Experiências num Conselho de Saúde: Gestão Participativa

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A experiência de recentes dois anos como funcionária num Conselho de Saúde tem demonstrado que múltiplos desejos e interesses emergem nesse lugar. Se algumas vezes colaboram para os pequenos avanços nesse árduo processo de contínua construção de políticas públicas no SUS, por outras colocam obstáculos nesse mesmo caminho.

Nesse espaço de participação temos visto, por exemplo, o quanto é importante ampliar a concepção do que é participação social. Constantemente escutamos que tal espaço se reduz apenas a avaliar e fiscalizar e vemos, tristemente, que ocorre uma caça por problemas. Por desacertos e denúncias que em muitas vezes só colaboram para enfraquecer o sistema ( não obstante a importância desses dispositivos também para o fortalecimento). Poucas vezes os verbos discutir, propor, elaborar e pensar são mencionados ou efetivados. Os resultados são tomadas de decisões que enfraquecem conquistas, tais como alteração em nomenclaturas que, nitidamente, remontam a ideia de que gestão é exclusividade de técnicos e descaracteriza o que é buscado por muitos brasileiros: o direito de propor, de definir e de garantir saúde. Torcemos para que tais iniciativas possam ser revistas!

Precisamos repensar nossos conceitos de gestão participativa por aqui. Ampliar nossa reflexão e compreender o quanto esse instrumento é importante na defesa da democracia. É um grande enfrentamento e convida os conselheiros de saúde a repensarem o seu papel e reencontrarem a essência de um conselho, espaço tão singular. Além disso, pensarem de fato a quem estão servindo e não abrir mão desse espaço tão potente e democrático que é um Conselho de Saúde.

Abraço e muita força a todos os funcionários e conselheiros de Conselhos de Saúde.

Auriceia Costa