Práticas Pedagógicas em Saúde: Rede como Possibilidade de Criação
A partir da leitura do artigo intitulado “Práticas pedagógicas em saúde: rede como possibilidade de criação”, de autoria de Lucia Inês Schaedler e Maria Eliete de Almeida, foi-me dada a oportunidade de refletir acerca de algumas questões propostas pelas autoras.
O artigo traz contribuições a respeito de como os espaços terapêuticos produzem diversos efeitos de subjetivação, dentro de uma perspectiva das práticas pedagógicas. Assim, pensar a educação em saúde nessa perspectiva significa redesenhar, recriar e traçar novas configurações para as práticas em saúde. Penso que é necessário, para isso, que dentro dos espaços terapêuticos, os profissionais que compõe a rede se questionem a respeito de quais os efeitos da subjetivação que ali está sendo produzida. (Aqui, subjetivação pode ser entendida como produção de vida). Cabe a esses profissionais da saúde ampliar seu olhar sobre o sujeito e considerar os vários atravessamentos que o constituem, ao invés de buscar somente a eliminação do sintoma. Este tipo de prática, que frequentemente é observada, acaba por igualar os sujeitos e fazer com que prevaleça a medicalização e o uso quase que mecânico de técnicas e procedimentos. Além disso, torna esses locais de cuidado intolerantes às diferenças. Sabe-se que muitas vezes, o que o paciente precisa, para aliviar seu sofrimento é da escuta.
As autoras apontam ainda as redes como sendo potencialmente criadoras de novas possibilidades de atuação e a respeito da rede, citam Kastrup (1997): “ela não é definida por sua forma, por seus limites extremos, mas por suas conexões, por seus pontos de convergência e de bifurcação”. Trazem ainda, segundo este mesmo autor que “nenhuma delas pode ser caracterizada como uma totalidade fechada, dotada de superfície e contorno definido (…) é sempre capaz de crescer através de seus nós”.
Sendo assim, percebe-se que a união da educação com a saúde tem muito a oferecer aos profissionais e usuários do sistema, uma vez que os coloca diante de novas possibilidades de entendimento sobre saúde/doença. Portanto, o que resta é a criação, para que os tratamentos se tornem mais efetivos e principalmente, humanizados, fazendo com que o olhar dos profissionais se volte para a totalidade do sujeito que vem até ele em busca de auxílio.
18 Comentários
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Oi Iza, tudo bem?
Com certeza esta cegueira paralisa as práticas! E infelizmente essas práticas "cegas" ainda acontecem muito, mas acredito que irá mudar. E o Rede Humaniza Sus está dando um grande passo em direção à esta mudança.
Um grande abraço: Daiane Granada Martins.
Por Shirley Monteiro
Daiane,
Muito legal este tema que escolheu. Aqui mesmo voces estão potencializando esta Rede Virtual, criando novos pontos e nós de convergência, e linhas de fuga para o pensamento.
Educação e Saúde nos faz lembrar da transversalidade necessária para a formação dos profissionais de Saúde com olhares mais ampliados; isso está acontecendo na turma de voces, com certeza !! E isso nos deixa bem feliz de te-los por aqui; mesmo depois de concluida esta disciplina !!!
Educação Permanente em Saúde em Rede de afetos e trocas: é este o espaço da Rede HumanizaSUS.
Abraços,
Shirley Monteiro.
Oi Shirley, tudo bem?
Obrigada pelo comentário, fiquei muito contente com tuas palavras!
Felizmente a minha turma está tendo a oportunidade de aprender, desde o início da faculdade, a ampliar o olhar. Os professores nos estimulam muito e agora o professor Douglas nos deu está ótima oportunidade de conhecermos a Rede Humaniza Sus e podermos trocar ideias com pessoas que valorizam o ser humano!!
Com certeza, após o final da disciplina continuarei aqui!!
Um grande abraço: Daiane Granada Martins.
Por patrinutri
Cara Daiane,
A proposição de seu tema não só nos permite outras reflexões sobre o fazer em saúde, como também funciona como uma ação metaconectiva, ou seja que provoca em si mesma novas conexões tratada pelo próprio tema proposto.
Estas novas conexões se transversalizam pela proposta de uma outra forma de pensar a formação.
A Educação Permanente através da metodologia de promover a educação em serviço traz para dentro dos espaços de cuidado a formação sem entremeios. Esta conexão direta dos saberes com a ação, reinaugura a importância do encontro no trabalho em saúde .
Com isso, podemos resgatar não só maior articulação entre os integrantes das equipes de trabalho, como também fomentar um maior vínculo com os usuários do sistema de saúde.
Ao potencializar esta vínculo, abrimos caminho para a ampliação da clínica, para favorecer diálogos e exercer o conceito ampliado de saúde.
Além do mais, você nos traz com esta reflexão de leitura o viés da transversalização como ponto importantíssimo para o estabelecimento de novas conexões que acabarão por dar sustentabilidade a rede.
Obrigada pelas reflexões que dáo sustentabilidade a esta rede!
Bjs Patrícia S C Silva
Blumenau SC
Olá Patrícia!!
Obrigada pelo comentário! Acredito que a articulação dos integrantes da equipe é o primeiro passo para a ampliação da clínica e consequentemente, do conceito de saúde.
Um grande abraço: Daiane!
Olá Emília!!
