Visita Domiciliar utilizada como estratégia pedagógica para Estudantes de Medicina.
A visita domiciliar é utilizada na formação em Medicina, com foco na Metodologia Ativa da Problematização no Campus de Presidente Prudente. Existe uma parceria entre Academia e Serviço (UNOESTE e Secretaria Municipal de Saúde de Presidente Prudente), que proporciona inserção dos estudantes da Graduação Médica, como membros da Equipe Interprofissional, em oito Estratégias Saúde da Família (ESFs), localizadas nos Municípios de Presidente Prudente e Álvares Machado.
Como facilitadora do processo por meio do Portifólio Reflexivo, apresentado pelos acadêmicos, conseguimos identificar potencialidades e limites dessa estratégia educacional. O docente vai sinalizando, por meio da avaliação formativa, em processo, os avanços e os aspectos que merecem mais atenção, por parte dos aprendizes. A abordagem metodológica tem como referencial teórico os “Portifólios Reflexivos” da autora: Idália de Sá Chaves.
A Visita Domiciliar (VD), utilizada na ESF como uma estratégia educacional, para estudantes do Curso Médico, promove a ampliação da visão dos acadêmicos, futuros profissionais de saúde, inserindo-os na realidade comunitária. Esta aplicação, em situações reais, da Política Nacional de Humanização (PNH), com foco no Protagonismo do Usuário SUS, não pode ser vivenciada e apreendida apenas em sala de aula ou nos laboratórios da Faculdade de Medicina. Quando o estudante se programa para realizar uma Visita Domiciliar, analisando previamente o prontuário da Família, na ESF, ele é estimulado pelos, facilitadores, a entender que a VD favorece o contato, a observação e a vivência junto aos usuários do SUS. O acadêmico mergulha nos contextos de vida das pessoas visitadas no território adscrito à ESF. Esta visita também proporciona ao estudante uma oportunidade de aprender fazendo. O acadêmico associa a teoria com a prática e exercita as suas dimensões cognitivas, afetivas e psicomotoras, com foco na competência profissional.
O Currículo da FAMEPP/UNOESTE é orientado por Competências, a partir dos ditames das Diretrizes Curriculates Nacionais (DCNs) propostas pelo MEC em 2014. Os facilitadores perceberam que a realização da Visita Domiciliar pelos discentes colabora para o desenvolvimento e para o entendimento da “tecnologia leve”, ou seja, da possibilidade do desenvolvimento de boas relações entre a equipe e os usuários SUS. Alguns sentimentos podem ser mobilizados, nos acadêmicos durante a realização das VDs. Utilizamos o Arco de Maguerez, após a realização da VD para estimular a “Reflexão na Ação”. Alguns acadêmicos referem satisfação após realizarem as VDs, nos Portifólios reflexivos, outros ficam comovidos, impactados com o choque de realidade que vivenciam. Alguns referem impotência e frustração por não poderem desenvolver “mais ações de criação de ambientes saudáveis” nas residências visitadas.
Nos Portifólios, alguns acadêmicos relacionam as VDs aos aspectos de Promoção da Saúde e até citam a Política Pública relacionada. Outros associam a VD à ampliação da clínica, a um olhar ampliado para os fenômenos da saúde e para as diferentes possibilidades de conhecer a vida social dos usuários SUS. Alguns citaram limitações na realização das Visitas Domiciliares, enquanto estratégia educacional. Os aprendizes disseram que havia aspectos que mereciam mais atenção por parte do grupo, como por exemplo: o frágil planejamento da atividade. Disseram que precisavam se aprofundar mais, nas análises dos prontuários, antes de visitar as pessoas da comunidade. Além disso, nós também apontamos que deveríamos intensificar as discussões após as visitas, envolvendo os Agentes Comunitários, o Médico e a Enfermeira da ESF, nas reuniões pós VD. Acadêmicos também relataram, falta de conhecimento técnico adequado para realização da VD, a baixa capacidade de resolução dos problemas biopsicossociais dos usuários, e que isso também os incomodava.
Como Facilitadora lembrei que a visita domiciliar é uma atribuição de todos os componentes da ESF, ou seja, dos enfermeiros, médicos, dentistas, auxiliares de enfermagem e dos agentes comunitários de saúde. Dessa maneira, a VD permite aos integrantes da equipe interprofissional, que possam conhecer as condições de vida e saúde das famílias. Os integrantes da equipe podem analisar os hábitos das pessoas, bem como as relações entre os membros da família. A análise dos indicadores propicia à Equipe, observar os aspectos demográficos, sócio-econômicos e sócio-culturais, do território. A VD aproxima a equipe da ESF com as famílias. A criação de vínculos de respeito e confiança entre equipe da ESF e usuários SUS pode propiciar um planejamento mais eficaz para a execução das ações em saúde. O atendimento, com ampliação da clínica, melhora o aspecto assistencial e propicia educação em saúde para a comunidade.
Ao final, uma “Roda de Conversa Pós VD” com o grupo concluiu que a Visita Domiciliar permite ao Acadêmico do Curso Medico desenvolver um olhar ampliado para as Necessidades de Saúde dos usuários SUS que residem no território adscrito à ESF. O Arco de Maguerez, utilizado, permitiu uma reflexão, dos acadêmicos sobre esse processo de transição, presentes nos currículos tradicionais, com foco na doença, para uma nova formação teórico-prática voltada para a Promoção à Saúde, prevenção, recuperação e reabilitação do usuário SUS. A aplicação do Princípio da Integralidade do SUS, considera a pessoa atendida na ESF, como um todo, abordando suas relações com a vida social, além da análise dos aspectos psíquicos.
O estudante pode contribuir para o levantamento, o planejamento, a execução, o registro de dados e avaliação das ações desenvolvidas na ESF. Os participantes avaliaram como positivas as discussões relacionadas às Visitas Domiciliares, na ESF, com foco na Educação em Saúde para a Comunidade.
Referências:
“A visita domiciliar como estratégia pedagógica e seus sentidos para estudantes dos cursos de enfermagem, medicina e odontologia em um centro universitário do estado do Rio de Janeiro”
Disponível em:
https://www.google.com/url?sa=t&source=web&rct=j&url=https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/20528/1/861.pdf&ved=2ahUKEwiiz7eQ5OXyAhU9JrkGHS3kAQUQFnoECAcQAQ&usg=AOvVaw0M1qNlP8YV64kCTIVtHUIL
Acesso em 04 09 2021, às 19h 05min.
Por Alex Wander Nenartavis
Parabéns à Professora Larissa!
Fazia tempo que eu não lia um relato tão apaixonado por Visita Domiciliar como esse !
Facilitadora envolvida no processo de “aprender a aprender”.
Viva o SUS !