UM CANTO AO HUMANO AMOR
Uma sensação de perda
Uma dor que arde na alma
Uma aflição e um lamento interior
Angustia que produz pensamentos de tristeza e desolação
Deserto sem oasis em meio a multidão
Por mais que seja previsível o fim
Não é normal quando um amor acaba
Não é normal não refletir
Não é normal não sentir
Não é normal fingir que não se sente
Mesmo quando a perda não envolve “o meu amor”
Toda perda de amor atinge “o nosso amor”
Todo amor faz parte do todo
Neste mundo marcado por perdas e danos
Causadas pelo meu e nosso humano desamor
Mesmo em meio a luz que reflete os raios de sol
De tantas lindas histórias de humano amor
A dor da ruptura do amor do outro
É também a minha e a nossa dor
Como não sentir que dói?
Como não doer?
Como entender um sentimento materno
Que motivado por uma sensação de proteção
Absorve alívio ante o fim de um grande amor?
O medo do risco de que “esse amor não vai dar certo”
Pode ser maior que a coragem ética de arriscar?
E o cotidiano que impõe rotina de grades psicosociais?
Que valores podem motivar o fim de um grande amor?
Seria pequeno o presumido “grande amor”?
Desejo de liberdade? Que liberdade?
O fim de um amor liberta?
Qual libertação?
Que tipo de amor prende e sufoca?
E quando o desejo de experimentar um "pseudo amor livre”
Impõe o fim de um grande amor?
Oh imprevisível mente humana
Que abdica de um grande amor
Por causa da eterna insatisfação que a consome!
Consome o amor que ontem parecia eterno
Que hoje virou inferno
Que amanhã poderá ser saudade
E possibilidade de recomeço
Parar para recomeçar…
Recomeçar do lugar que parou…
Mas fazer um caminho de volta para um grande amor
Significa juntar cacos e cacarecos
Na poeira do caminho…
Muitas vezes sozinho
Pode-se não recuperar no futuro
O grande amor que se deixou no passado…
Toda perda de amor é doída
Todo amor que acaba dói demais
Alegria e dor sempre vão rimar com amor
Alegria no começo
Dor no fim
Recomeçar?
A dor do fim nem sempre permite
Ver a “beleza e a riqueza que foi esse amor”
A raiva evolui para mágoa e decepção profundas
Ódio…Que não deixa abrir uma janela de possibilidades…
A luz do olhar de quem sofreu mais
Pode queimar o olhar do outro…
Oh amor humano
Tão encurralado pelas situações-limite
Dos intintos humanos!
Oh amor humano
Tão amesquinhado pelos valores efêmeros
Que não se fazem atos-limte de base infinita!
Oh amor humano
Tão possível quanto impossível
Na profusão do inédito viavel que haveria de ser!
Elias J. Silva – Poeta, Educador Popular e coordenador do Projeto Cirandas da Vida.