Nuvens de ideias e física teórica
Tenho acompanhado o twitter mais atentamente neste período eleitoral. Como bom curioso sou "seguidor" de um grupo bem eclético. É impressionante a velocidade com que as idéias se disseminam. O impacto disso tudo sobre o fenômeno mais amplo da comunicação está para ser cartografado, pelo menos nos aspectos em que for possível pensar a realidade com nossos parcos recursos.
Isso me lembra dois conceitos da física teórica: o de horizonte de eventos e o de singularidade. Nas proximidades de um buraco negro, corpo celeste com infinita densidade, existe o horizonte de eventos. Um local onde se pode ficar preso sem nunca chegar ao centro do buraco negro e jamais sair dele: Uma infinita queda em direção ao nada. A singularidade está no centro do buraco negro. É aquele ponto infinitamente pequeno e infinitamente denso do qual nem a luz escapa. Não dá para pensá-lo. Não faz sentido racionalizá-lo. Nossas considerações a esse respeito não são suficientes, nem mesmo, possíveis.
Em tese, este fenômeno topológico do espaço/tempo pode acontecer com qualquer outro aspecto da vida social. Basta uma aceleração de eventos que tenda para o infinito e, voilá, temos uma singularidade. Um conjunto de eventos que escapa a possibilidade de construção de bordas de sentido ao longo de toda a sua fronteira, ou dimensão.
Parece ser o caso do ritmo e da aceleração com que a informação e a interação se processam na internet, horizonte de eventos, e especialmente em seu centro, no caso atual, o twitter.
Mas toda essa reflexão a cerca do que podemos incluir em uma fronteira humana de cognição em expansão é para registrar um fenômeno similar que ocorre aqui na RHS.
Temos uma aceleração na produção de posts, de ingresso de novos membros e de suas conseqüências. Pelo que observei há posts muito votados e pouco lidos, posts com muitos acessos e poucos ou menos votos. Uma fila constante de novas postagens, bem como um ressurgimento de textos adormecidos nas considerações dos novos membros.
Não dá para bater o martelo e definir, dentro das bordas de sentido das fronteiras que vamos empurrando, o que É que está acontecendo. Sei. Há outros pesquisando diferentes aspectos de nossa rede de interações político-afetivas. Mas não pude deixar de registrar estas impressões instantâneas, tecidas nos fragmentos dos instantes que compõe a experiência de sentir o mundo ao meu redor.
Estamos crescendo. Estamos nos tornado alguma outra coisa. Será emocionante, divertido e impactante descobrir o que nos tornaremos além do horizonte de eventos.
Por jacqueline abrantes gadelha
Marco!
Suas impressões sobre a RHS chegaram aqui iluminando; no momento em que revisito posts mais antigos e tenho também a mesma sensação: de que o tempo aqui é outro tempo; de que estamos, nesse tempo, nos tornando alguma "outra coisa", afetando-nos mutuamente, ganhando outras formas – trans formas.
Não consigo expressar "em que" estamos nos transformando, mas que estamos criando e re-criando algo muito belo e intenso aqui dentro, lá fora e entre nós, disso tenho certeza!
Beijos, belíssimo post!
Jacque