A valorização do Trabalho e do Trabalhador é indispensável para fazer acontecer o SUS QUE DÁ CERTO, porém, para essa valorização existir é necessário muito diálogo e uma horizontalidade entre gestores, trabalhadores e usuário.
Na realidade, vemos trabalhos exaustivos, em que lidamos diariamente com risco iminente de morte, numa rotina com excessivos protocolos, tecnicidades e gestores verticais que parecem se preocupar apenas com o cumprimento de escala e horários, sem valorizar o trabalhador e seu trabalho e sem preocupar-se com a qualidade do serviço aos usuários.
A falta de valorização do trabalho e do trabalhador vêm permeada pela falta de diálogo e vínculo entre a equipe, falta de definição de metas e indicadores de qualidade (apenas indicadores quantitativos), falta de autonomia dos sujeitos e ausência de corresponsabilização, além de gestores com pouco conhecimento sobre Humanização e Saúde do Trabalhador.
O acúmulo de tarefas, o aumento da carga- horária de trabalho, acúmulo de vínculos empregatícios, além de uma formação acadêmica voltada ao adoecimento levam ao estresse e ao adoecimento dos trabalhadores, além de frustração por ter o pensamento voltado sempre para a cura dos indivíduos, desmotivação e falta de vínculo entre trabalhadores, gestão e usuários.
A valorização do trabalhador em saúde é essencial para que os profissionais sejam enxergados como seres humanos e não apenas como máquinas cumpridoras de escala. Profissionais valorizados emanam prazer em cumprir suas tarefas, entendem o trabalho como feliz missão, são empáticos com os usuários e reverberam uma atmosfera positiva, melhora na ambiência, que contribuem para mudanças de hábitos, práticas e melhoria na qualidade de vida pessoal, profissional, social, cultural e espiritual dos indivíduos envolvidos.
A valorização carece de uma gestão que compreenda sua equipe e as singularidades dos profissionais, que entenda que o profissional de saúde precisa estar com boa saúde mental para realizar suas atividades da melhor forma e isso terá como produto a qualidade do serviço prestado.
Entendo que inserir a PNH ao longo da formação dos profissionais é essencial para que seja introjetada desde o início da formação acadêmica, a importância dos diálogos entre os mais diversos setores e o fortalecimento da tríade gestão-usuário-trabalhador, além do entendimento da gestão compartilhada, integralidade e protagonismo do sujeito para que os serviços funcionem de forma adequada e satisfatória e para que haja a corresponsabilização durante todo o processo de construção do trabalho.