O diagnóstico em saúde mental II
(veja a primeira parte deste texto em: https://redehumanizasus.net/node/10015)
Continuando…
E por falar em norma…padrão, forma, fôrma, parece-me que o diagnóstico seria conservador de "um" modo de ser – sempre o mesmo – posto que serve de padrão para o enquadre de qualquer indivíduo. As diferenças são consideradas acidentais, uma espécie de cereja do bolo.
Pensar em modos de ser como "norma", "normal", "universal" é fabricar um transcendente, uma referência exterior que regularia a vida "de fora" da própria vida. Lei, Ideal de ser, tipos psicológicos, tipos de personalidade, o "esperado para a idade", etc…Quanta vida é ceifada nestas abstrações? A vida concreta é pasteurizada nos tipos…
O sujeito diagnosticado passa a ter uma relação de dependência com o diagnóstico e, num efeito dominó, torna-se dependente de um remédio, uma identidade, uma "falta-a-ser". "Há saúde numa vida dependente?", pergunta-se Fuganti, inspirado em Nietszche e Spinoza. "Toda vida dependente é essencialmente doente!"
Dizemos a toda hora: "É uma histérica!", sucumbindo ao enfraquecimento e despotencialização das singularidades. Em nome de que???