DOAÇÃO DE ÓRGÃOS: TEMA DELICADO PARA SER TRATADO EM MOMENTOS AINDA MAIS DELICADOS

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Não há dor maior do que a perda de um ente querido. São sentimentos que não se explicam com palavras. E é justamente neste momento tão delicado que o sentimento de pesar pode ser convertido em alívio, em sensação do dever cumprido quando é ofertada aos familiares a possibilidade de doação de alguns órgãos da pessoa que há pouco os deixou.

            A possibilidade de doação de órgãos vai despertar sentimentos contraditórios e ambíguos nos que estão mais próximos, pois eles podem se apegar ao corpo e não querer que ninguém mexa naquilo que é sagrado; mas, ao mesmo tempo, de tanto que se comenta o assunto nos meios de comunicação e redes sociais, há uma predisposição a fazer o bem em prol de alguém que está precisando.

            A questão principal sempre será como abordar o familiar nesta hora, pois há urgência nos procedimentos que podem garantir a vida ou a sobrevida de quem recebe o órgão. Não há um momento apropriado, mas é preciso levar o responsável para um ambiente reservado e ir direto no ponto, falando da disposição que o falecido tinha, em vida, de dispor de seu corpo, quando for o caso; quando não houve esta comunicação com a família, apelar para o bom senso do familiar sobre a questão.

            O apoio psicológico dentro do Sistema Único de Saúde (SUS) é fundamental nesta hora e cabe aos profissionais da área a devida atenção com os familiares e o apoio em sua perda e na decisão de doar ou não os órgãos. Serenidade, respeito ao luto, capacidade de entender a dor do outro, empatia, são características importantes que devem ser trabalhadas antes de participar deste tipo de evento, pois nunca devemos passar a impressão de que estamos pressionando o familiar a fazer a doação, pois este é um ato espontâneo, que deve ser feito de coração aberto e livremente.

Maria Albina Maffini

Acadêmica de Psicologia

Faculdade Integrada de Santa Maria (FISMA)