Discutir o aborto para abortar a Petrobras
Você é favorável a descriminalização da prática do aborto?
Você é favorável a institucionalização do casamento gay?
Nos últimos dias essa tem sido a tônica do debate eleitoral. As complexas problemáticas que este país precisa lidar ficaram repentinamente reduzidas frente ao que os candidatos pensariam a respeito dessas duas questões naturalmente polêmicas. Serra, de maneira ardilosa, deu a tônica e está pautando esse debate porque, na reta final de campanha, foi um dos elementos fundamentais para que acontecesse o segundo turno. Percebeu nele a tábua de salvação de sua candidatura para finalmente articular o leque conservador em defesa da tradição, da família e da propriedade!
Agora querem transformar o processo eleitoral numa cruzada cívica e religiosa. Milhões de pessoas estão perdendo o sono só de imaginar que casais gays possam ganhar certidões de casamento ou de que as mulheres agora poderão transformar o aborto num procedimento médico,
Ora, se reduzirmos o debate a isso estará feita então uma cortina de fumaça que esconde de fato o horror que Serra tem de discutir programa de governo, aversão de ter que ir a público e defender a privatização do SUS que está ocorrendo em São Paulo, a naúsea que José Serra tem de dizer em público sobre o que fará com a Petrobras ou o Banco do Brasil! Claro, isso o faria perder a eleição!
Ao tentar pautar o aborto na verdade se quer, caso vença as eleições, produzir o aborto das políticas públicas, destruir a racionalização do uso da máquina do Estado como articuladora e partícipe da distribuição de renda. Aqueles que promoveram a "privataria", aqueles que literalmente doaram o patrimônio público aos grandes conglomerados miultinacionais, perderam a chave do cofre! É isso que está em jogo dia 31 de outubro. Querem recuperar o controle da máquina pública federal para continuarem delapidando o patrimônio do povo brasileiro
Ao querer discutir casamento gay Serra não quer falar sobre como será a política externa do seu governo. Claro, nós já sabemos a julgar como foi no período FHC: o atrelamento dos interesses nacionais à vontade do imperialismo norteamericano, o fim de qualquer possibilidade de autonomização nacional.
Serra quer vencer essa eleição nos impondo o medo das mudanças morais. Aqui me lembro da velha frase de Einstein: é mais fácil quebrar o átomo do que modificar os preconceitos. Serra vencendo cumprirá suas promessas de campanha: nada de descriminalizar o aborto, nada de casamento gay! As famílias dormirão tranquilas sabendo que no presente não terão que lidar com estas "obscenidades". Mas, e quanto ao futuro? Resta saber o que ele não diz: quero abortar a Petrobras! Quero privatizar o banco do Brasil! Quero PRIVATIZAR O SUS!!
Por Rejane Guedes
Caro Erasmo.
Ouso impertinentemente traduzir como O SEGREDO DO MÁGICO, essa estratégia de desviar a atenção da ‘platéia’ enquanto o truque está sendo preparado.
São as manobras e estratagemas de um jogo repleto de movimentos que estão disfarçados aos olhos dos eleitores.
Como no filme DUNA, ( https://www.telacritica.org/Duna.htm) encontramos ‘planos dentro de planos’ que revelam a ocultação das intenções sub-reptícias nos discursos que bombardeiam a audiência nos veículos de comunicação.
Como sempre, seu post provoca um DESLOCAMENTO em meu pensar. Gosto disso!
Saudações pensativas.