Ativismo político e tecnologia tática

16 votos

Os editores/cuidadores da RHS se reuniram na semana passada em São Paulo.

Glauco Paiva, artista e grande companheiro da Escola do Futuro da USP, achou que um certo documentário sobre "infoativismo" tinha a ver com a gente e encaminhou o link para o Felipe.

Felipe Andueza, administrador da RHS, concordou com o Glauco e publicou o vídeo num post: Táticas para transbordar informações em ações

O documentário é realmente muito interessante! Vale a pena dedicar uns 50 minutos para assisti-lo na íntegra…

Chama-se 10 táticas para transformar informação em ação e foi produzido em 2009 pelo Tactical Technology Collective.

Acredito que ele possa contribuir para um melhor entendimento de nossa experiência colaborativa na RHS, especialmente enquanto uma experiência de ativismo político. E potencializá-la!

 

Por essa razão, apresento, abaixo, um breve resumo destas 10 táticas:

1) Traga-os para a ação – mobilize as pessoas:
Nessa parte, o documentário relata experiências em que o vídeo e as redes sociais na web conseguiram mobilizar pessoas para a ação política.
No caso das redes sociais, mostra como pode ser especialmente vantajoso dispor de uma plataforma própria, como é o caso da RHS…
 
2) Alguém está olhando – testemunho e registro
Trata do uso de celulares e pequenas câmeras digitais e de como essas tecnologias, cada vez mais acessíveis, vêm transformando as perspectivas do ativismo político no mundo contemporâneo.
Mostra como esse novo contexto tecnológico também coloca questões éticas importantes, especialmente aquelas ligadas ao consentimento para a difusão de imagens que envolvam a denúncia de violações de direitos com exposição das vítimas…
 
3) Desenhe! – torne sua mensagem visível
Trata do uso de recursos visuais para expor ideias.
Em outras palavras, é uma conclamação à criatividade: não exponha suas ideias apenas com palavras e textos!
Destaca, em particular, o uso de animações e mapas…
 
4) Ninguém está escutando – amplifique histórias pessoais
Essa parte do vídeo é especialmente interessante para ampliar nossa compreensão de uma experiência como a RHS, pois fala sobre blogs e “comunidades de blogs”…
 
E o que é uma “comunidade de blogs”?
Cheekay Cinco, infoativista das Filipinas, nos fornece uma definição bem simples:
“Comunidades de blogs centram-se em uma questão particular e, normalmente, coordenam-se entre si para que, por um determinado período de tempo, escrevam todos sobre a mesma questão.”
 
Destaca como um blog é uma ferramenta potente para narrar histórias ao borrar a fronteira entre a conversa pessoal e pública…
 
5) Provoque um sorriso – adicione humor
Humor, amor.
 
6) Entenda suas conexões – gerencie seus contatos
Ou, em outras palavras, como manter e sustentar uma rede saudável?
Mostra que explorar todo o potencial de uma rede requer tempo e planejamento.
No caso da RHS, temos investido em fornecer algumas ferramentas para auxiliar na gestão das conexões e dos contatos: sistemas de notificação de novos conteúdos publicados; perfis dos participantes; tags e outros sistemas de classificação dos conteúdos; lista de e-mails; Boletim RHS; etc.
 
7) Simplifique! – como usar informações complexas
Faça com que as informações complexas sejam legíveis por seres humanos (“human readable”). Que elas façam sentido!
O vídeo dá alguns exemplos interessantes…
Uma maneira de organizar uma quantidade de informações muito grande e torná-las relevantes para as pessoas é situá-las nas localidades em que vivem, localizando estas informações num mapa.
Falar de “humanização do SUS” pode ser muito abstrato. Falar de práticas concretas que podem ser verificadas num serviço existente no lugar em que vivo é muito mais compreensível e faz muito mais sentido…
 
8) Relate ao vivo, em “tempo real” – use a inteligência coletiva
Parte muito instigante do documentário que relata como as tecnologias atualmente disponíveis (em especial, as chamadas tecnologias “mobile” = através de celulares) criam novas possibilidades de uso do “tempo real”, de promover ações do tipo “todo mundo junto agora!”
Aqui, o número de expressões em inglês é grande…
Flash mob (mobilizações relâmpago convocadas por celulares e internet), swarming (enxameamento), crowdsourcing (plataformas que permitem ação colaborativa em tempo real, como o Frontline que integra mensagens de texto por celulares (SMS) e internet) etc.
Deixo as palavras em inglês para que os interessados possam ampliar as informações sobre essas táticas pesquisando mais na internet. E dá-lhe "gúgol"!
 
9) Tecnologias que escutam – as pessoas fazem as perguntas
Tecnologias que escutam são tecnologias que respondem… Às necessidades individuais dos usuários!
Clama-se aqui por simplicidade técnica e design colaborativo!
 
10) Revele a verdade – investigue e mostre
Os exemplos do documentário dizem respeito, sobretudo, a situações envolvendo denúncias.
Mas, acredito que "mostrar o SUS que dá certo" é um outro modo de investigar e mostrar a "verdade", não é mesmo? Ou, pelo menos, de "desescondê-la"…

 

São estas, as 10 táticas, seja para quem não puder ver o vídeo na íntegra, seja para instigar a vê-lo, seja para iniciar uma conversa com quem já viu. Daí, ter tecido algumas rápidas aproximações da RHS com essa perspectiva das "tecnologias táticas"…