O Público e Privado na Saúde: interceptando as vivências

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A partir do filme “Sicko SOS Saúde” de Michael Moore e dos vídeos “Drogas e Cidadania” pude refletir sobre a necessidade de deixar as pessoas onde elas estão, ou seja, um mundo onde cada um tem o seu lugar, tem o seu papel e tem o seu saber estabelecido, um mundo onde cada um resolve os seus problemas e assume responsabilidades por si próprio, onde somente podem convergir para buscar um saber que está fora dos alcances, como por exemplo, usuários de drogas que somente precisam de ajuda quando interferem e atrapalham o funcionamento da sociedade, assim como a loucura e a doença, que precisa de um tratamento.
Assim, quando surge uma doença grave que precisa ser disponibilizado grandes investimentos, as pessoas lembram que precisam de outras pessoas, serviços e se deparam com uma rede que não funciona, pois todos se isolam nas especialidades e nas próprias responsabilidades com a finalidade de manter o capitalismo e não a qualidade de vida das pessoas.
Portanto, as pessoas são únicas e responsáveis por si externamente, nos seus papéis, mas internamente elas já estão definidas, pois sofrem pressão para cursarem os caminhos estabelecidos, sofrem pressão para ficarem onde estão e para falta de reflexão desse lugar, onde vão abdicar o desejo, a corresponsabilidade, a autonomia, a iniciativa e principalmente a inovação e a criatividade, assim impedindo a vivência e experimentação de outras possibilidades, silenciando e até mesmo inexistindo as questões internas.
Então, a tão presente subjetividade foi transformada em cada um por si, pelo seu comportamento, mas não por seus sentidos de viver e autoconhecimento, e muito menos pelo entendimento que a sociedade, em todas suas questões (políticas, artísticas, filosóficas, médicas…) unidas têm o poder de influenciar o desenvolvimento do desejo, consequentemente, do comportamento. No entanto, acredito que os comportamentos que desacomodam e tendem a produzir reflexões são os que atrapalham a sociedade e precisam ser excluídos, trancados e afastados.
Portanto, existe um ciclo de exclusão, ou seja, em cada época, algum grupo que transcreve a sociedade e produz reflexão é colocado á margem, precisando muita disponibilidade, energia e discussões para reestabelecer essas pessoas de volta. Mas para que haja uma mudança efetiva, acredito que precisa ser feita nesse paradigma de exclusão, essa busca pela normalidade e padronização, que enrijece argumentos de responsabilidade nos indivíduos sem que haja um contraponto na relação que a sociedade situa as pessoas, consequentemente, na relação que a pessoa situa ela mesma, que acaba por interceptar outras vivências e direcionar para um caminho pré-estabelecido.