Roda de Conversa: Mulher, como você se sente?

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Atividade da disciplina “Humanização e formação em saúde”, do Mestrado Profissional em Ensino na Saúde da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Alagoas.

Discentes: Camila de Melo Moura e Priscila Tavares de Oliveira.

Docentes: Prof. Dr. Sérgio Seiji Aragaki, Profa. Dra. Profa. Dra. Cristina Camelo Azevedo, Ms. Everson Santos Melo, Ms. Luzia M. G. M. Prata.

Colaboradora: Gracielle Torres Azevedo.

Como profissional da unidade neonatal do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes, na cidade de Maceió, tenho percebido a importância de um olhar voltado para as mães acompanhantes de filhos internados nesta unidade. Estas mães precisam estar presente constantemente no ambiente hospitalar para o acompanhamento e para melhor evolução dos seus filhos. As mesmas ficam afastadas de seus familiares, geralmente por um longo período de tempo, contando apenas com o apoio e a companhia umas das outras.
Considerando os argumentos acima, pensamos em criar um espaço de escuta, acolhimento às diferenças e mudanças das relações de saber-poder, tal como propõe a Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS (PNH) (BRASIL, 2008).
Nessa perspectiva, destacamos a roda de conversa como uma ferramenta importante que vem sendo usada em diversos espaços no âmbito da saúde, com diferentes públicos e finalidades.
Sendo assim, no dia 04/06/19, contando com a participação de outras profissionais do hospital, realizamos uma roda de conversa com as mães acompanhantes. Participaram deste momento 7 mães e 6 profissionais (4 fisioterapeutas e 2 psicólogas).
A roda foi compreendida em três etapas: aquecimento, desenvolvimento e desaquecimento – avaliação.
Inicialmente foi feito um pequeno lanche, oferecido pelas organizadoras, seguido da apresentação da proposta e pactuação do tempo de duração da roda, também foi solicitada a permissão para a divulgação das imagens e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), havendo permissão de todas as participantes, demos inicio as apresentações. Para tornar a comunicação mais pessoal colocamos tarjetas com o nome de cada participante em suas vestimentas.
Destacamos a presença das mediadoras ou facilitadoras, cujo papel foi estimular a circulação da palavra, a reflexão e a troca de saberes.

As cadeiras foram colocadas em círculo para auxiliar que todos os participantes se vissem e para favorecer o diálogo horizontalizado, fundamental para estabelecer e manter relações de saber-poder menos hierarquizadas.

Foram realizadas algumas perguntas disparadoras: Como você se sente? O que tem te incomodado? O que te faz feliz? Como é a relação de vocês, umas com as outras?

As participantes falaram como é ter um filho internado numa UTI, falaram da angústia de estarem afastadas de seus familiares, principalmente de seus outros filhos, algumas relataram momentos de felicidades a cada melhora de seus filhos, a importância da comunicação e do acolhimento dos profissionais como forma de deixá-las mais tranquilas e seguras, e outra coisa muito importante foi sobre o companheirismo entre elas.

A todo momento da roda tentamos ressaltar a importância da união e aliança entre as mulheres, de fortalecer a capacidade de lidar com diferenças e descontentamentos, além de facilitar a reflexão, respeito as falas e a troca de experiências. Uma das psicólogas falou sobre sororidade, que é a união e aliança entre mulheres, baseado na empatia e companheirismo, em busca de alcançar objetivos em comum.

No inicio da roda de conversa algumas mães ficaram mais tímidas, porém, ao abrir espaço para suas falas conseguiram se expressar e interagir com o grupo.

Essa atividade representou não apenas um momento de desabafo, mas um momento de troca de saberes, onde o sujeito-cidadão pôde se relacionar com os outros, ensinando e aprendendo, fortalecendo e sendo fortalecido, raciocinando, refletindo e decidindo pelo bem-estar pessoal e coletivo no contexto de suas vivência e experiências, assim como propõe Dias (2018).

Ao final, as participantes, mães e profissionais, relataram terem gostado de participar da roda de conversa e sugeriram que mais momentos como este fossem realizados.

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Referência:

BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS. Documento Base para Gestores e Trabalhadores do SUS. Brasília: Ministério da Saúde, 2008

DIAS, Eliani Sayumi Motisuk et al. Roda de conversa como estratégia de educação em saúde para a enfermagem. Rev. Fund. Care Online, v. 10, n.2, p. 379-384, abr/jun 2018.