta possam ter continuidade, por intermédio de projetos que possam garantir a continuidade de novas ações de cuidado na atenção básica.”
Então acredito que a psicologia também pode contribuir neste sentido de pesquisa contínua sobre vícios e tratamentos, adaptando abordagens terapêuticas conforme novas evidências que vão surgindo.
10. Promoção da Recuperação a Longo Prazo: Ajuda os indivíduos a construir uma vida significativa e saudável após a recuperação, apoiando a reintegração na sociedade e promovendo o desenvolvimento pessoal.
Em resumo, a psicologia desempenha um papel vital na assistência aos usuários de álcool e drogas. Ela oferece um conjunto abrangente de ferramentas terapêuticas e estratégias para ajudar as pessoas a superarem o vício, reconstruirem suas vidas e manterem a sobriedade a longo prazo.
Referências:
SILVA, Rosane Azevedo Neves da; ZAMBENEDETTI, Gustavo; PICCININI, Carlos Augusto. O trabalho dos Agentes Comunitários de Saúde no cuidado com pessoas que usam drogas: um diálogo com a PNH. Cadernos HumanizaSUS, p. 183-195, 2015.
XAVIER, Rosane Terezinha; MONTEIRO, Janine Kieling. Tratamento de Pacientes Usuários de crack e outras drogas nos CAPS AD. Psicologia Revista, v. 22, n. 1, p. 61-82, 2013.
Por Sérgio Aragaki
Muito interessante. Mas fiquei lembrando que precisamos ter cuidado em utilizar o termo vício… lembrando também que há diferença entre uso, abuso e dependência de drogas (incluindo medicamentos e, em especial, os psicotrópicos).
Para além de abordagens que costumeiramente tem sido ensinadas (que poderia dizer que se baseiam em diagnosticar e propor tratamentos), como entender e lidar com o uso de drogas de maneira não patologizante, não medicalizante? O que a humanização da saúde tem a ver com isso tudo? Há uma discussão muito importante relacionada à diferença de concepções e de práticas do proibicionismo e da Redução de Danos… provavelmente vocês a farão.
A Luta Antimanicomial é Antiprobicionista e Desmedicalizante também. Vamos dialogando!
AbraSUS!