Tudo bem? Obrigada pelo comentário… e parabéns pelo projeto. É, com cereteza,uma excelente maneira de fazer com que as crianças hospitalizadas retomem mais rapidamente suas atividades escolares, além de tais atividades serem potencializadoras da reabilitação!!
Um grande abraço, Daiane!
Oi Daiane,
Muito bom ler o teu post. Um escrita bem clara e com escolhas muito boas do que trazer para discussão (bem coisa de professor escrever, rsrs).
A Emilia comenta algo que eu estava pensando também qdo li. Na PNH passei a ter uma clareza maior acerca da indissociabilidade entre atenção e gestão… algum tempo depois, num outro texto, pensei que a essa dupla se articula a educação.
Pensando sobre as práticas que tenho e conheço no SUS, parece uma coisa obvia, mas infelizmente somos constituidos a partir de uma forma de pensamento que barra que percebamos a priori essas esferas como articuladas…
Abraços
Douglas
Oi professor!!
Obrigada pelo comentário!
Ao ler o texto achei muito interessante, pois comecei afazer conexões com os conteúdos estudados em sala de aula. As práticas pedagógicas remetem, entre outras coisas, à criatividade, que frequentemente o profissional precisa lançar mão para que suas práticas sejam eficazes. Me fez pensar ainda na clínica ampliada , que foi tão bem trabalhada da em aula!
Um grande abraço: Daiane!!!
Continução da avaliação…..
Oi Daia 🙂 tudo bem ??
Que sorte teve hein do seu artigo ser o escolhido para o resto do grupo falar… rsrsrsrssr
Vai ter mais trabalho né, mas se você olhar por outro ângulo será muito bom para continuar postando e começar a automatizar seu perfil de escrita. Parabéns pelo post e comentários ganhos também.
Este espaço como possibilidade de criação é muito rico, e temos sim que pensar nele como campo de reconstrução de vidas. Isso, se não fixarmo-nos apenas no sofrimento referido ao sintoma do sujeito. É preciso que a visão do profissional se amplie, de modo que ele perceba toda a estrutura envolvente entre sujeito-espaço (a estrutura concreta e , principalmente, subjetiva) e que esse profissional consiga apropiar-se desse contexto. Mas, essa produção de vida só será efetivada se todos os integrantes da rede ousarem e se arriscarem para tal possibilidade de criação.
Com essa fala , também, abro espaço para refletir a cerca do contexto de um CAPS. Já que parte do seu texto me relembrou o mesmo.
Grande Beijo Dai !!!
… e ótimo feriadão pra ti 🙂
Oi Nati!!
Esta questão que tu levanta á muito importante: não reduzir o sujeito ao seu sintoma! O sujeito que busca auxílio representa muito mais do que uma queixa, ele representa todo um contexto, que envolve o bio-psico-social. Ele é constituído de diversos atravessamentos e a partir do momento em que o profissional entra em contato com ele, passa a constituí-lo também.
Um beijão e feriadão, queridona!
Daia!!
Por Josiane Trojahn
Abraço amiga!!!
Olá Josiane! Com certeza acredito que é possível aliar saúde e educação. Penso também que não é necessário ficar tão preso ao conceito de saúde proposto pela OMS, e sim ter o olhar ampliado sobre o ser humano que necessita de uma solução para o seu problema. Assim, já daremos o primeiro passo para essa aliança, uma vez que uma coisa leva à outra. Ao ampliar o olhar e compartilhar saberes teremos a "criatividade" e as práticas padagógicas atuando lado a lado.
Um abração, Daiane!
Boa noite Daiane,
Essa junção saúde e educação, é uma oportunidade de aprendizagem de vida para os profissionais de saúde que lidam com sujeitos que buscam auxílio para suas queixas e que na maioria das vezes só querem sua atenção. "ser ouvido".
Precisamos de um olhar amplo sobre o ser humano.
Um abraço,
Oi Marinete!!
Este tema me chamou atenção logo que vi o texto… Essa articulação entre saúde e educação abre uma nova possibilidade de olhar para o sujeito… olha e ouvir!! Ouvir, às vezes, é remédio idela para aliviar o sofrimento.
Um grande abraço: Daiane!
Ola, colega Dai.
Adorei esse tema, pois è este olhar do sujeito como fazendo parte de uma sociedade e um grupo familiar que falta no âmbito terapêutico,o sujeito deveria ser visto como um todo,influenciado por vârios ambientes.
Acredito que quando esses profissionais de saúde deixarem esses pensamentos engessados e começarem a ter esse olhar e, principalmente, escutar o seu paciente vão ter mais prazer em trabalhar. Muitos sujeitos não vão mais sair dos consultórios com vârias receitas de medicação.
Bjs Dai
Oi Tanara!!
É exatamente esta a mensagem do texto. O olhar ampliado e o prazer em trabalhar é uma dupla que com certeza reduzirá a medicalização. É necessário tirar a venda dos olhos e se abrir para a escuta para que se crie uma nova form ade trabalho em saúde. E as prática spedagógicas estão aí para nos auxiliar neste caminho!
Que bom que temos a oportunidade de praticar esse olhar desde o início da faculdade, né?
Um grande beijo, Dai!
Por Maria Luiza Carrilho Sardenberg
Oi Daiane,
Precisamos mesmo estreitar os laços entre saúde e educação, pois se não o fizermos, correremos o risco de ficar numa cegueira que paraliza as práticas.
Iza Sardenberg
Coletivo de editores da RHS